Considerada a melhor, a dieta vegana é a mais barata – associação vegetariana

Da Redação com Lusa

A Associação Vegetariana Portuguesa (AVP) contestou hoje a análise da Deco Proteste, que considerou a dieta vegana como a mais cara entre os regimes alimentares em Portugal, afirmando ser, afinal, a mais barata.

Na semana passada, a Deco Proteste considerou que a dieta vegana, seguida por pelo menos 12% dos portugueses, era a melhor para o planeta, embora fosse a mais cara entre os quatro regimes alimentares mais comuns, o que a associação contesta.

“Ao contrário do que transmite a Deco Proteste, os consumidores ‘vegan’ [veganos, em português] são os que menos gastam com a alimentação em Portugal”, afirma a AVP em comunicado.

Segundo a associação, na análise da Deco “constam hábitos alimentares que podem não corresponder à realidade”, como “um cabaz de supermercado com muitos substitutos lácteos”, alternativas veganas ao leite e ao iogurte.

A AVP cita um estudo realizado por três pesquisadores da Universidade da Beira Interior — Daniel Francisco Pais, António Cardoso Marques e José Alberto Fuinhas –, que concluiu que “quem opta por uma alimentação de base vegetal (mais concretamente, ‘vegan’) tem maior probabilidade de gastar menos dinheiro nas compras de alimentação”.

O estudo baseou-se em 1.040 inquéritos ‘online’ respondidos e os investigadores defendem também que adotar políticas alimentares que alinhem sustentabilidade e acessibilidade econômica pode ter um impacto positivo na promoção de dietas de base vegetal.

“O Governo português pode tornar a alimentação sustentável mais acessível e mais barata com alterações legislativas”, acrescenta.

De acordo com a AVP, mais de 60% dos consumidores veganos dizem gastar menos de 60 euros por semana com a alimentação — cerca de 240 euros num mês –, número que só é apontado por 32% dos inquiridos que segue uma alimentação onde entram carne, peixe, ovos e outros ingredientes de origem animal.

Observando os ovolactovegetarianos, 46% dos inquiridos responde que gasta menos de 60 euros com alimentação.

“Usando como termo de comparação a fatia de inquiridos que exclui carne, mas inclui peixe e outros subprodutos animais, 24% tem um orçamento semanal de 40 euros a 59 euros. Há também 24% dos vegetarianos inquiridos com um gasto semanal entre os 60 euros e os 79 euros”, frisa.

Nas conclusões, os investigadores afirmam que “os gastos com comida são mais elevados para os consumidores que incluem carne e peixe na sua alimentação, comparando com todos os outros consumidores analisados”.

“Estes reportaram uma despesa de 75,96 euros, o valor mais alto em comparação com outras dietas”, dizem, pondo em perspectiva o gasto de 62,35 euros de quem só come peixe, 68,6 euros dos flexitarianos, 59,39 euros dos ovolactovegetarianos e 47,78 euros dos veganos.

Olhando para a despesa fora de casa, os veganos, segundo a investigação, “continuam a ser os que menos dinheiro gastam”. Menos de cinco euros por semana, para metade dos inquiridos.

“O mesmo valor só foi apontado por 22% dos inquiridos que consomem carne, peixe e derivados de animais”, indica a AVP.

Na semana passada, a Deco, organização de defesa do consumidor, anunciou ter analisado os regimes vegano, ovolactovegetariano, mediterrânico e planetário (que pretende aliar dieta, saúde e proteção do planeta) e concluía que o primeiro era “o mais dispendioso, exigindo mais de sete mil euros por ano”.

A Deco explicava que os valores apresentados tiveram por base “um plano alimentar equilibrado para quatro pessoas (dois adultos, uma criança e um adolescente)”.

Em termos de custo, a mais barata é a dieta planetária, baseada em hortícolas, cereais integrais, leguminosas e oleaginosas e em que os laticínios e a carne vermelha são reduzidos a figurantes. O cabaz semanal desta dieta totaliza 120 euros, o da mediterrânica 127 euros, o da ovolactovegetariana 131 euros e o da vegana 142 euros, de acordo com a Deco.

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