Ministro afirma que crise “já explodiu” na Itália devido aos migrantes

Mundo Lusíada com Lusa

O vice-primeiro-ministro e ministro italiano dos Negócios Estrangeiros afirmou hoje que a situação relativa à chegada de migrantes de África “não é explosiva, já explodiu”, na sequência da chegada de mais de 10.000 pessoas em três dias.

Falando aos jornalistas no consulado italiano em Nova Iorque, Antonio Tajani garantiu que vai levar o assunto da pressão migratória na assembleia geral das Nações Unidas, que começa na terça-feira.

“Não há muros que consigam conter o movimento de milhões e milhões de pessoas. Veja-se a história das invasões bárbaras. O exército de Roma, o mais poderoso da história militar, não conseguiu travá-las”, declarou.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, visitou no domingo a ilha de Lampedusa junto à primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.

Mais de 127.000 migrantes entraram em Itália desde o princípio do ano, quase o dobro em relação ao mesmo período de 2022, de acordo com dados do Ministério do Interior italiano.

Muitos desembarcaram em Lampedusa, o território italiano mais a sul. A primeira-ministra alertou que o aumento na chegada de migrantes representa uma “pressão insustentável” para Itália.

Von der Leyen apresentou um plano de ação para Lampedusa em que se admite uma nova missão naval da União Europeia no Mediterrâneo, mas Tajani contrapôs que nem os 27 em conjunto são capazes de enfrentar a crise e pediu a intervenção da NATO e das Nações Unidas.

Resposta europeia

No domingo, Ursula von der Leyen ainda disse que a imigração irregular necessita de uma “resposta europeia” e apelou a outros países da União Europeia (UE) para acolherem alguns dos migrantes que chegam a Itália.

“A imigração irregular é um desafio europeu que precisa de uma resposta europeia”, disse Ursula von der Leyen à imprensa na ilha de Lampedusa, apelando aos “Estados-membros para acolherem” os migrantes desembarcados em Itália.

Na mesma conferência de imprensa, a chefe do Governo italiano, Giorgia Meloni, disse que “o futuro da Europa joga-se na ilha de Lampedusa” e que esse “depende da capacidade de a Europa enfrentar os grandes desafios”, caso dos fluxos migratórios.

Já nas últimas horas estima-se que tenham chegado mais 1.000 imigrantes na região.

A Cruz Vermelha Italiana, que gere o centro de acolhimento de Lampedusa, disse hoje que ali ainda se encontram 1.500 migrantes, para uma capacidade de 400 pessoas, pois as transferências para a Sicília e o continente não compensam totalmente as novas chegadas.

Grandes navios de organizações não-governamentais, como o Geo Barrents dos Médicos Sem Fronteiras, que resgatou sábado quase 500 migrantes em 11 operações (mais de 200 menores), são direcionados diretamente para os principais portos italianos.

Contudo, dezenas de pequenos barcos continuam a sua travessia do Mediterrâneo e chegam diretamente a Lampedusa, onde o sistema de gestão de migrantes se encontra à beira da asfixia.

Tajani disse que a Itália garantirá que a questão das migrações estará no topo da agenda da 78.ª sessão da Assembleia Geral da ONU, esta semana.

Tajani informou na rede social X que partiu para Nova Iorque, para o debate anual da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) e que o Governo italiano colocará a questão das migrações no centro do debate para “encontrar soluções partilhadas e eficazes”.

Apesar de os números estarem sempre em evolução, desde o início do ano estima-se que mais de 127 mil imigrantes desembarcaram em Itália, quase o dobro do mesmo período de 2022 e o triplo de 2021, segundo dados atualizados do Ministério do Interior italiano.

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