Da Redação
Com Lusa
O ex-presidente do Brasil Lula da Silva anunciou dia 29 que vai processar a produtora norte-americana Netflix por causa de supostas mentiras propagadas pela série O Mecanismo, inspirada no escândalo de corrupção Lava Jato.
“Nós vamos processar a Netflix. Nós não temos que aceitar isso, e eu não vou aceitar”, avisou Lula da Silva, em Curitiba, cidade onde teve onde início em março de 2014 a operação policial Lava Jato e onde reside o juiz Sérgio Moro, que conduz o processo que levou à detenção de mais de uma centena de políticos e empresários.
Lula da Silva, que é pré-candidato à Presidência do Brasil, falava no encerramento de uma agitada caravana partidária que percorreu nos últimos dias o sul do país. O ex-metalúrgico foi condenado recentemente a 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito do chamado “caso triplex,” resultante da operação Lava Jato.
Lula tem repetidamente clamado inocência e apresentou recurso da condenação. Se a pena vier a ser confirmada antes do encerramento das candidaturas presidenciais pelo Supremo brasileiro, o ex-presidente terá os seus direitos políticos “cassados”, não podendo candidatar-se ao Planalto.
Dirigida por José Padilha, um dos mais conceituados realizadores brasileiros, a série estreou na passada sexta-feira a nível mundial, tendo sido mal recebida por diversas figuras da esquerda brasileira, sobretudo ligadas ao PT, o Partido dos Trabalhadores.
A série acompanha a investigação policial num período alargado (2003-2014), que coincide com as passagens pela Presidência da República de Lula da Silva e da sua sucessora, Dilma Roussef.
O Mecanismo retrata Lula e Dilma com nomes fictícios, atribuindo-lhes um conhecimento profundo dos mecanismos de corrupção que envolviam senadores, empresários e diversas figuras partidárias, da esquerda à direita.
Dilma já acusou a série de propagar “fake news”. Lula também a classificou de mentirosa. “Aviso que vamos denunciar [judicialmente] os responsáveis [da série] aqui ou em qualquer lugar” porque eles produziram uma peça que é mais uma mentira”, preveniu Lula.
Em Brasília, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) deve julgar no dia 4 o habeas corpus preventivo com o qual o ex-presidente quer evitar sua prisão após condenação pela segunda instância da Justiça Federal no caso do tríplex do Guarujá (SP).
Os 11 ministros que compõem a Corte devem agora entrar no mérito do pedido de liberdade de Lula, que não foi abordado no julgamento iniciado em 22 de março, quando o ex-presidente ainda tinha um recurso pendente de julgamento no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), com sede em Porto Alegre.
Após receber o salvo-conduto do STF, Lula teve seu último recurso na segunda instância, um embargo de declaração, negado pelo TRF4. Com isso, o julgamento do habeas corpus no STF tornou-se a última chance para que o ex-presidente consiga garantir o direito de continuar recorrendo em liberdade às instâncias superiores contra sua condenação por corrupção e lavagem de dinheiro, determinada em junho do ano passado pelo juiz Sérgio Moro e confirmada em janeiro deste ano pelo TRF4.