Presidente do Brasil cancela encontro com presidente português em Brasília

Mundo Lusíada com Lusa

O Presidente Jair Bolsonaro cancelou o encontro agendado para segunda-feira em Brasília com o Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa. Segundo avançou a CNN Brasil, o presidente brasileiro disse: “Resolvi cancelar o almoço que ele teria comigo, bem como toda a programação”.

Bolsonaro disse ainda que o cancelamento surge porque Marcelo Rebelo de Sousa “teria uma reunião com o Lula [da Silva]”, na residência oficial do Cônsul-Geral de São Paulo, no domingo de manhã.

As dúvidas sobre o cancelamento da reunião entre os dois chefes de Estado começaram a surgir na imprensa brasileira na quinta-feira à noite. Segundo a imprensa brasileira, Bolsonaro teria ficado irritado ao saber do encontro entre Marcelo e Lula e determinado a suspensão da reunião com o Presidente português no Palácio do Planalto.

Marcelo Rebelo de Sousa saiu nesta sexta-feira de Lisboa, para o Rio de Janeiro num voo especial da TAP para assinalar o centenário da travessia aérea do Atlântico Sul por Gago Coutinho e Sacadura Cabral.

Numa visita, programada para até segunda-feira, o Presidente português tem na agenda visitas ao Rio, no sábado, e no domingo a São Paulo para se encontrar com antigo Presidente do Brasil e candidato às presidenciais Lula da Silva e com ex-Presidente Michel Temer, seguindo depois para Brasília para se recebido pela terceira vez em Brasília.

Já a campanha do ex-presidente Lula da Silva confirmou à Lusa o encontro com Marcelo Rebelo de Sousa. “Vai encontrar-se com ele no domingo com todo o prazer”, na residência oficial do Cônsul-Geral de São Paulo, disse fonte da campanha de Lula da Silva.

“Da nossa parte a gente trata as questões com diplomacia e educação”, frisou a campanha de Lula, lembrado que no ano passado, em julho, os dois já se tinham encontrado, também no Brasil. O mal-estar de Bolsonaro surge a pouco menos de 100 dias de se realizarem as eleições presidenciais.

Esta será a sexta deslocação de Marcelo Rebelo de Sousa enquanto Presidente de Portugal ao Brasil, onde esteve no início de agosto de 2016, seu primeiro ano de mandato, para a abertura dos Jogos Olímpicos, deslocando-se também a São Paulo e Recife nessa ocasião.

Mesmo programa

O presidente português confirmou que parte para o Brasil “com o mesmo programa” que tinha previsto, incluindo Brasília, dando a entender que o convite de Jair Bolsonaro para um encontro na segunda-feira não foi oficialmente retirado.

Se isso vier a acontecer “não é um drama”, considerou Marcelo Rebelo de Sousa, que desvalorizou as consequências deste incidente nas relações bilaterais defendendo que são acima de tudo entre os dois povos.

Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, antes de embarcar para o Rio, informou a Lusa.

O convite de Bolsonaro para um encontro seguido de almoço no Palácio Itamaraty, em Brasília, na segunda-feira, surgiu depois de já ter marcada esta deslocação ao Brasil, com passagens pelo Rio e por São Paulo, referiu o Presidente português.

No sábado, no Rio, Marcelo Rebelo de Sousa vai intervir e descerrar uma placa numa sessão comemorativa dos cem anos da travessia aérea do Atlântico Sul, na zona portuária no centro da cidade.

O Presidente da República terá ainda uma recepção à comunidade portuguesa, no consulado geral português, em Botafogo, antes de seguir para São Paulo, onde estará na abertura oficial da 26.ª Bienal Internacional do Livro, que nesta edição tem Portugal como país homenageado.

Voo especial

No voo especial da TAP para celebrar a travessia aérea do Atlântico Sul feita há cem anos, o avião que leva Marcelo Rebelo de Sousa é um Airbus A330neo decorado com a cruz de Cristo e batizado de “Santa Cruz” – o mesmo nome do hidroavião Fairey III com que em 1922 os dois oficiais da Marinha fizeram a última parte da viagem e chegaram ao Rio de Janeiro.

No voo seguem também a presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, e o presidente do conselho de administração da empresa, Manuel Beja.

Da parte do Governo, vão neste voo o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, e o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Francisco André.

“Este voo da TAP celebra a coragem e a visão destes heróis portugueses e a união entre as duas nações”, lê-se num comunicado da transportadora aérea nacional.

A TAP repete, cem anos depois, o “voo histórico” de Sacadura Cabral, piloto, e Gago Coutinho, navegador, que “abriu caminho às viagens aéreas com precisão científica graças a uma inovação de um simples sextante adaptado a um horizonte artificial”.

“Marcou para sempre a aviação moderna, numa aventura de 4.527 milhas que ligou pela primeira vez, pelo ar, Lisboa e o Rio de Janeiro e, para sempre, Portugal e o Brasil”, refere a companhia aérea.

Em 1922, Sacadura Cabral e Gago Coutinho fizeram “mais de 60 horas de voo e oito escalas”, em três hidroaviões – “Lusitânia”, “Portugal” e “Santa Cruz” – numa aventura iniciada em 30 de março e concluída em 17 de junho. Cem anos depois, a TAP realiza “a mesma viagem, mas sem escalas, em cerca de oito horas”.

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