40 anos após, Portugal se classifica graças à “juventude” do veterano Figo

Emídio Tavares

Com um trabalho mais psicológico do que tático, Felipão conseguiu segurar o ímpeto do jovem Cristiano Ronaldo, e por isso o escalou para esta importante partida frente ao Irã.

João Abreu Miranda/Lusa

Ronaldo celebra com os colegas de equipa, Luis Figo e Nuno Valente, durante o jogo entre Portugal e Irã, partida do grupo D do Mundial de Futebol que decorre na Alemanha.

Mas jovem mesmo foi o futebol apresentado por Luis Filipe Madeira Caeiro Figo, nascido em Almada há quase 34 anos, mas que em campo jogou um futebol de menino, com garra, determinação e técnica apurada, correndo o campo de ponta a ponta, servindo, armando, desarmando, lançando, e concluindo ao gol.

Felipão, conforme prometido, realmente fez algumas mudanças no meio-campo, deixando-o mais consistente com as entradas de Maniche e Costinha, um pouco mais recuados; além de ter Figo na armação e Deco um pouco mais avançado. Voltaram para o banco Tiago, Petit e Simão.

Na defesa, manteve os mesmos que atuaram frente a Angola, com Ricardo no gol, Miguel e Nuno Valente nas laterais; Ricardo Carvalho e Fernando Meira no miolo de zaga.

Na frente, continuou com Cristiano Ronaldo e Pauleta.

Embora Portugal tenha dominado quase todo o jogo, com perto de 70% de posse de bola, a zaga, tentando muitas vezes fazer a famosa “linha burra” para deixar o atacante adversário em impedimento, quase foi surpreendida pelo ataque rápido (embora fraco tecnicamente) do selecionado iraniano; principalmente quando das decidas de Miguel, que apoiou bastante o ataque, mas sem o mesmo poder de recuperação na defesa.

Já Costinha cumpriu à risca a determinação de fechar o meio campo e destruir as jogadas ofensivas adversárias, revezando-se com Maniche nessa função, antes que os mesmos chegassem próximo da grande área portuguesa.

Porém Deco, talvez sentindo ainda a lesão que o afastou do primeiro jogo, pouco produziu em campo no primeiro tempo, o que fez com que Luis Figo se desdobrasse de forma competente e brilhante, durante os 90 minutos.

Como Portugal não conseguia concluir à meta adversária, mesmo com as jogadas bonitas e neste jogo um pouco mais objetivas de Cristiano Ronaldo, Felipão dava a impressão de que ao intervalo faria mudanças drásticas na equipe. Mas não o fez de inicio e voltou para a etapa complementar com o mesmo “onze” que entrou jogando.

A pressão do selecionado luso no segundo tempo manteve-se igual, porém com uma marcação mais atenta, impedindo surpresas nos ataques iranianos.

Aos 18 minutos, quando Figo destacava-se ainda mais em campo, e Deco, pelo contrário, caia de rendimento, o brasileiro naturalizado português recebeu passe “açucarado” do melhor em campo, e perto da meia-lua da grande área acertou um verdadeiro “canhão” na bola, mandando-a para o fundo das redes adversárias, e abrindo o placar para Portugal.

Cinco minutos depois, o técnico da seleção portuguesa sacou Maniche e em seu lugar fez entrar Petit.

O gol deu mais ânimo a seleção das cinco quinas, que partiu com tudo para o ataque tentando ampliar o marcador, e esqueceu um pouco da defesa. Num desses lances, o Irã armou um contra-ataque e numa cabeçada na pequena área quase empata, não fosse defesa importante de Ricardo; que imediatamente deu o troco, lançando a bola para frente, que por sua vez  acabou nos pés de Figo.

O maior craque da seleção portuguesa partiu pra cima do zagueiro adversário, fintando-o no lado esquerdo do bico da grande área e sendo derrubado inapelavelmente, aos 80 minutos de jogo. Penalidade máxima assinalada pelo árbitro e convertida por Cristiano Ronaldo, marcando assim o gol de numero 100 da era Felipão.

Aos 81 minutos Scolari trocou Deco por Tiago e aos 88, Figo por Simão Sabrosa.

Fim de jogo, e após 40 anos Portugal passa para as oitavas de final, mesmo ainda tendo o jogo da próxima quarta-feira frente ao México, que apenas definira em que posição a seleção portuguesa terminara esta fase.

Nas oitavas-de-final o adversário vira do chamado “grupo da morte”, sendo provavelmente Holanda ou Argentina.

E provando que não esta para brincadeiras, apesar de ter liberado neste sábado os jogadores para que pudessem jantar com suas famílias no hotel onde esta hospedada a seleção, a comissão técnica manteve o treino deste domingo, marcado para o meio dia (horário de Brasília).

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