Sem eventos e renda, ano de 2020 preocupa associações portuguesas de São Paulo

Mundo Lusíada

A pandemia do novo coronavírus parou a economia, o turismo mundial, parques industriais, a produção mundial e restringiu as interações sociais, escolares e familiares ao redor do planeta. Diversas empresas já sentem essa paralisação, assim como diversas instituições que realizam trabalho na área cultural e social.
Dentre elas, estão as atividades da comunidade portuguesa, com cancelamentos de todos os eventos previstos nos seus calendários para as datas máximas de comemorações nos próximos meses.
As casas portuguesas de São Paulo permanecem fechadas, e todas estão sentindo as dificuldades para manter as contas em dia durante este período. Muitas utilizam locação de espaço para eventos para conseguir fechar as contas do mês, o que não está acontecendo desde a decretação do isolamento. Em entrevista ao Mundo Lusíada, o presidente do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira de SP declarou que “institucional e culturalmente, os prejuízos são irreversíveis”.
Na última semana, a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas divulgou programa sobre o apoio social aos cidadãos lusos no estrangeiro, que tem sido prestada através da linha covid-19, e pela linha de emergência consular, e contatos disponibilizados pelos consulados e embaixadas locais.

LAR DA PROVEDORIA
Em São Paulo, a principal preocupação da comunidade portuguesa é com o Lar de Idosos da Provedoria da Comunidade Portuguesa, que atende idosos brasileiros e portugueses e sobrevive sobretudo pela ajuda dos compatriotas lusos. Nesta semana, a entidade comandada por Oscar Ferrão informou que durante a pandemia de Covid-19 a direção optou pelo isolamento dos idosos residentes “para protegê-los”.
No entanto, a situação de quarentena atual acabou por acarretar despesas “que não estavam programadas no orçamento já tão curto e deficitário da instituição” informou o órgão. “Nossos funcionários estão sendo protegidos e monitorados, dia e noite, para a proteção de todos. O trabalho e as despesas na instituição não param” traz a nota assinada pelo presidente (provedor), pedindo a colaboração e doação da comunidade portuguesa. “Qualquer ajuda. Seja solidário com os idosos portugueses”.
Neste sentido, o deputado Paulo Porto solicitou apoio aos portugueses carenciados da diáspora, em audiência com o ministro dos Negócios Estrangeiros.

CASA DE PORTUGAL DE SÃO PAULO
A casa mater da comunidade portuguesa em São Paulo, que tem grandes receitas mas grandes despesas, espera retomar suas atividades internas após o decreto de quarentena instituído pelo governo do Estado. “Estou a espera que abra a questão do isolamento previsto para 11 de maio, e vou abrir a casa para trabalhos internos, a secretaria vai ligar para os clientes e teremos um ponto de situação” disse ao Mundo Lusíada o presidente Antonio dos Ramos.
O presidente da Casa de Portugal de SP espera voltar a receber eventos entre julho e agosto, que não foram desmarcados. “Vamos ver como será, nós temos um ‘colchão econômico’ até agosto, mais ou menos, a nossa despesa é grande, entramos no ano bem, mas não estou tranquilo de jeito nenhum, porque esse tempo é complicado”.
Ramos acredita que a situação vai depender dos tradicionais apoios. “Mas não vai ser fácil, espero que nos últimos três meses do ano que dê para tocar o trabalho. Nossos recursos financeiros até agosto aguentam” disse o presidente citando que a situação será muito difícil depois desse período “sem faturar nada”.
Antonio dos Ramos planeja oferecer descontos para o aluguel de espaços na realização de eventos na casa, para conseguir retomar os trabalhos antes do previsto.

