Mostra sobre Saramago no Metrô-DF abriu Dia da Língua no Brasil

Da Redação com agencias

O dia 5 de maio em Brasília foi um grande encontro de homenagem à Língua Portuguesa, idioma com 265 milhões de falantes no mundo. Nesta quinta-feira, na Estação Galeria do Metrô-DF, autoridades, artistas, estudantes e representantes diplomáticos se encontraram para exaltar o quinto idioma mais difundido do mundo e escritor português José Saramago.

Pilar del Río, viúva do escritor e presidente da Fundação José Saramago, marcou presença na inauguração de exposição, em sete estações de metro da capital brasileira, intitulada “A Bagagem do Viajante”, sobre encontros de José Saramago com autores e artistas brasileiros.

Na Estação Galeria, fica o painel de abertura da exposição, o maior deles, com 3,97 m de largura e 1,96 m de altura, que retrata Saramago com diversas personalidades da cultura e da arte brasileira, como Jorge Amado, Chico Buarque e Oscar Niemeyer, entre outros artistas e personalidades.

A mostra é uma iniciativa da Embaixada de Portugal no Brasil e do Camões – Centro Cultural Português em Brasília, que teve parceria do Metrô-DF, por meio do Escritório de Assuntos Internacionais do Governo do Distrito Federal (EAI-GDF), da Secretaria de Educação e da Unesco.

A abertura contou ainda com a participação do presidente do Metrô-DF, Handerson Cabral, que recepcionou as autoridades do GDF; os embaixadores de Portugal, Luís Faro Ramos, e de Angola, Florêncio Almeida; da Unesco, além dos responsáveis pelas celebrações que marcam o centenário de Saramago.

Handerson Cabral, recebeu os presentes com um breve discurso de acolhida. “É uma honra muito grande fazer parte deste evento tão especial para a nossa cultura e contribuir para disseminar a literatura de Saramago, tão importante para a língua portuguesa. Sintam-se todos abraçados”, disse.

A presidente da Fundação Saramago, Pilar Del Río, agradeceu a todos os presentes, aos leitores, aos escritores de língua portuguesa do passado e do presente. E fez um importante e breve discurso simbólico, mostrando os valores que escoram a Fundação Saramago: “Queremos atravessar o tempo da maneira mais humana possível. E para isso necessitamos políticas honestas, direitos humanos preservados, participação cívica ativa”.

E fez uma exaltação ao Português: “Um futuro que nos anima a seguir encontrando-nos é o português, língua que amamos, forte, sonora, construtora de paz e entendimento, harmoniosa em poesia e melodias, fonte de humanidade”.

Encontro com os estudantes

Na abertura da exposição, falaram ainda a diretora do Setor Cultural da Unesco no Brasil, Isabel de Freitas Paula, que valorizou o idioma como um instrumento de mais tolerância entre os povos, e o presidente da Assembleia Legislativa de Portugal, Augusto Santos Silva. Ele destacou o aspecto vivo e a diversidade do idioma, presente em tantos países, que acrescentam intervenções e novos sentidos.

Augusto anunciou ainda a doação do painel da Estação Galeria para o Metrô-DF, para que ele fique permanentemente exposto. “Que seja o início de uma travessia para que todos que transitamos no Metrô-DF de Brasília também carreguemos Saramago em nossa bagagem”, disse.

Após a cerimônia, todos embarcaram no trem do Metrô-DF, ao som do saxofone do músico Robson Machado, com destino à Estação 106 Sul – Cine Brasília. Lá, em frente ao painel de exposição, professor e alunos do Centro do Ensino Médio da Escola Industrial de Taguatinga (Cemeit) fizeram uma homenagem ao escritor.

A seleção e apresentação dos textos é da responsabilidade do comissário-geral para as comemorações do centenário do nascimento de José Saramago, Carlos Reis, e as ilustrações da autoria de Pedro Amaral, Nathalie Afonso, Carlos Farinha e Mathieu Sodore.

A exposição fica em cartaz até 31 de julho e tem painéis nas estações Galeria, Cine Brasília (106 Sul), Shopping, Águas Claras, Praça do Relógio, Ceilândia Centro, Samambaia Sul. As obras originais ficarão expostas na Embaixada de Portugal também até 31 de julho.

Ato de Amor

A presidente da Fundação José Saramago declarou à agencia Lusa que estar no Brasil a celebrar os 100 anos do nascimento de José Saramago no dia das celebrações do Dia Mundial da Língua Portuguesa “é um ato de amor”.

“É um ato de amor estar aqui no Brasil, Saramago vinha sempre que podia ao Brasil”, contou à Lusa à margem de um debate no auditório Camões da Embaixada de Portugal em Brasília entre Pilar Del Río e Carlos Reis.

“Penso que é um abraço entre duas pátrias, a pátria portuguesa e a pátria brasileira, que têm o mesmo idioma”, considerou, afirmando que existem “muitas formas de falar português e nenhuma tem uma primazia sobre outra”.

“Saramago dizia: eu quero ler Machado de Assis, ou Jorge Amado, tal como eles escreveram, com a sua sonoridade e com a sua musicalidade”, explicou.

“Há um português mas muitas formas de falar”, questionada sobre os recentes relatos de xenofobia denunciados por brasileiros que residem em Portugal.

Quem pensa o contrário, disse, “usa o dogma para ir contra outras comunidades, tem um problema e devia corrigi-lo, talvez devia ir ao psiquiatra”. “Os idiomas pertencem às sociedades e cada um se expressa da sua maneira e ninguém é dono de um idioma”, concluiu.

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