Guterres: sistemas alimentares do mundo estão falidos e bilhões de pessoas pagam o preço

Da Redação com ONUNews

Participantes de 160 países, incluindo mais de 20 líderes internacionais estão reunidos na Cúpula de Sistemas Alimentares das Nações Unidas, em Roma, Itália, até o dia 26 de julho.

Na abertura do evento, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que “os sistemas alimentares do mundo estão falidos e bilhões de pessoas estão pagando o preço”.

O líder das Nações Unidas enfatizou que mais de “780 milhões de pessoas passam fome enquanto um terço de toda a comida produzida é perdida ou jogada fora”.

Ele sublinhou também que mais de 3 bilhões de pessoas não tem condições de bancar uma dieta saudável. Por isso, afirmou que é preciso construir modelos que garantam que as pessoas consigam alimentos nutritivos por preços acessíveis, “independente de onde vivam”.

Guterres destacou como ponto de ação urgente o aumento da resiliência dos sistemas alimentares, por meio de “investimentos massivos.” Ele lembrou que “a fome crônica está crescendo justamente em regiões onde os sistemas alimentares são subfinanciados”, como Caribe, Ásia Ocidental e todas as sub-regiões da África.

O secretário-geral disse que o quadro da insegurança alimentar no mundo “ficou ainda mais sombrio” com o encerramento da Iniciativa do Mar Negro pela Rússia. O projeto permitiu a exportação segura de mais de 32 milhões de toneladas de alimentos em mais de mil navios saindo de portos ucranianos.

Rússia e Ucrânia são responsáveis por 30% das exportações globais de trigo e cevada, um quinto de todo o milho e mais da metade de todo o óleo de girassol. Os impactos negativos da decisão russa já elevaram o preço do trigo e do milho no mercado mundial.

Guterres disse que segue “comprometido em facilitar o acesso desimpedido a mercados globais para alimentos e fertilizantes tanto da Rússia quanto da Ucrânia” e pediu o retorno da Rússia para a iniciativa.

O secretário-geral enfatizou que os países em desenvolvimento estão enfrentando uma “asfixia” de endividamento que os impede de fazer investimentos de longo prazo na melhoria dos sistemas alimentares.

Ele fez um apelo por um “aumento massivo do alívio da dívida” para que seja possível investir em atender as necessidades nutricionais de todas as pessoas.

Guterres ressaltou ainda que a produção, embalagem e consumo de comida “estão alimentando a crise climática”, gerando um terço de todas as emissões de gases do efeito estufa e consumindo 70% de toda a água limpa.

Para ele, a transformação dos sistemas alimentares precisa focar em reduzir as emissões de carbono e limitar o aquecimento global a 1,5°C, inclusive em sua logística de transporte.

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