CASA ILHA DA MADEIRA
Na Casa Ilha da Madeira de São Paulo a situação também se mantém paralisada. “Nós estamos fechados, estamos trabalhando com uma só pessoa lá para atender. A festa que teríamos em maio foi cancelada, faremos evento talvez em julho, mas temos que aguardar os acontecimentos” contou ao Mundo Lusíada o presidente da casa Manuel Dias Bittencourt.
“No geral, é um problema para todas as casas porque ficam sem receita, de festas e de aluguel de salão, foram cancelados muitos eventos, casamentos, aniversários, isso dificulta muito. Acho que todas as casas estão passando por um momento muito complicado, durante esse período. Mas estamos levando e vamos aguardar os acontecimentos, e em julho vamos verificar se conseguimos fazer nosso aniversário”, diz Bittencourt, lembrando que a comunidade não teve casos conhecidos de vítimas da doença. “No demais, está tudo bem, estamos sempre em contato com a comunidade, graças a Deus no nosso meio não teve ninguém que teve problema de saúde”.

CASA DE PORTUGAL DO ABC
No ABC, a Casa de Portugal permanece fechada e deixou todos os funcionários de férias para ter mais “fôlego para pagamento” disse o presidente Carlos José Rodrigues. “Os eventos foram todos cancelados e a nossa casa depende muito de aluguel de salão, nós temos um espaço muito bonito que alugamos para casamentos, aniversários, alugamos também para outras entidades que fazem festa lá, então foi tudo cancelado”, disse ele lamentando estar parado todo este tempo.
A expectativa do presidente é o retorno das atividades o quanto antes. “Estou esperando que até 15 de maio tudo volte a atividade porque se não voltar a coisa vai ficar feia, não vamos ter dinheiro para aguentar uma situação dessas. Estou falando da nossa casa e de onde eu trabalho, está difícil. Estou com muita fé que tudo volte ao normal” diz Carlos Rodrigues relatando ao Mundo Lusíada estar preocupado porque as reservas disponíveis da Casa de Portugal não dura por muito tempo.

PORTUGUESA SANTISTA TEM A PIOR SITUAÇÃO NA BAIXADA
No litoral paulista, existe uma situação “grave” na Portuguesa Santista, com as consequências causadas pela epidemia, segundo o jornal “A Tribuna”. No último dia 24 de abril o presidente Antonio Carlos de Abreu Ribeiro demitiu o técnico Sérgio Guedes e toda sua comissão técnica, além disso, a Portuguesa deverá fazer um acordo de desligamento com cerca de 17 jogadores, todo o grupo demitido tinha contrato até 30 de abril.
No clube só não foram demitidos, três atletas com contratos para mais de uma temporada. O acordo e as negociações devem acontecer assim que entrar o dinheiro da TV (da Série A-2 do Campeonato Paulista). Segundo a direção do clube, após a decisão da Federação para o desfecho do campeonato, a briosa decidirá como montar uma equipe contando com sua base.

EM CAMPINAS PROJETOS FUTUROS SERÃO ALTERADOS
A Casa de Portugal de Campinas também está com seus funcionários em férias durante este período de isolamento social em que a entidade permanece fechada. “Estamos só realizando pagamentos, cancelamos festas, em abril tinha festa de aniversário do rancho folclórico, e em maio, jantar de dia das mães, além de diversos compromissos associativos cancelados. Claro que sem eventos não existe receita, mas meus antecessores fizeram boa gestão de caixa, de forma que estamos a honrar os compromissos. Mas os projetos futuros tendem a sofrer modificações e alongamento de prazos” disse o presidente Vagner Vieira ao Mundo Lusíada.
A sua estimativa a princípio é retomar as atividades em junho, com as tradicionais festas juninas e julinas na Casa de Portugal de Campinas. “E segue o nosso calendário, agosto, setembro, outubro e novembro têm festas. Não quero imaginar que esse processo vai se alongar além desse mês que estamos entrando, e também não quero falar de tristeza, mas de esperança, tenho fé que as coisas voltarão ao nosso dia-a-dia sem medos ou restrições”, finalizou ele.

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