Morreu Ana Luísa Amaral, “uma das maiores vozes da poesia portuguesa contemporânea”

Da redação com Lusa

O primeiro-ministro, António Costa, enalteceu a poetisa Ana Luísa Amaral, que morreu na sexta-feira, como “uma das maiores vozes da poesia portuguesa contemporânea”, numa publicação na sua conta oficial no Twitter.

“Deixou-nos, demasiado cedo, Ana Luísa Amaral, uma das maiores vozes da poesia portuguesa contemporânea. Tradutora, professora de literatura e uma referência dos estudos feministas em Portugal, deixa uma extensa obra poética, onde concilia o trivial com uma elevada erudição. À sua família e amigos, expresso as minhas sinceras condolências”, lê-se na mensagem deixada por António Costa.

A poeta Ana Luísa Amaral, recentemente galardoada com o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana, morreu na sexta-feira, aos 66 anos, disse hoje a Universidade do Porto (UP).

Nascida em Lisboa, em abril de 1956, a escritora e professora universitária Ana Luísa Amaral, tradutora de romancistas e poetas, vivia em Leça da Palmeira desde os 9 anos e recebeu múltiplas distinções ao longo da carreira, estando, entre as mais recentes, o Prémio Vergílio Ferreira, da Universidade de Évora, o galardão espanhol Leteo, da Direção de Ação e Promoção Cultural de Leão, e o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana, atribuído pelo Património Nacional de Espanha e a Universidade de Salamanca, que reconhece o contributo significativo de uma obra poética para o património cultural deste universo.

Ana Luísa Amaral, “uma das mais relevantes poetisas da atualidade”, aborda, na sua obra, traduzida para diversas línguas, “a memória e vindicação do feminismo português”, destacou o júri do prémio Vergílio Ferreira 2021, presidido pelo espanhol Antonio Sáez Delgado, que considerou a escritora “uma das mais importantes vozes das letras portuguesas das últimas três décadas”.

Há dois anos, a associação das Livrarias de Madrid deu o prémio de Livro do Ano, na área de Poesia, à edição espanhola de “What’s in a name”, da escritora portuguesa.

Doutorada em Literatura Norte-Americana pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde foi professora, Ana Luísa Amaral soma dezenas de títulos de poesia publicados, desde “Minha Senhora de Quê” (1990), além de já ter escrito teatro, ficção e vários livros para a infância.

Este ano, a sua obra poética foi reunida em “O Olhar Diagonal das Coisas”, incluindo os mais recentes “Sopros”.

A obra de Ana Luísa Amaral encontra-se traduzida e publicada em várias línguas e países, tendo obtido numerosas distinções, como o Prémio Literário Correntes d’Escritas, o Premio Letterario Poesia Giuseppe Acerbi e o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores.

A sua obra é editada em Portugal pela Assírio & Alvim.

Atualmente aposentada da docência, a poeta exercia as funções de membro da direção do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, no âmbito do qual dirigia o grupo internacional de pesquisa Intersexualidades.

O corpo de Ana Luísa Amaral está em câmara ardente na Capela do Corpo Santo, em Leça da Palmeira. O funeral realiza-se no domingo, às 11:15, no Tanatório de Matosinhos.

Presidente destaca escritora
O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa lamentou hoje a morte de Ana Luísa Amaral, uma escritora “veementemente do seu tempo”, destacando a singularidade das suas obras.

Em nota, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que entre a primeira “poesia reunida” de Ana Luísa Amaral, publicada em 2005, e a segunda, em 2010, “tornou-se claro que nenhum roteiro da poesia portuguesa das últimas décadas ficava completo sem Ana Luísa Amaral, não pelas semelhanças com outros, mas pelas singularidades: determinada temática, determinada imagética, e uma certa toada, melódica e dissonante, tocante e irónica”.

“Escapando à homogeneidade um pouco fictícia das ‘gerações’, Ana Luísa Amaral não deixou de ser veementemente do seu tempo; diversificando os seus trabalhos, produziu uma incindível unidade”, considerou Marcelo Rebelo de Sousa.

“Para usarmos os versos de um dos seus poemas mais conhecidos, podemos dizer que o ‘excesso mais perfeito’ é aquele que abdica da soberba mas não da ambição”, acrescentou.

Lamentando “com grande pesar” a morte da escritora, o Presidente da República lembrou que, em abril, Ana Luísa Amaral foi condecorada com o grau de Comendador da Ordem de Sant’Iago da Espada e que a entrega das insígnias estava prevista para a abertura da Feira do Livro do Porto, no final deste mês, “onde seria, e será, homenageada”.

Marcelo Rebelo de Sousa destacou ainda a carreira universitária da escritora, na Universidade do Porto, e a intervenção cívica, com a tese sobre Dickinson, os ensaios sobre as “Novas Cartas Portuguesas”, o “Dicionário de Crítica Feminista”, bem como “o empenhamento em causas culturais, sociais e políticas”.

A poeta Ana Luísa Amaral, recentemente galardoada com o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana, morreu na sexta-feira, aos 66 anos, disse hoje a Universidade do Porto (UP).

Em comunicado, a UP avança que a poetisa “faleceu durante a noite de ontem [sexta-feira], dia 05 de agosto, vítima de doença prolongada”.

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