Papa se despede de Portugal e pede aos jovens para serem “surfistas do amor”

Da Redação com Lusa

Neste domingo, o Papa Francisco despediu-se dos participantes na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de Lisboa após ter celebrado missa no Parque Tejo perante um milhão e meio de pessoas.

Pelas 11:00, o Papa saiu do altar-palco e dirigiu-se de carro para a Nunciatura Apostólica, onde tem estado instalado, sendo saudado pelas pessoas que se encontravam ao longo do caminho e enquanto milhares de peregrinos estavam já a abandonar o recinto.

O Papa esteve no recinto desde as 08:00 para iniciar às 09:00 a missa, concelebrada por cerca de 700 bispos e 10.000 padres. No final da missa, Francisco anunciou que Seul, a capital da Coreia do Sul, será o próximo país a receber o maior evento da Igreja Católica.

Às 16:30, o líder da Igreja Católica encontrou-se com voluntários da jornada no Passeio Marítimo de Algés, no concelho de Oeiras, encerrando assim a sua agenda de cinco dias em Portugal.

Em Oeiras, o Papa Francisco comparou a onda de jovens em Lisboa, para a Jornada, com as ondas gigantes na Nazaré, pedindo-lhes para serem “surfistas do amor”.

“Como sabem muitos de vós, e soube também eu, existe a norte de Lisboa uma localidade – Nazaré – onde se podem admirar ondas que chegam aos 30 metros de altura, tornando-se uma atração mundial, especialmente para os surfistas que as cavalgam”, afirmou Francisco, no encontro com os voluntários da JMJ, no Passeio Marítimo de Algés, Oeiras (Lisboa).

Francisco já tinha mencionado as ondas da Nazaré, nas Vésperas (oração ao entardecer) com bispos, sacerdotes, diáconos, consagrados e consagradas, seminaristas e agentes pastorais, na quarta-feira, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.

Dirigindo-se hoje aos voluntários, reconheceu que eles enfrentaram “uma onda enorme, não de água, mas de jovens que afluíram” a Lisboa.

“Mas, com a ajuda de Deus, com tanta generosidade e apoiando-vos mutuamente, conseguistes cavalgar esta onda grande. Esta levou-vos ainda mais alto”, considerou.

Segundo Francisco, devido “à coragem” com que os voluntários se lançaram, viram coisas “que não se podem imaginar da terra firme da inação”.

Aos voluntários, pediu para que continuem “a cavalgar as ondas da caridade” e para serem “surfistas do amor”.

“Seja o serviço da JMJ a primeira de tantas ondas boas, cada vez sereis levados mais alto, mais perto de Deus, e isto permitir-vos-á ver duma perspetiva melhor o vosso Caminho”, acrescentou.

O Papa agradeceu o trabalho dos voluntários que tornaram possível a JMJ, que hoje terminou em Lisboa.

“Lutastes durante vários meses, de forma escondida, sem barulho e sem protagonismos, para que todos pudéssemos encontrar-nos aqui”, afirmou, no Passeio Marítimo de Algés, concelho de Oeiras (Lisboa), depois de ouvir testemunhos de três voluntários.

A JMJ contou com cerca de 25 mil voluntários provenientes de 150 países, sobretudo de Portugal, Espanha, França, Brasil e Colômbia. Dois terços são mulheres e a média de idades é 28 anos.

Destacando o trabalho de grupo, salientou que “mais do que trabalho”, os voluntários prestaram “um serviço”.

“Quem ama não fica de braços cruzados, quem ama serve e apressa o passo para alcançar os outros. E vós, quanto correstes nestes meses e nestes dias! Vi-vos dar resposta a inúmeras necessidades, às vezes, com o rosto marcado pelo cansaço, outras vezes um pouco acabrunhados com as urgências do momento, mas sempre com o sorriso e de olhos luminosos, luminoso pela alegria do serviço. Obrigado”, afirmou.

Realçando que os voluntários correram muito, Francisco salientou que não foi uma “corrida frenética e sem rumo que às vezes caracteriza” o mundo, mas uma corrida “para servir e não para ser servidos”.

Considerado o maior evento da Igreja Católica, a JMJ começou na terça-feira e terminou hoje, em Lisboa.

O encontro com voluntários da JMJ foi o último ponto da agenda do Papa antes da despedida, no Aeródromo de Trânsito n.º 1, em Figo Maduro, Lisboa.

Coreia

A capital da Coreia do Sul, Seul, é a próxima cidade a receber a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em 2027. “A próxima Jornada Mundial da Juventude terá lugar na Ásia, será na Coreia do sul, em Seul. E assim, em 2027, desde a fronteira ocidental da Europa, passa para o extremo oriente, um bonito símbolo da universalidade da igreja, o sonho de unidade de que vocês são testemunho”, afirmou o Papa.

O anúncio foi feito no final da missa de encerramento da JMJ no Parque Tejo, após Francisco convidar também os jovens para participarem, em 2025, no Jubileu dos Jovens em Roma.

A grande bandeira que foram acenando ao longo da missa identificava o grupo de mais de uma centena de sul-coreanos, mas no momento em que o Papa Francisco anunciou o país que irá receber a próxima JMJ, foi sobretudo o barulho da sua celebração que revelou onde estavam.

“Coreia, Coreia, Coreia”, gritavam entre aplausos, apesar de já desconfiarem que poderiam ser a próxima escolha do líder da Igreja Católica.

“Havia rumores de que poderia ser na Coreia do Sul e confirmou-se. Estamos muito felizes”, contou um dos líderes do grupo, admitindo que as dezenas de jornalistas que durante a missa o filmavam e aos colegas “denunciaram, de certa forma”, a escolha do Papa.

Logo no sábado, muitos grupos de peregrinos sul-coreanos estenderam os sacos-cama junto às barreiras que delimitam os setores destinados aos peregrinos e hoje, munidos de aparelhos de tradução e com uma vista privilegiada para o altar-palco, ouviram o anúncio de que o seu país iria receber a próxima Jornada Mundial da Juventude.

“Sinto-me muito entusiasmado e estou certo de que a nossa Igreja fará um ótimo trabalho”, disse Matthias (nome católico), antecipando que a próxima Jornada será diferente daquela que termina hoje em Lisboa, porque a cultura sul-coreana é muito distinta da europeia. “Mas sei que vai ser divertido na mesma e espero que muitos europeus também venham”, acrescentou.

Depois de o Papa Francisco ter anunciado que Seul irá receber a próxima edição da JMJ, jovens sul-coreanos subiram felizes para o palco do Parque Tejo com bandeiras da Coreia do Sul.

Há 50 anos, os católicos representavam apenas cerca de 1% da população da Coreia do Sul. Hoje, representam 10% dos 50 milhões de habitantes daquele país e as estatísticas do Vaticano mostram que são batizados todos os anos cerca de 100 mil sul-coreanos.

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