Estádios brasileiros não têm condições de receber jogos da Copa de 2014, aponta estudo

Alana Gandra
Da Agência Brasil
 

Escolhido pela Federação Internacional de Futebol (Fifa) como sede da Copa do Mundo de 2014, o Brasil não tem estádios em condições de receber um jogo compatível com o evento. A conclusão é de um estudo do Sindicato Nacional da
Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco) sobre a situação dos estádios existentes no país.

Os resultados foram obtidos com base em visitas de uma comissão de engenheiros e arquitetos especializados em projetos de complexos desportivos a 29 estádios em todos os estados do país, exceto o Acre. Segundo a entidade, o país tem muito a fazer nos próximos sete anos para atender às exigências da Fifa.

Diretor do Sinaenco e um dos coordenadores do estudo, Vicente Castro Melo ressalta que o levantamento aponta problemas que têm sido encarados “com vista grossa”. Essas questões incluem sanitários inadequados, vestiários de jogadores em condições precárias, dependências para o público sem conforto mínimo e falta de manutenção constante para evitar acidentes. “A gente constatou que a maioria dos estádios peca nesse sentido”, disse.

Mesmo os estádios mais novos precisam de ajustes. De acordo com Castro Melo, o Estádio Olímpico João Havelange, o Engenhão, construído para os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, não cumpre as exigências para uma partida de Copa do Mundo.

Apesar de considerar o prazo de sete anos até a Copa do Mundo no Brasil suficiente para as melhorias necessárias nos estádios, o especialista afirmou que a realização de obras complementares de infra-estrutura, como investimentos em
transportes, necessita de planejamento que deveria ter sido iniciado para poder ser finalizado a tempo para a competição.

Para receber um jogo de Copa do Mundo, os estádios precisam ter pelo menos 45 mil lugares. Os estádios das cerimônias de abertura e encerramento deverão ter capacidade superior a 80 mil pessoas. Levando em conta o custo de US$ 2 mil por
espectador, os investimentos necessários para construir um estádio giram em torno de US$ 90 milhões (nas instalações de menor porte) e de US$ 150 milhões a US$ 180 milhões (nos estádios maiores).

Castro Melo diz ainda que a maioria dos projetos será viável por meio de parcerias público-privadas (PPPs). Outra possibilidade é o financiamento das obras de modernização e construção de estádios por meio do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Segundo o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, existe espaço para esse tipo de linhas de crédito desde que os estados e municípios tenham autorização para tomar empréstimos e apresentem um plano de negócio consistente. “A gente tem apoiado o saneamento, a infra-estrutura urbana e o transporte coletivo. Por que não a infra-estrutura esportiva do país?”, questiona.

Para o diretor do Sinaenco, o pagamento desses financiamentos é viável com a exploração comercial dos estádios. “Os patrocinadores são fundamentais para garantir a execução do evento”, analisa. Os investidores estrangeiros, diz Castro Melo, também representam uma opção. “Eles estão interessados em administrar essas instalações porque a rentabilidade é muito boa.”

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