Cooperação Brasil-Portugal-Moçambique: o café da Serra da Gorongosa ganha o mundo

O Projeto Tricafé tem contribuído para a segurança alimentar e nutricional, a conservação ambiental e a formação de especialistas no país africano.

 

Da Redação

União. É o que o café representa para Pedro Muagura, administrador do Parque Nacional da Gorongosa, em Moçambique, onde se desenvolve o projeto “Produção Sustentável de Café no Parque Nacional da Gorongosa”. A ideia de produzir café na região surgiu com o propósito de reflorestar a Serra da Gorongosa quando a vegetação da região se encontrava devastada.

Muagura afirma que, no início, o projeto tinha como objetivo reflorestar a serra, mas foi ganhando cada vez mais espaço e, atualmente, o grão representa união, emprego, saúde, educação da comunidade que habita a serra. O café representa instrumento do processo de conscientização em torno da preservação do meio ambiente. Hoje, o café da Serra da Gorongosa é exportado para países como Irlanda, Inglaterra e Estados Unidos.

É também pela união que transcorre o Projeto Tricafé, significativo da cooperação internacional entre Brasil, Portugal e Moçambique. Unidas pelos princípios da cooperação Sul-Sul, as três nações comungam dos mesmos objetivos que têm impactado, desde o início, há 6 anos, a vida de mais de mil famílias produtoras que, direta ou indiretamente, trabalham na fábrica de café, na área onde estão as plantações.

No final do mês de setembro, a ABC (Agencia Brasileira de Cooperaçã0) e representantes das instituições que cooperam no projeto se deslocaram de seus países para participar da última reunião do comitê gestor da presente fase. A missão, que terminou dia 22 de setembro corrente, em Maputo, capital moçambicana, também realizou reunião do comitê técnico e discutiu resultados e desafios, assim como potencialidades para que nova fase tenha início. É a partir desse encontro que o projeto Tricafé pode ganhar sua fase II.

Participaram da missão ao país africano representantes da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), e da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores do Brasil (coordenadora brasileira da iniciativa), do Instituto Camões e do Instituto Superior de Agronomia (ISA).

O gerente de projetos da coordenação-geral de cooperação técnica e parcerias com países desenvolvidos, André Galvão, acredita que o projeto deverá ter continuidade. “Acreditamos no potencial de replicação das técnicas brasileiras de plantio do café para alcançar ainda mais produtores, inclusive em outros parques nacionais de Moçambique, com melhora significativa das condições de vida das comunidades que vivem ali”, afirma.

Fábio Partelli, professor da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e especialista encarregado de orientar os detalhes ligados à plantação do grão – como o espaçamento correto de plantas e sua adequada nutrição – lembra que o projeto inclui, igualmente, o apoio a estudantes moçambicanos que queiram se aprofundar no tema, por meio de curso de Mestrado, o que permitirá ampliar o impacto da iniciativa nos próximos anos, já que esses estudantes seguirão participando das atividades científicas no país.

Um outro legado do projeto é um guia publicado e lançado durante a missão de encerramento dessa fase, o “Guia Prático – Cultivo de café sob sistema agroflorestal em Moçambique”, documento de consulta e disseminação do conhecimento compartilhado durante a vigência da iniciativa. Construído conjuntamente, o guia apresenta passo-a-passo de todas as fases relacionadas à produção do grão.

Documentário

Na esteira da missão, o Núcleo de Comunicação da ABC pôde ver de perto – e registrar em detalhes – todas as fases da cadeia de produção do café, com entrevistas com diferentes atores do projeto, tais como funcionários do parque, técnicos que trabalham na fábrica, estudantes dedicados à pesquisa, produtores familiares, estudantes de Mestrado, assim como representantes das instituições financiadoras e executoras do projeto. Todo o material constituirá um documentário comemorativo dos 43 anos da cooperação Brasil-Moçambique e outro sobre o projeto “Produção Sustentável de Café no Parque Nacional da Gorongosa”.

Parque Nacional da Gorongosa (PNG)

Área de conservação situada na zona central de Moçambique, o PNG é considerado um dos parques com maior biodiversidade do mundo. Iniciado há 25 anos, o projeto de restauração da fauna e da flora, assim como da estrutura física apresenta diversas frentes de atuação, tais como conservação, ciência, ecoturismo, desenvolvimento sustentável, envolvimento da comunidade da região e, também, o projeto de plantio de café.

Projeto Tricafé. FOTO ABC

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