MNE português rejeita que tenha havido verdadeira eleição na Rússia

Da Redação com Lusa

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal considerou neste dia 18 que o aconteceu na Rússia e nos territórios ucranianos ocupados no último fim de semana “não tem dignidade” para ser chamado de eleições e rejeitou que o Presidente, Vladimir Putin, saia reforçado.

“Nós não devemos dignificar este acontecimento com o nome de ‘eleições’. Eleições aconteceram em Portugal no dia 10 de março, acontecem nos países democráticos, aquilo que aconteceu na Rússia não tem a dignidade para merecer esse nome”, disse João Gomes Cravinho no final de uma reunião em Bruxelas, a última enquanto ministro dos Negócios Estrangeiros português.

O governante criticou “o paradoxo das ditaduras”, que têm “necessidade de procurar legitimarem-se internacionalmente e internamente através de exercícios de farsa” que “não têm nenhum tipo de credibilidade”.

João Gomes Cravinho considerou que há um “aspecto acrescentado de ilegalidade nas províncias ucranianas onde as autoridades russas ocupantes realizaram” as ditas eleições, rejeitando que se deva reconhecê-las e que “o mesmo se aplica à Transnístria e as regiões ocupadas na Geórgia”.

“Se [Vladimir] Putin tivesse demonstrado que era capaz de se bater de igual para igual […], talvez merecesse essa ideia de sair mais forte, mas um ditador que precisa de eliminar os seus rivais para ganhar eleições não creio que se possa considerar que sai mais forte”, completou.

Também o secretário-geral da OTAN/NATO, Jens Stoltenberg, afirmou que as eleições presidenciais russas, ganhas por larga margem pelo atual chefe do Kremlin, Vladimir Putin, não foram livres nem justas.

“As eleições na Rússia não foram nem justas nem livres”, afirmou Stoltenberg durante uma conferência de imprensa conjunta em Tbilissi com o primeiro-ministro da Geórgia, Irakli Kobajidze, no âmbito da sua visita aos três países do Cáucaso do Sul.

Na véspera das eleições, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) afirmou que para haver eleições livres e justas seria necessário haver concorrência, listas diferentes, um debate aberto e uma imprensa livre e independente.

“Mas não há imprensa livre e independente na Rússia”, frisou.

A Comissão Eleitoral Central da Rússia informou que, com quase 100% de todos os distritos eleitorais contados, Putin obteve 87,29% dos votos, tendo quase 76 milhões de eleitores votado no Presidente russo, o maior número de votos de todos os tempos. As eleições presidenciais começaram na sexta-feira e terminaram no domingo.

Sobre o conflito na Ucrânia, Stoltenberg frisou que a Aliança Atlântica também considerou “ilegais” as eleições nas regiões ucranianas anexadas por Moscovo, como Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia.

Putin denunciou na véspera que os soldados da NATO já estão a combater na Ucrânia e a morrer “em grande número”.

Stoltenberg aproveitou a ocasião para considerar que são “absolutamente ilegais” as ações da Rússia na Ucrânia e nas repúblicas georgianas separatistas da Abcásia e da Ossétia do Sul, cuja independência foi reconhecida por Moscovo em 2008.

“A Geórgia é um dos parceiros mais próximos da NATO, apoiamos a soberania e a integridade territorial da Geórgia. A Ossétia do Sul e a Abcásia fazem parte da Geórgia”, acrescentou.

Stoltenberg sublinhou ainda a validade da Cimeira da NATO de Bucareste, realizada em 2002, que abriu a porta à possibilidade de a Geórgia vir a integrar a Aliança Atlântica.

“A Rússia está a seguir uma política imperialista”, afirmou, sublinhando a importância de aumentar o apoio à Ucrânia, que enfrenta atualmente uma situação difícil no campo de batalha face ao avanço das forças russas.

Stoltenberg acrescentou que, com o chefe do Governo da Geórgia analisou hoje as questões de segurança do Mar Negro.

“Esta é uma questão que diz respeito tanto à Geórgia como à NATO. Com o nosso apoio, a Ucrânia está a atacar a frota russa no Mar Negro”, concluiu.

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