Mais de 3 milhões marcham na França e ministros europeus assinam declaração

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Mundo Lusíada
Com Lusa

Pelo menos 3,3 milhões de pessoas marcharam em várias cidades de França, de acordo com a contabilização feita pela AFP, naquela que o ministro do Interior francês considerou ser uma mobilização “sem precedentes”.

Apenas em Paris, a organização estimou que 1,5 milhões de pessoas tenham ido para as ruas neste 11 de janeiro, em protesto contra o ataque de quarta-feira à redação do jornal satírico Charlie Hebdon e pela defesa da liberdade de expressão.

“Os manifestantes estão dispersos por um perímetro bastante maior que o previsto para a marcha”, disse o ministro francês do Interior, considerando que é quase impossível uma contagem.

Os chefes de Estado presentes em Paris para a marcha silenciosa de solidariedade com as vítimas dos atentados dos últimos dias estiveram 20 minutos na linha da frente da manifestação.

O presidente francês, François Hollande, liderou a marcha e esteve ladeado por figuras como o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron. Hollande, frisa a agência France-Presse, cumprimentou durante a marcha as famílias das vítimas mortais dos atentados desta semana.

A marcha arrancou em Paris cerca das 15:25, hora de Paris, e partiu da Praça da República, percorrendo diversas artérias até terminar na Praça da Nação.

Portugueses
O primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, disse que participou na marcha republicana em Paris numa “manifestação de coesão e convicção democrática”. “É significativo que os chefes de Estado e de Governo, presidentes de parlamentos de países europeus e não apenas de países europeus, tenham querido associar com simplicidade mas com profundidade nesta manifestação de coesão e convicção democrática”, disse Pedro Passos Coelho cerca de uma hora antes do início da “marcha republicana”, em Paris.

“Nós precisamos – aqueles que têm responsabilidades maiores, responsabilidades de Governo, nos parlamentos – de articular melhor as nossas políticas que defendam a nossa democracia, mantendo a diferença – para aqueles que a não compreendem -respondendo de uma forma tolerante e aberta, democrática e livre, sem ceder à tentação de responder com armas parecidas que não são as nossas e que nós nunca quereremos usar”, declarou.

O chefe do Governo português acrescentou que se trata de “uma manifestação simples, pacífica, mas de grande força e de grande coesão. O primeiro-ministro encontra-se acompanhado pela presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, que sublinhou a presença de “alguns deputados portugueses” na manifestação “representando todos os portugueses”.

Assunção Esteves disse que Paris viveu “um momento que faz refletir a todos”, sublinhando que é “um momento que faz dar as mãos” e que a capital francesa “por ironia das coisas fez a revolução que deu ao mundo a proclamação da liberdade, igualdade e fraternidade”.

Além do primeiro-ministro e da presidente da Assembleia da República, de Portugal estiveram o presidente do Conselho Nacional do CDS, Telmo Correia, os deputados eleitos pela Emigração Paulo Pisco (PS) e Carlos Alberto Gonçalves (PSD) e também o ex-dirigente do Bloco de Esquerda Francisco Louçã.

Assinatura de Declaração
O Secretário português da Cultura, Jorge Barreto Xavier, assinou, juntamente com os responsáveis governamentais pela cultura dos 28 países membros da União Europeia, uma declaração conjunta em defesa da liberdade de expressão. Referindo que “apesar das ameaças de morte reiteradas, eles optaram por continuar a expressar a sua liberdade de pensar e criar com humor e talento”, acrescenta que “foram assassinados porque desenhavam e publicavam bandas desenhadas”.

A declaração refere que o ato tinha a intenção de silenciar o comunicação social, de eliminar a publicação do jornal, de restringir a liberdade de pensar, valores nucleares da democracia europeia e universais.

“Neste período de profunda tristeza e desgosto, nós, os Ministros da Cultura da União Europeia, condenamos esta barbárie sem sentido que procura minar os nossos valores essenciais da forma mais violenta” e “somos unânimes a expressar a nossa convicção de que a liberdade artística e a liberdade de expressão permanecem firmes e inabaláveis no coração dos nossos valores comuns europeus”, refere a declaração.

Os Ministros da Cultura da UE declararam que não aceitam “a tentativa de terroristas para impor o seu próprio padrão. Desde tempos imemoriais, as artes têm sido uma fonte de inspiração para a reflexão ao dar origem a novas ideias e ao lutar contra a intolerância e a ignorância. É a liberdade de expressão num contexto culturalmente diverso que permite que essas ideias se transformem num diálogo construtivo”.

Atentado
A mulher de um dos terroristas que atacou a redação do jornal satírico Charlie Hebdo, condenou os atos do seu marido e enviou condolências às famílias das vítimas, disse o seu advogado, numa declaração à AFP.

A mulher foi libertada três dias depois de ter sido detida e “expressou a sua indignação e a condenação da violência”, disse o advogado, acrescentando que a cliente “enviou condolências à família” e teve “a mesma reação de indignação que a comunidade nacional”. Segundo o advogado, a mulher nunca detectou qualquer sinal e nunca percebeu que iria ser cometido um atentado terrorista e mostrando-se “estupefata” pelo sucedido.

Kouachi Sharif, de 32 anos, e o seu irmão mataram 12 pessoas, incluindo dois polícias na quarta-feira, durante o ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo, tendo depois fugido durante dois dias e depois encontrados nos arredores da capital francesa, acabando por morrer num tiroteio com a polícia.

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