GIPS entram em ação em Armamar

Este ano, a novidade em termos de combate aos incêndios florestais foi a criação do Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro (GIPS) da GNR, que conta com um corpo profissional criado pelo Governo, do qual fazem parte, também, elementos da Proteção Civil. As suas forças estão preparadas para intervir em todo o tipo de catástrofes. Em Armamar, está situado um dos quatro Centros de Meios Aéreos (CMA) do Norte, estando os restantes em Vidago, Viseu, Ribeira de Pena e Santa Comba Dão. De olhos postos na problemática dos incêndios florestais, os elementos contam com vários equipamentos, além de três viaturas e de um helicóptero.
 

De Portugal, Ígor Lopes

Basta um alerta de incêndio, a indicação do Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS) com a localização exata do local em chamas e lá vão os GIPS, que avançam para o terreno de forma a evitar que o incêndio tome grandes proporções.

O CMA de Armamar (Douro, Portugal) conta com a presença de 18 membros dos GIPS, divididos em três grupos, que estão a postos para atuar numa primeira intervenção, através de equipas helitransportadas e terrestres.

Esses profissionais utilizam ferramentas manuais, caracterizadas como material sapador, sendo apoiados por três viaturas de patrulhamento terrestre, equipadas, cada uma, com um kit de primeira intervenção, como um depósito de água com capacidade de até 700 litros.

Ao chegar ao local do fogo, a Guarda utiliza material sapador para tentar travar a propagação das chamas. Essa intervenção é feita juntamente com o apoio do helicóptero que realiza descargas de água. Logo em seguida chegam os bombeiros.

“Somos os primeiros a chegar ao local. Somos responsáveis pela primeira intervenção no fogo nascente. Os bombeiros da área também são alertados para se deslocarem ao lugar do incêndio. Mas a nossa presença dura somente cerca de uma hora e meia. Nessa fase, até esse tempo limite, fazemos o que for possível naquela situação. Se conseguirmos extingui-lo, ótimo. Se conseguirmos controlar as chamas, também é bom. Depois disso, os bombeiros têm a tarefa mais facilitada, uma vez que atuamos no fogo ao nascer, com meios terrestres, homens, ferramentas manuais e material de sapador, além, claro, das descargas de água por parte do helicóptero”, conta José Luís Correia, comandante do CMA de Armamar.

Neste momento, os grupos de intervenção estão a pôr em prática a fase “Charlie”, que termina dia 30 de setembro. O CMA de Armamar cobre um raio de 30 quilômetros da sua base, atingindo concelhos como Cinfães, Resende, Lamego, Régua, São João da Pesqueira, Alijó, Vila Real, Moimenta da Beira, Tabuaço, Sernancelhe, Penedono, entre outros.

José Luís é natural de Resende e, juntamente com os seus colegas, participou numa formação na Escola Nacional de Bombeiros, onde pode praticar atividades de combate à incêndios florestais, através, também, de exercícios com helicóptero.

A maioria dos elementos desse Grupo é natural dos concelhos vizinhos a Armamar, o que os possibilita ter um conhecimento maior das dificuldades da região. Conhecer o terreno no qual se está a combater as chamas é fundamental para o sucesso da operação. Para isso, estes responsáveis trocam informação com os Gabinetes Técnicos Florestais das autarquias dos concelhos abrangidos pelo CMA da zona.

“Chegámos a Armamar no dia 24 de junho. Viemos somente com as viaturas, com o intuito de fazer o reconhecimento do terreno. O helicóptero só chegou no passado dia 1. Vamos cá ficar até ao final da época de incêndios”, comenta.

Por ter um bom conhecimento desta localidade, José Luís Correia sublinha que as zonas que mais o preocupam em termos de incêndio estão nos concelhos de Penedono e Sernancelhe, que têm uma área florestal maior do que outros municípios. A Serra de Santa Helena, em Tarouca, é também motivo de alguma preocupação.

Já Alijó, Vila Real e Régua não costumam causar grandes problemas, pois “contam com muitos terrenos cultivados”. A primeira prova de fogo foi no domingo, durante um incêndio em duas freguesias do concelho de Resende. Nessa operação, os membros do GIPS tiveram que agir com determinação para minimizar os efeitos do fogo, embora as chamas tenham atingido uma casa desabitada.

Meios aéreos são fundamentais
No CMA de Armamar opera uma aeronave Esquilo, fabricada em França. O aparelho tem capacidade para transportar cerca de 910 litros de água, com autonomia de cerca de uma hora e meia de voo.

Para Jorge Santi, piloto do aparelho, este helicóptero é excelente no combate aos incêndios, já que tem “uma boa disponibilidade de carga, além de ser rápido, versátil e de fácil manobrabilidade”. “Tenho trabalhado em aeronaves Esquilo há 14 anos. Creio que se encaixam bem na questão do combate aos fogos”, salienta.

Jorge Santi é de nacionalidade brasileira, pilota há 23 anos, sendo nove deles em Portugal. Esta é a oitava vez que participa em campanhas de combate a fogos florestais neste País.

Para o piloto, que já passou por várias situações de perigo na sua profissão, a utilização de meios aéreos para travar a fúria das chamas é essencial. “O helicóptero é uma peça fundamental neste serviço, bem como a Brigada. Para que o nosso trabalho seja eficaz, precisamos reunir agilidade, uma boa Brigada, uma boa máquina e uma boa informação”, argumenta.

Sensibilizar a população é um dos objetivos
Para combater a praga dos fogos florestais, o envolvimento da população nessa campanha torna-se um imperativo. E, este ano, os cidadãos ganharam uma nova ajuda. A GNR está no terreno, com uma brigada especial, que tem por função agir de forma imediata no nascimento do incêndio.

Mas para que todo esse trabalho funcione a cem por cento, é necessário sensibilizar a população. “Tentamos fazer as pessoas perceberem que, este ano, a GNR está no terreno para ajudar. A nossa missão é defender as populações. Podemos, inclusive, autuar as pessoas que estejam a fazer uma queimada ou uma fogueira, o que, neste época do ano, é proibido”, comenta José Luís.

Através de algumas ações de sensibilização, a GNR pede mais cuidado e atenção de todos, já que “muitos incêndios são fruto da negligencia das pessoas”.

GNR dá conselhos para evitar fogos
Para ajudar a prevenir a catástrofe dos incêndios florestais, o comandante do CMA de Armamar alerta: “não brinquem com o fogo, tenham muito cuidado durante as suas atividades de lazer. Uma simples brincadeira, pode dar origem a uma tragédia”.

José Luís Correia adverte ainda que, nesta altura do ano, é proibido fazer fogueiras e queimadas e fumar dentro das áreas florestais. “É preciso respeitar a lei. Tenham conhecimento dessas normas que só são feitas para proteger e salvaguardar os interesses da população”, finaliza.

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