Sindicato pede medidas para evitar êxodo de enfermeiros do Serviço de Saúde de Portugal

Da Redação com Lusa

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) alertou, na quarta-feira, para a necessidade de medidas que retenham profissionais no Serviço Nacional de Saúde e evitem um novo êxodo para unidades privadas ou para o estrangeiro.

O SEP realizou dia 31 uma conferência de imprensa junto ao Hospital Garcia de Orta, em Almada, no distrito de Setúbal, para denunciar esta situação.

Segundo Zoraima Prado, dirigente do SEP para a área de Setúbal, os enfermeiros estão em exaustão e só no Hospital Garcia de Orta dos 78 enfermeiros 63 pediram para sair dos serviços onde estão por essa razão.

Mas a realidade deste hospital, que deveria ter uma equipe de pelo menos 130 profissionais, adiantou, é uma amostra do que se passa em todas as unidades hospitalares do país e em muitos casos os enfermeiros acabam por sair não só do SNS como de Portugal.

“Todos os serviços hospitalares estão com um déficit de 40 por cento dos enfermeiros”, frisou Zoraima Prado em declarações à agência Lusa.

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses considera que a saída de profissionais do SNS e consequente falta de meios contribuem para a elevada mortalidade constatada e alertou para novos problemas criados em algumas Unidades Locais de Saúde.

A título de exemplo, o SEP adianta que a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo não acautelou a vinculação de enfermeiros com vínculo precário e não finalizou o processo de avaliação e progressão de muitos dos enfermeiros, mantendo dívidas das progressões que não concretizaram, algumas com retroativos por pagar há mais de dois anos.

E em alguns casos, refere o sindicado, “como é exemplo o Hospital Garcia de Orta, atual Unidade Local de Saúde de Almada Seixal, têm progressões para concretizar há mais de um ano e processos de Avaliação do Desempenho por finalizar”.

“O trabalho extraordinário avoluma-se. Mesmo em serviços que chegaram a ‘dispensar’ enfermeiros e diminuir o número de camas para internamento e que têm agora que ser reabertas, como seria previsível, não conseguem assegurar condições seguras para a prestação de cuidados a estes doentes por falta de profissionais”, adianta o SEP numa nota explicativa sobre a iniciativa desta quarta-feira.

Dados do Observatório das Migrações divulgados pela agencia Lusa, apontam que mais de 2.400 médicos e enfermeiros do SNS são estrangeiros, assim como 1.312 assistentes operacionais, sendo que a maioria é de Espanha e Brasil, segundo as mais recentes estatísticas de 2022.

Os médicos estrangeiros representaram 5,8% em 2021 e 5,6% em 2022 do total de médicos do SNS, enquanto os assistentes operacionais estrangeiros representaram 4% em 2021 e 4,3% em 2022 do total de assistentes operacionais do SNS. Já os enfermeiros estrangeiros diminuíram para metade dos registrados há duas décadas, representando 1,3% dos enfermeiros do Ministério da Saúde.

“Nos últimos anos, tem sido um mercado pouco atrativo para os enfermeiros estrangeiros, pelas condições de trabalho em Portugal e pela pouca valorização dos enfermeiros”, justificou o Bastonário dos Enfermeiros, Luís Filipe Barreira, em declarações à Lusa.

Esta redução de profissionais estrangeiros no SNS é acompanhada de uma exportação de enfermeiros portugueses, salienta o bastonário, lembrando que procuram fora do país melhores salários, carreiras e condições de trabalho.

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