Falta de turistas fecha 20 hotéis da cidade do Porto em 10 dias

Mundo Lusíada
Com Lusa

O presidente da Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP) informou nesta terça-feira que fecharam 20 hotéis na cidade do Porto nos primeiros 10 dias de novembro, representando 3.200 camas vazias, e apela a medidas de apoio.

“Na cidade do Porto, temos já cerca de duas dezenas de hotéis a encerrar, representando mais de 3.200 camas”, disse o presidente da TPNP, Luís Pedro Martins.

O responsável fez um apelo ao Governo para que reforce as medidas de apoio aos empresários do setor da hotelaria e da restauração.

“Apelo ao Governo para que não deixe de continuar a apoiar estas empresas e que vá adaptando à medida que as circunstâncias também forem mudando. Isso é muito importante. Sendo que o objetivo principal é mantê-las ativas ou preparadas para entrarem em operação a qualquer momento e a outra é manter os postos de trabalho”.

Luís Pedro Martins observou ser “necessário que existam medidas para que os empresários consigam manter os postos os postos de trabalho e para que consigam ter a sua atividade pronta a operar a partir do momento em que saiamos desta situação [de pandemia]”.

O Hotel Dom Henrique, unidade de referência na Baixa da cidade do Porto, suspendeu “temporariamente a atividade hoteleira desde 01 de novembro devido à falta de turistas”, confirmou hoje à Lusa o ‘front-office’ da estrutura.

Também o Hotel Infante Sagres, na Praça Filipa de Lencastre, está “encerrado temporariamente, devido ao contexto provocado pela pandemia covid-19 e medidas de prevenção da propagação do vírus”, confirmou fonte oficial daquele unidade hoteleira, referindo que os hotéis do grupo The Yeatman, em Vila Nova de Gaia, e o Vintage House, no vale do rio Douro, no Pinhão, continuam a “operar normalmente”.

Na cadeia hoteleira espanhola Eurostars, o Porto Douro, localizado na Avenida Gustavo Eiffel, encerrou na segunda-feira e o Hotel Exe Almada Porto, na Rua do Almada, fechou hoje, porque “não há turistas na cidade” devido à pandemia e às novas restrições do Governo, disse à Lusa um dos funcionários da recepção do Eurostars Porto Centro Hotel, que ainda está aberto.

O Vila Galé Porto, localizado junto à estação de metro Campo 24 de Agosto, o Hotel Teatro, na rua Sá da Bandeira, o Hotel Inca, na Praça Coronel Pacheco, em Cedofeita, são outras unidade que optaram por encerrar este mês na cidade do Porto.

O Governo anunciou no fim-de-semana passado o recolher obrigatório entre as 23:00 e as 05:00 nos dias de semana, a partir do dia 09 de novembro e até 23 de novembro, nos 121 municípios mais afetados pela pandemia, sendo que, durante os próximos dois fins de semana, o recolher obrigatório se inicia a partir das 13:00 nos mesmos 121 concelhos.

Em 11 de outubro, e com o aproximar da época baixa para o turismo, questionada pela Lusa, a presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), Cristina Siza Vieira, admitiu que havia alguns grupos hoteleiros que já tinham sinalizado a intenção de fechar algumas unidades devido à falta de procura.

Segundo uma estimativa rápida divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), em 29 de outubro, a atividade turística não terá recuperado em setembro, tendo registrado 1,4 milhões de hóspedes e 3,6 milhões de dormidas, o que corresponde a quedas de 52,2% e 53,4%, respectivamente.

Rio Douro

Depois de anos sucessivos de crescimento, o turismo fluvial no Douro sofreu um “duro golpe” por causa da pandemia de covid-19. As embarcações turísticas estiveram paradas entre março e junho/julho e, neste momento, são poucos os operadores que ainda mantêm a atividade.

Segundo dados fornecidos na segunda-feira à agência Lusa pela APDL, entre janeiro e outubro de 2020 transitaram na via navegável 225.893 passageiros, um número que representa uma quebra de 78% face ao período homólogo do ano anterior.

De acordo com a gestora da via navegável, 77% destes passageiros circularam em cruzeiros na mesma albufeira, 16% em embarcações marítimo turísticas (onde se inclui os cruzeiros de um dia), 4% em embarcações de recreio e pesca e apenas 2% viajaram em navios hotel, tipologia que registou uma quebra de passageiros de 94% relativamente ao mesmo período de 2019.

Os turistas que este ano visitaram o curso fluvial do Douro foram, maioritariamente, de nacionalidade portuguesa, francesa e alemã.

Protestos da restauração

O movimento de cidadãos “A Pão e Água”, que organizou no dia 09 uma manifestação no Porto contra as novas restrições na restauração no combate à pandemia, anunciou que os protestos regressam na quarta-feira em Aveiro e na sexta-feira em Lisboa.

Pedro Correia Maia, um dos impulsionadores do movimento “A Pão e Água”, avançou à agência Lusa que a luta do setor da restauração, contra as novas medidas governamentais de combate à pandemia, vai continuar, estando já previstas para esta semana concentrações em Aveiro e em Lisboa.

Mais de uma centena de cozinheiros, empregados de mesa e de bar e donos de restaurantes protestaram, na Avenida dos Aliados, contra as novas medidas de restrição no setor da restauração anunciadas pelo primeiro-ministro, António Costa, gritando “queremos trabalhar, temos contas para pagar” e questionando se a “cura tem de ser a morte para os restaurantes”.

O presidente do CDS-PP já alertou que o recolher obrigatório, especialmente ao fim de semana, pode ter um “impacto devastador” na restauração e no comércio. A proibição de circulação na via pública entre as 23:00 e as 05:00 em dias de semana e, nos próximos dois fins de semana, a partir das 13:00 é aplicada nos 121 concelhos considerados de risco elevado de transmissão.

Em Bragança, as restrições impostas pelo estado de emergência são encaradas como “um murro no estômago” pelos dois chefes de cozinha com distinção Michelin, que estão praticamente parados numa região onde a gastronomia é dos principais chamativos.

Mesmo com a pandemia, os fins de semana ainda eram de negócio tanto para Luis Portugal como para Óscar Geadas, mas passaram a sinônimo de “cancelado” e “o mesmo que encerrado” com o recolher obrigatório decretado para sábado e domingo a partir das 13:00.

“Quando vemos entrar dois clientes fazemos uma festa, não se vê gente na rua, o castelo está desolador”, descreveu Luis Portugal, defendendo que restaurantes “têm um papel e um peso tão grande no desenvolvimento turístico dos concelhos”, e que não entende como é que “em termos locais os autarcas não se pronunciam”.

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