Governo brasileiro vai avaliar efeito do derramamento de óleo em cadeia alimentar

Da redação
Com EBC

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, confirmou que o governo brasileiro fará análises para ver se o óleo que vem sendo encontrado no litoral nordestino está afetando a cadeia alimentar marítima. Segundo Mandetta, unidades de saúde têm recebido casos de pessoas relatando problemas de saúde após terem manipulado o produto encontrado nas praias.

De acordo com o ministro, o óleo encontrado apresenta uma quantidade baixa de compostos químicos, “infinitamente inexpressiva”, se comparados às dimensões oceânicas. “Esse óleo, ou essa substância, tem na sua composição química uma quantidade baixa que, no meio ambiente, dentro da água e na diluição de um oceano, é infinitamente inexpressiva”, disse o ministro.

Mandetta comparou o caso ao do rompimento das barragens de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais. “Isso não é, para nós, no momento, diferente do que tivemos em Brumadinho, onde atua nossa equipe de acidentes naturais. Ali [em Brumadinho] eu tinha vítimas, precisava de hospital e de Samu; ali eu tinha problema de abastecimento de água; tinha metal pesado, lençol freático, frutas, verduras, leite, vaca… Ali e em Mariana, a gente tinha uma situação muito mais complexa do que esta, que tem um único tipo de agente, que impacta visualmente, mas, do ponto de vista mecânico da retirada, retira-se rápido.”

Segundo o ministro, a característica do material encontrado nas praias e no mar nordestino é diferente dos outros tipos de óleo que costumam ficar na superfície, de onde podem ser retirados com a ajuda de bombas de sucção. “Agora, se isso não flutua, é preciso ver como está a parte de baixo, e se está afetando a cadeia alimentar; se tem impregnação no coral ou no fundo.”

Para fazer essa avaliação, o Ministério da Saúde trabalha com a Secretaria da Pesca, do Ministério da Agricultura, de forma a fazer análises do pescado, da ostra, do mexilhão e da lagosta, que são parte da cadeia alimentar de quem está no litoral.

Mandetta disse que unidades de saúde têm sido procuradas por pessoas que manipularam a substância. “Vimos também muito as pessoas, na ânsia de ajudar, manipulando aquilo sem luvas, nem o mínimo de proteção. Aí, é claro que a pessoa terá irritação na pele, coceira, alergia, inalação, porque é um contato intensivo”, afirmou.

Segundo o ministro, algumas dessas pessoas informaram ter usado substâncias ainda mais abrasivas do que o próprio óleo para fazer a limpeza da pele – no caso, benzina, gasolina e querosene, entre outros. “Por isso, temos recomendado o uso de água e sabão, fricção mecânica ou mesmo óleo de cozinha, que temos em casa mesmo, para retirar essa substância da pele.”

Crédito no Turismo

O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, também anunciou que R$ 200 milhões em linhas de crédito do Fundo Geral do Turismo (Fungetur) vão ser liberados para as regiões do litoral nordestino atingidas pelo óleo.

Segundo o ministério, as condições para pagamento do empréstimo e os prazos vão ser melhores do que os oferecidos para outras linhas para ajudar pequenos empreendimentos a superar uma possível retração nas atividades.

O Fungetur é operado hoje no Nordeste pela Caixa Econômica Federal e pelo Banco do Estado de Sergipe. “As linhas de crédito do Fungetur são muito atrativas do ponto de vista de prazo, custo do crédito e carências para estados e cidades impactadas pelo óleo vindo do mar”, disse o ministro.

Guia para População

A Defesa Civil e o Ministério da Saúde também publicaram nesta sexta-feira uma cartilha com recomendações para os voluntários que atuam na limpeza das praias afetadas. Também foram distribuídos equipamentos de proteção individual para a população da região, segundo o governo.

A cartilha recomenda que a população não entre em contato direto com o óleo, especialmente gestantes e crianças. Também é preciso observar as orientações da vigilância sanitária para o consumo de alimentos, como peixes e mariscos, provenientes das áreas afetadas.

Segundo a cartilha, a curto prazo a inalação dos vapores do óleo pode provocar dificuldade de respiração, dor de cabeça, confusão mental e náusea. Na pele, podem aparecer irritações e outros sintomas como erupções vermelhas, queimação, inchaço.

No caso de ingestão do óleo, o paciente poderá sentir odores abdominais, além de ter vômito ou diarreia. Uma exposição a esse elemento tóxico de longo prazo pode provocar danos a órgãos como pulmões, fígado e rins. Desequilíbrios hormonais e infertilidade também podem ocorrer, além de alterações no sistema nervoso e circulatório. Em casos extremos, a ingestão pode provocar câncer.

Em caso de dúvida, o Ministério da Saúde pede que o paciente entre em contato com o Centro de Informações Toxicológicas pelo telefone 08007226001 e procure ajuda médica.

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