Dia da Gastronomia Sustentável destaca produção local de alimentos

Da Redação

Neste 18 de junho, a ONU marca o Dia da Gastronomia Sustentável. Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, a gastronomia sustentável é a cozinha que leva em consideração a origem dos ingredientes, como os alimentos são cultivados e como chegam aos mercados e aos pratos.

A data procura reconhecer a gastronomia como uma expressão cultural relacionada à diversidade natural e cultural do mundo. Para a ONU, com a pandemia ainda em curso, a celebração de ingredientes e produtores sazonais, preservando a vida rural e tradições culinárias, é mais relevante do que nunca.

Segundo a FAO, um terço de todos os alimentos produzidos é perdido ou desperdiçado. Nessa tendência, o uso de recursos é insustentável, já que a população mundial deve chegar a 9 bilhões de pessoas até 2050.

A agência da ONU alerta que pensar a alimentação de forma saudável pode fazer a diferença na vida de pessoas, no meio ambiente e nas economias, sendo necessário mais cuidado no uso de recursos naturais do lado dos produtores e mais critério na escola dos alimentos por parte dos consumidores.

O Dia da Gastronomia Sustentável também destaca que o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 2 sobre zerar a fome até 2030. No entanto, a crise de alimentos atual, agravada pela guerra na Ucrânia, tem feito a insegurança alimentar se aprofundar pelo mundo.

A ONU alerta que, se as tendências recentes continuarem, o número de pessoas afetadas pela fome ultrapassará 840 milhões até 2030.

Segundo o Programa Mundial de Alimentos, PMA, a escassez de alimentos tem sido uma das principais causas dos fluxos migratórios na América Latina. A região abriga 11% da população em insegurança alimentar moderada e grave.

A tendência também é negativa em locais que sofrem com a seca, como o Chifre da África. De acordo com a ONU, a falta de chuvas já afeta mais de 18 milhões de pessoas, enquanto conflitos contínuos e insegurança fazem parte constante da realidade dos povos da Etiópia e da Somália.

Globalmente, 44 milhões de pessoas em 38 países estão em níveis de emergência, conhecidos como IPC 4 ou a um passo da fome. Mais de meio milhão de pessoas na Etiópia, Sudão do Sul, Iêmen e Madagascar já estão no nível 5 do IPC: condições catastróficas ou de fome.

A FAO faz algumas recomendações para que todos possam contribuir com a alimentação sustentável: apoiar produtores locais, experimentar comidas típicas de cada região, manter tradições culinárias e evitar o desperdício estão na lista.

Essas medidas fortalecem os pequenos comerciantes e suas comunidades e economias, impulsiona a conscientização na escolha de ingredientes e ajuda na proteção de recursos naturais.

Para a FAO, cuidar de alimentos e mercados locais significa que ajudar a preservar raízes culinárias e manter vivas as tradições culinárias.

Segundo um levantamento da agência, se a sustentabilidade fosse levada em consideração, uma mudança global para dietas saudáveis ajudaria a conter o retrocesso na fome, ao mesmo tempo em que geraria enormes economias.

A transformação permitiria que os custos de saúde associados a dietas não saudáveis, estimados em US$ 1,3 trilhão por ano em 2030, fossem quase totalmente compensados, enquanto o custo social relacionado à dieta das emissões de gases de efeito estufa, estimado em US$ 1,7 trilhão, poderia ser reduzido em até três quartos.

Ainda, o custo da importação global de alimentos está no caminho de atingir um novo recorde de US$ 1,8 trilhão neste ano, devido à alta nos preços e nos custos dos transportes.

Segundo relatório divulgado no início do mês pela FAO, o que mais preocupa é o fato de que “muitos países vulneráveis estão pagando mais caro para obter um volume menor de alimentos.”

Gorduras animais e óleos vegetais estão listados como os maiores fatores da alta no preço das importações de alimentos neste ano. A FAO nota que os cereais não ficam para trás, com países em desenvolvimento reduzindo as importações de cereais, oleaginosas e de carne, refletindo a incapacidade de lidarem com o aumento dos preços.

A produção mundial dos principais cereais deverá diminuir em 2022 pela primeira vez em quatro anos. A utilização dos cereais também será menor, especialmente com queda no uso de trigo, grãos e arroz.

Fome e imigração

Um número cada vez maior de pessoas ​​está arriscando suas vidas em rotas migratórias perigosas na América Latina. Elas são forçadas a deixar suas comunidades por causa da crise global de segurança alimentar. A ameaça de fome foi agravada com taxas altas de inflação e as consequências da guerra na Ucrânia.

A afirmação é da diretora regional do Programa Mundial de Alimentos na América Latina e Caribe, Lola Castro, que falou na semana passada a jornalistas em Genebra, na Suíça.

Lola Castro afirma que América Latina e Caribe já mostravam sinais de recuperação no final de 2021 e o número de pessoas em insegurança alimentar grave havia caído para 8,3 milhões após chegar a 17,2 milhões durante a crise da Covid-19.

Atualmente, dos 2,3 bilhões de pessoas em insegurança alimentar moderada e grave no mundo, 11% vivem em países latino-americanos e caribenhos.

Os dados mais recentes do PMA indicam que 9,7 milhões de pessoas estão em extrema insegurança alimentar nos 13 países, onde o PMA tem presença.

Segundo Lola Castro, a tendência aponta que esse número pode subir para até 14 milhões de pessoas, se aproximando dos níveis máximos alcançados no auge da pandemia.

Ela lembra que os preços do combustível e da energia são “um grande problema” para quem vive em condições precárias. Nos últimos dois anos, o custo no frete de uma tonelada de alimentos na região aumentou em sete vezes.

O efeito combinado de múltiplos fenômenos climáticos, com a pandemia em curso e a crise alimentar, de combustível e financeira ligada à Ucrânia criam dificuldades para atender a necessidade urgente de assistência alimentar nos países.

De acordo com a diretora do PMA na América Latina e Caribe, a deterioração das condições de vida deixou pouca opção as pessoas a não ser fugir de suas comunidades mesmo com risco de morte. Um desses grupos são migrantes haitianos que, durante a pandemia, foram para Brasil e Chile à procura de trabalho.

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