Crise e carências podem limitar participação de luso-venezuelanos nas eleições para o CCP

Da Redação com Lusa

A crise econômica e social que afeta os portugueses radicados na Venezuela pode vir a limitar a participação nas próximas eleições para o Conselho das Comunidades Portuguesas, marcadas para o próximo 26 de novembro, alertou um conselheiro.

“Tecnicamente a participação da comunidade devia aumentar, porque se temos agora um recenseamento automático e um maior número de eleitores, devia aumentar, mas é uma eleição presencial, e as pessoas terão de se deslocar muitos quilômetros para participar, e sinceramente, eu não posso criticar as pessoas por não o fazerem. Se não têm muitas vezes dinheiro nem para comer, como é que vão participar nisso”, disse Fernando Campos.

Em declarações à agência Lusa, em Caracas, o conselheiro das Comunidades Portuguesas explicou que um dos temas que os conselheiros tinham sugerido para a recente modificação da lei “era a implementação de um voto de eletrônico à distância”.

“Lamentavelmente não houve consenso, no seio da Assembleia da República, dos partidos políticos, e especificamente no seio da maioria absoluta, porque temos que o dizer, porque é um partido de maioria absoluta, tinha uma voz importante”, disse o conselheiro, lamentando que nem será feito o teste de que falavam.

Segundo Fernando Campos o teste seria feito em França e essa prova, mesmo num só país, “poderia ser muito útil para situações futuras”.

“Se as pessoas (na Venezuela) não têm (dinheiro) para comer, como é que se vão deslocar centenas de quilômetros o fazer”, questionou, sublinhando que “ninguém vai fazer”.

O conselheiro explicou que apesar dos “anitos de demora” foi importante modificar a legislação, ainda sem cumprir todas as expetativas, sendo necessário agora cumprir com o processo de inscrição das listas”, que acredita vai ser mais difícil.

“Neste momento, e precisamente um pouco contra daquilo que queria o Conselho das Comunidades, a inscrição das listas tem de ter uma paridade de gênero de 50/50. Sabemos que é sempre uma incomodidade e um tema difícil (…) nós não estávamos de acordo com isso e nem sequer na Assembleia da República existe tal paridade”, disse.

Fernando Campos sublinhou ainda que no passado a paridade era de 60/40, mas a alteração “vai complicar muito a situação”.

“E, atenção, isso não é nenhum comentário machista, de maneira nenhuma. Nós sabemos que a participação das mulheres sempre tem sido um bocadinho mais difícil”, disse, precisando que está ainda a tratar de entender o que a nova lei porque, considerou, há “algumas coisas que não estão bem claras sobre as inscrições nas listas”.

Sobre o atual CCP, disse que o atual presidente, Flávio Martins, do Rio de Janeiro (Brasil), dinamizou e transformou profundamente os trabalhos de um conselho que “neste momento está muito revalorizado e prestigiado”.

Fernando Campos considerou que o atual CCP “trabalhou muito bem” e que quase conseguiu que fosse duplicado o orçamento, o que deu a possibilidade de fazer, inclusive, reuniões, das secções locais.

O conselheiro entende “a questão social” como “o ponto mais importante” no caso da Venezuela e da África do Sul.

Fernando Campos exemplificou que “a Venezuela perdeu muita gente até na classe média”, e que hoje até os que estavam mais folgados passam sérias dificuldades econômicas e de saúde.

“Falando também do tema da segurança na Venezuela, ao longo deste mandato (…) lembro-me que ao princípio a insegurança era um tema muito escabroso, inclusive tínhamos aqui um adido de segurança”, disse.

A situação, disse, abrandou nos últimos dois anos, “mas está novamente a aumentar, é preciso ter mais cuidado”.

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