Aumento de consumo vegetariano e vegano muda posicionamento de empresas

Da Redação

A crise do novo coronavírus mudou não apenas hábitos para quando saímos de casa, como o uso de máscaras e a higienização com álcool em gel, mas também fez com o que o consumidor ficasse mais atento com o que coloca no prato. Os motivos vão desde uma preocupação maior com a saúde até conscientização do risco de novas pandemias pela forma como os animais são tratados pela indústria alimentícia.

Pesquisa realizada pela Galunion e o Instituto Qualibest aponta que 75% dos consumidores gostariam de comprar comida gostosa, fresca e que ajudasse na imunidade e na saúde. A “Food Trends Report 2021” mostra também que 68% dos consumidores dizem que a preocupação com a sustentabilidade é uma tendência que permanece importante após o surgimento do novo coronavírus.

A conscientização do impacto ambiental que a produção de alimentos causa no planeta faz com que as pessoas queiram saber o que estão consumindo, de onde veio a comida e como foi produzida. Por isso, 33% dos consumidores afirmaram que as novidades apresentadas por produtos plant-based (em português, “à base de plantas”) são uma tendência.

A decisão de se tornar vegetariano ou vegano tem crescido muito nos últimos tempos. O último levantamento do IBOPE Inteligência sobre o tema, em 2018, apontou que cerca de 29 milhões de brasileiros não comem carne, o que representa 14% da população. Ainda, o Censo do Mapa Veg, que é constantemente atualizado e mapeia o crescimento do Vegetarianismo e Veganismo no Brasil, mostra que, hoje, 31 mil pessoas se enquadram na categoria vegetariana, vegana e simpatizantes, correspondendo a 19.051, 9.400 e 2.549, respectivamente.

Essa mudança no comportamento do consumidor fez com que empresas de alimentos adotassem linhas inteiras voltadas aos segmentos plant-based ‘sem carne e sem origem animal’ e ainda buscassem por certificações que validassem que o processo produtivo da marca está de acordo com os valores do movimento.

Dentro das empresas

O caso da Vapza Alimentos – empresa que produz alimentos embalados a vácuo e cozidos a vapor, que, em 2019, recebeu a Certificação Vegan Internacional, a empresa se preparou para essa mudança gastronômica e social. “Ser certificado internacionalmente como uma indústria que está atenta ao movimento é muito importante para a conquista de novos clientes e para abrir novos mercados a nível mundial. O veganismo e o vegetarianismo já possuem adeptos em diversos países, e isso potencializa nosso espaço comercial”, ressalta Welinton Milani, presidente da Vapza.

“A Vapza entende que o conceito de não ter procedência animal deve vir desde o primeiro momento e, por isso, a linha que produz esses itens é totalmente separada de outras que não têm a mesma particularidade. Ou seja, apenas vegetais e grãos são manuseados nesse local, permitindo à indústria a produção e venda de feijão, quinoa, soja, batata, beterraba, entre outros, que são destinados aos veganos, vegetarianos e simpatizantes desse lifestyle”, afirma Milani.

Há poucos anos, ainda era difícil para os adeptos do vegetarianismo e veganismo encontrar opções no mercado. Essa realidade, porém, tem mudado rapidamente recentemente. Hambúrgueres 100% vegetais já são fáceis de encontrar no mercado.

Os corredores de leite também ganharam versões da bebida feita com amêndoas, castanha de caju e vários outros vegetais.

A própria “Food Trends Report 2021” ressalta que as novas propostas do mercado de alimentos à base de vegetais buscam uma composição que una sabor, aroma e textura característicos da proteína animal. Isso porque, desta forma, a pessoa não precisa abrir mão do prazer associado ao alimento.

É exatamente esta a proposta da Vida Veg, empresa que visa produzir alimentos à base de vegetais que sejam gostosos e saudáveis. A nova aposta da marca é a ManteigaVeg, feita a base de castanha de caju e livre de colesterol, gorduras trans e lactose – atendendo outros crescentes grupos de consumidores: os intolerantes à lactose e alérgicos a proteína do leite. O produto também contém sal do himalaia e óleo de coco na composição e, segundo a fabricante, é fonte de vitaminas B6 e B12.

Entram no portfólio da empresa também os cremes estilo cream cheese, requeijões, iogurtes, queijos, leites vegetais e hambúrgueres. A empresa possui mais de três mil pontos de venda espalhados pelo Brasil e também uma loja virtual.

De olho nesse segmento, até um ‘fast food’ apostou num hambúrguer para agradar o paladar de quem deseja uma alternativa à proteína animal. Com textura, sabor e suculência semelhante a carne, lojas Bob’s de São Paulo e Rio de Janeiro também lançaram receita à base de plantas. O sanduíche foi pensado especialmente para vegetarianos e clientes que têm vontade de consumir um hambúrguer sem proteína animal, os chamados flexitarianos, segundo a empresa.

Primeiro foi lançada uma versão que remetia a proteína bovina, e depois do sucesso, lança agora uma versão semelhante ao frango, ambas a base de plantas. “Em ambos os produtos, tivemos um intenso trabalho de pesquisa para entregar sabor e textura semelhantes a carne e frango respectivamente ao consumidor. Foram testadas diversas receitas e formas de preparo até o hambúrguer chegar à consistência e sabor ideal”, completa Raquel Paternesi, diretora de Marketing.

De outro setor, no interior de São Paulo, o Vale do Sonho Hotel & Eventos mantém uma horta orgânica em suas dependências. O espaço de 300 metros possui uma produção orgânica que ajuda na complementação dos cardápios ofertados pela cozinha do empreendimento, e pretende chamar atenção dos clientes.

De lá, saem variados tipos de alface e outros alimentos como, couve, rúcula, abobrinha, cenoura, quiabo, azedinha, beterraba, chuchu, berinjela, cheiro verde, cebolinha, catalônia, almeirão, espinafre e ora-pro-nóbis. A horta do hotel também está produzindo cana de açúcar, pitaia, goiaba e mamão papaia. Existe um canteiro especial de folhas que diariamente são utilizadas em chás naturais, tais como: cidreira, hortelã, melissa e alfavaca, que estão sempre à disposição do hóspede.

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