Brasil e Portugal coordenam projeto de produção sustentável de café em Moçambique

Da Redação

A primeira reunião do comitê diretivo do projeto trilateral “Produção Sustentável do Café no Parque Nacional da Gorongosa em Sistema Agroflorestal Integrado no Contexto da Deflorestação, Alteração Climáticas e Segurança Alimentar” aconteceu em setembro, em Moçambique, para avaliar as atividades desenvolvidas nos últimos dois anos de projeto e para planejar as ações para 2020.

A iniciativa de cooperação técnica, que tem como objetivo implementar um sistema de produção de café sustentável no Parque Nacional da Gorongosa, promover o agronegócio e aumentar o rendimento e a segurança alimentar das famílias rurais da região, é coordenada pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e pelo Camões – Instituto da Cooperação e da Língua de Portugal, e implementada tecnicamente pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e pelo Instituto Superior de Agronomia (ISA) da Universidade de Lisboa.

Durante a reunião, os representantes do Brasil, de Portugal e de Moçambique confirmaram o compromisso de realizar encontros anuais de coordenação do projeto, além de aperfeiçoar o processo de comunicação e circulação de informações entre os parceiros, com informativos e divulgação das ações de forma integrada nos respectivos canais de comunicação.

Durante a visita da equipe técnica aos campos de café e às instalações de fábrica de processamento, as equipes técnicas foram informadas de que a administração do parque iniciou testes de adaptabilidade de variedades de caju com o intuito de avaliar a viabilidade de introduzir a cultura nas lavouras das famílias que vivem na região.

“A exemplo do café, o caju cumpriria o propósito de favorecer o reflorestamento e proporcionar alternativas de renda aos agricultores familiares”, disse o gerente de projetos, Matthew Jordan. As delegações do Brasil e de Portugal vão avaliar a capacidade de prestar apoio técnico ao cultivo do caju.

O administrador do Parque da Gorongosa, Pedro Muagura, informou que o desenvolvimento do projeto já despertou o interesse de outras zonas de conservação de Moçambique. “O parque da Gorongosa irá compartilhar informações sobre a experiência com a Reserva Nacional de Chimanimani, na província de Niassa”, disse. E convidou os parceiros brasileiros e portugueses a examinar a viabilidade de estender a cooperação a outras áreas de conservação.

Capacitações

A professora Ana Ribeiro, da Universidade de Lisboa, Informou que estão sendo formados sete técnicos moçambicanos em diferentes níveis de graduação, incluindo doutorandos e mestrandos na Universidade. Portugal também foi responsável pela capacitação de técnicos moçambicanos para atuarem no laboratório de genética molecular e ecofisiologia no Parque da Gorongosa. Esse treinamento já permitiu implantar, no laboratório, rotinas de controle da qualidade do café e de análise dos solos, além de constituir uma base de dados do projeto.

O professor da Universidade Federal do Espírito Santo, Fábio Partelli, informou que experimentos com nove variedades de café, duas das quais nativas da região do parque, estão sendo realizadas com o objetivo de identificar quais materiais genéticos melhor se adaptam às condições agroecológicas da zona de abrangência da iniciativa.

Durante 2017 e 2018 duas missões de intercâmbio de experiências e treinamento de técnicos moçambicanos aconteceram no Brasil. Os treinamentos criaram condições para a atualização das técnicas de manejo aplicadas pelos agricultores assistidos, com resultados positivos não só para a produtividade da lavoura de café, mas também das culturas alimentares plantadas em consórcio com o cafezal.

A equipe técnica do Parque da Gorongosa tem feito esforços para diversificar os canais de comercialização e da agregação de valor do café da Gorongosa. Nesse sentido, uma marca foi desenvolvida para o produto, e, também foram abertas negociações para a comercialização do café com selo ecológico com uma grande empresa de cafés em cápsulas.

O gerente de projetos da ABC, André Galvão, informou que está prevista para 2020 a confecção de um manual de boas práticas da cultura e manejo do café na Gorongosa. A próxima missão de monitoramento dos resultados do projeto ocorrerá em novembro de 2020.

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