Apagão: Pequenas e médias empresas exigem apoio após “milhares de euros de prejuízos”

Um agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) auxilia os automobilistas no Campo Pequeno às escuras devido ao apagão que afeta Portugal de Norte a Sul e outros países europeus, em Lisboa, 28 de abril de 2025. ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

 A Confederação Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas (CPPME) exigiu neste dia 29 apoios após estas contabilizarem “milhares de euros de prejuízos em diversos setores”, após o apagão elétrico que atingiu Portugal na segunda-feira.

“A CPPME exige do Governo imediatos fundos de reforço às tesourarias para sustentabilidade das Micro, Pequenas e Médias Empresas”, refere uma nota hoje divulgada pela confederação empresarial.

No entender da confederação, a avaliação que tem sido feita “já permite contabilizar milhares de euros de prejuízos em diversos setores”, destacando-se o da restauração.

Um corte generalizado no abastecimento elétrico afetou na segunda-feira, desde as 11:30, Portugal e Espanha. Aeroportos fechados, congestionamento nos transportes e no trânsito nas grandes cidades e falta de combustíveis foram algumas das consequências do “apagão”.

O operador de rede de distribuição de eletricidade E-Redes garantiu hoje de manhã que o serviço está totalmente reposto e normalizado.

Aeroportos

“A operação nos aeroportos portugueses está a decorrer com normalidade, com todos os sistemas operacionais a funcionarem”, adiantou a gestora aeroportuária, em comunicado.

No Porto e em Faro, as operações decorrem regularmente, ainda com alguns impactos relacionados com os voos cancelados ou atrasados do dia anterior, enquanto no aeroporto de Lisboa a “recuperação dos voos de ontem [segunda-feira] apresenta maiores desafios, mas a situação está controlada”, detalhou a ANA.

A gestora dos aeroportos indicou também uma elevada afluência nos balcões das companhias aéreas, para reagendamento de voos, e de serviços de assistência em terra (‘handling’), para entrega de bagagens.

Assim, indicou, está a ser implantado, no aeroporto de Lisboa, um plano para tratamento das bagagens articulado com as várias entidades, sendo que “os passageiros vão começar a ser contactados pelas companhias aéreas com informação sobre a entrega da sua bagagem”.

Hospitais

A atividade normal das unidades de saúde foi retomada hoje e as situações não urgentes que tiveram de ser adiados na segunda-feira, por causa do apagão, estão a ser remarcadas para os próximos dias, garantiu a Direção Executiva do SNS.

Em comunicado, a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS) diz que as 39 Unidades Locais de Saúde (ULS) e os três IPO (Instituto Português de Oncologia) acionaram os respetivos planos de contingência na sequência da falha de energia e “garantiram que todos os recursos estavam concentrados nas respostas urgentes e essenciais para os utentes”.

Diz ainda que as maiores dificuldades sentidas foram ao nível do abastecimento de combustível para os geradores, nomeadamente no Hospital dos Capuchos e na Maternidade Alfredo da Costa, bem como a necessidade de substituição de um gerador na ULS da Guarda, que se conseguiram solucionar.

Nesta terça-feira, todos os hospitais privados já têm a eletricidade restabelecida, apesar de ainda haver alguns problemas informáticos que deverão ser resolvidos até ao final da manhã, anunciou hoje a Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP).

Depois de “um dia muito difícil” e de “uma noite com alguma tensão”, o presidente da APHP, Óscar Gaspar, disse que hoje “as coisas estão a entrar na normalidade”, havendo eletricidade em todos os hospitais.

“Ainda há alguns problemas com alguns sistemas informáticos, nomeadamente de ligação entre os hospitais privados e outras instituições, mas aquilo que me é referido é que tudo tende para a normalização até ao final da manhã. Portanto, depois do pesadelo de ontem, acho que hoje foi um acordar bastante sereno”, declarou.

Óscar Gaspar relatou que muitas equipes tiveram de trabalhar “horas e horas extra” e “dar o máximo” para garantir que tudo estava a funcionar, considerando que, neste momento, “o balanço é positivo”.

Questionado se o corte de energia, que se prolongou por várias horas na segunda-feira, causou prejuízos, como por exemplo a nível de medicamentos que necessitam de refrigeração, o responsável disse que esse apuramento ainda não foi feito.

“Aquilo que aconteceu é que, obviamente, tivemos de garantir que aquilo que era essencial estar a funcionar estivesse. Outro tipo de atividades que podiam ser adiadas acabaram por ser. Agora em relação a outro tipo de disrupção da atividade, para já não tenho conhecimento”, sustentou.

Segundo Óscar Gaspar, uma das preocupações foram os geradores que tinham capacidade para “suportar quatro a seis horas e o apagão foi bastante maior do que isso”, tendo sido necessário abastecê-los de forma extraordinária durante a tarde e durante a noite.

“Houve necessidade de ter acesso a combustível extra”, disse, adiantando que “houve instruções a nível nacional para haver um racionamento” dos combustíveis e, nesse aspeto, “foi importante haver coordenação da Direção Executiva do SNS de maneira a que o fornecimento dos hospitais privados também acontecesse”.

Óscar Gaspar admitiu que o apagão de segunda-feira foi um enorme desafio para os hospitais.

“Os hospitais têm de funcionar 24 horas por dia e precisam de ter eletricidade e precisam de ter uma temperatura controlada para os doentes. E portanto têm de estar acauteladas estas rotinas. E, neste momento, ainda a quente, a única crítica que acho que deve ser feita é que, para já, não temos protocolos conhecidos”, salientou.

“O episódio de ontem, que todos esperamos que tenha sido apenas um episódio, acho que nos deve levar a pensar de forma mais estruturada”, disse, comentando: “As coisas acabaram por correr bem, porque à boa maneira portuguesa, todos fizemos das tripas de coração e todos soubemos organizar-nos para resolver os problemas. Agora, as coisas não estavam definidas de forma correta”.

Entretanto, a Luz Saúde anunciou que está normalizada a atividade em todos os seus hospitais e clínicas e que as consultas, exames e outros atos que não foram realizados, estão já a ser remarcados.

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