Como a bagaceira em Portugal: Brasil tem sua Cachaça e um dia para celebrar

Da Redação

Ela dá origem à famosa caipirinha, possui uma legião de brasileiros apaixonados e encanta estrangeiros das mais diversas nacionalidades que vêm ao país. Criada no Brasil ainda no período colonial, a partir da destilação do caldo de cana-de-açúcar fermentado, a cachaça, cujo Dia Nacional é celebrado nesta sexta-feira (13), ostenta o título de Patrimônio Histórico e Cultural e contribui para a atração de visitantes a vários destinos brasileiros.

Ainda durante os tempos coloniais, a produção de cachaça era uma importante atividade econômica no Brasil, levando à redução do consumo de bagaceira, uma bebida alcoólica portuguesa similar, importada do país de origem. Preocupados com o brilho da aguardente nacional, em 1649, os portugueses decidiram proibir a fabricação e a venda de cachaça no território brasileiro.

Indignados com as cobranças de impostos e a perseguição gerada pela comercialização da especiaria, em 13 de outubro de 1661, proprietários de engenhos de cana-de-açúcar e de alambiques no Brasil se rebelaram, tomando o poder no Rio de Janeiro por cerca de cinco meses. O protesto levou a um dos primeiros movimentos de insurreição nacional, a Revolta da Cachaça, que motivou a definição da data dedicada à bebida.

Até o final de dezembro de 2018, o Ministério da Agricultura contabiliza 951 produtores de cachaça no país. A liderança é de Minas Gerais, seguida de São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro, responsáveis por mais de 70% da fabricação nacional. O país soma 3.648 registros da bebida, com destaque ainda para Paraíba, Paraná, Bahia, Santa Catarina, Goiás e Pernambuco. Clique aqui para conferir o Anuário da Cachaça no Brasil.

O Calendário Nacional de Eventos Turísticos, organizado pelo Ministério do Turismo, lista a oferta de festas alusivas à cachaça em todo o país.

Turismo

Apesar de o Sudeste concentrar o maior número de fabricantes, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, municípios de outras regiões despontam como grandes expoentes da tradição que envolve a bebida. Um deles fica no estado de Santa Catarina: a cidade de Luiz Alves, que, no ano passado, criou uma rota dedicada à ‘pinga’ e já acumula a conquista de prêmios mundiais por diversos rótulos.

O roteiro, que conta com 10 paradas num percurso de 25 quilômetros, desperta o interesse de viajantes. Vandrigo Wust, secretário da Associação dos Produtores de Cachaça Artesanal local, relata que a procura é variada. “A gente já teve visitantes do México, Canadá, Portugal, Luxemburgo e do Mercosul. Tivemos a visita de uma mexicana responsável por trazer a cerveja Sol ao Brasil, e ela se encantou”, comenta.

Outro exemplo de sucesso vem de Areia (PB). A cidade integra o Caminho dos Engenhos, que reúne ícones da civilização do açúcar. Maria Júlia de Albuquerque, proprietária de um deles, o Engenho Triunfo, comemora avanços conquistados com o turismo do gênero. “Já conseguimos receber cerca de mil pessoas por semana, e isso acarreta desenvolvimento econômico para toda a comunidade”, enaltece.

A maior fabricante do país oferece uma enorme gama de opções. Salinas, por exemplo, abriga um museu temático. Recentemente, a ‘marvada’ inspirou a criação de um circuito que congrega, além de Salinas, Taiobeiras, Rubelita, Fruta de Leite e Indaiabira. Os destinos respondem pela produção de rótulos como o Havana, um dos melhores do mundo. Já em Betim, o Museu da Cachaça guarda mais de dois mil exemplares.

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