Após sismo no Marrocos, portugueses queixam-se de falta de informações sobre repatriamento

Mundo Lusíada com Lusa

Neste dia 10, um grupo de 10 turistas portugueses em Marrocos queixou-se de falta de resposta das autoridades portuguesas sobre o voo de repatriamento, que ocorreu esta noite, após o sismo que atingiu o país na sexta-feira.

Com voo para Portugal marcado para hoje à tarde, os portugueses gostariam de ter antecipado o regresso no voo de repatriamento, mas lamentaram a falta de informação por parte do atendimento consular.

“Liguei durante mais de uma hora, constantemente, para a emergência consular. Quando finalmente atenderam, disseram que o voo de repatriamento só deveria ocorrer depois do nosso voo comercial. Mas pediram para enviar um ‘email’ com os nomes dos turistas”, relatou à Lusa Filipa Marques.

Já António Cardoso enviou um ‘email’, que teve resposta “ao fim de 10 minutos”, pedindo que enviasse os nomes dos turistas. “Mas esse segundo ‘email’ já ficou sem resposta”, disse.

A Força Aérea Portuguesa retirou de Marrocos, na noite de sábado, 102 cidadãos portugueses que pediram ajuda para deixar o país africano.

Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros adiantou que os 102 portugueses (incluindo o pai e a criança que ficaram feridos na sequência do terremoto) chegaram esta madrugada no avião da Força Aérea Portuguesa que havia seguido na noite de sábado para a cidade de Marraquexe.

A operação de retirada, “apesar das vicissitudes no terreno, decorreu de forma ordeira e pacífica”, indicou o ministério, realçando que continuará em “contato com os portugueses que permanecem na região mais afetada” pelo sismo.

O balanço provisório do terramoto que atingiu Marrocos na sexta-feira à noite subiu hoje para 2.122 o número de mortos e para 2.421 o de feridos.

Oriundos de Lisboa e do Porto, os turistas encontravam-se na praça Jamma El-Fna, um dos pontos mais turísticos de Marraquexe, na sexta-feira à noite, quando o terremoto ocorreu.

“O chão começou a tremer, as pessoas ficaram em pânico, desatou tudo a correr”, contou à Lusa Filipa Marques, relatando que estavam mesmo ao lado do minarete da mesquita Kharbouch, que desabou parcialmente.

“Dois minutos antes, estávamos ali. O minarete caiu e ficaram carros soterrados”, disse.

Os portugueses, que estavam alojados num ‘riad’ (pequeno hotel) na Medina, patrimônio mundial da Unesco, passaram a noite ao relento, porque havia “muita destruição” – os detritos das derrocadas de fachadas de edifícios dificultavam o acesso ao alojamento – e por receio de que as réplicas fizessem desabar o prédio, que ficou com fendas.

“Fomos recolher o essencial e voltamos para a praça. Dormimos num tapete”, relatou Filipa Marques.

A diplomacia acrescenta que Portugal continua a aguardar que as autoridades de Marrocos “se manifestem para que seja operacionalizado o apoio já anunciado pelo Governo”, concretamente “o envio de equipas de busca e salvamento ou de medicina legal”.

O Presidente português transmitiu “sentidas condolências e solidariedade ao Rei de Marrocos”, informou a presidência em nota. “O Presidente da República enviou ao Rei Mohammed VI de Marrocos uma mensagem de sentidas condolências e solidariedade pelas inúmeras mortes, feridos e desaparecidos como consequência do sismo que abalou Marrocos, expressando a solidariedade do povo português num momento tão difícil para as populações das regiões mais afetadas por esta catástrofe natural”.

“O sismo da noite passada em Marrocos deixa-nos profundamente consternados e apresentamos as nossas condolências a Sua Majestade o Rei, às famílias vitimadas e a todo o Povo marroquino, nosso vizinho. Portugal está solidário e disponível para apoiar Marrocos neste momento difícil” publicou ainda o primeiro-ministro Antonio Costa.

Neste domingo, Costa confirmou que tem ajuda de prontidão se necessário. “Já disponibilizamos ao Reino de Marrocos a total disponibilidade de Portugal participar no apoio que entenda necessário. Até agora, não nos foi solicitado qualquer apoio, mas temos disponíveis, quer na área da proteção civil, quer na área da medicina legal. Temos equipas que estão em estado de prontidão para apoiarem o Reino de Marrocos se houver alguma solicitação nesse sentido”, declarou.

“Um avião da Força Aérea, durante a noite, retirou cerca de 140 portugueses que estavam em Marrocos e que entenderam regressar a Portugal. Continuamos a acompanhar a situação dos portugueses que estão em Marrocos. Aqueles que quiserem regressar apoiaremos, mas aqueles que quiserem permanecer são obviamente livre de permanecer”, acrescentou.

O tremor de terra, cujo epicentro se registou na localidade de Ighil, 63 quilômetros a sudoeste da cidade de Marraquexe, foi sentido em Portugal e Espanha, tendo atingido uma magnitude de 7,0 na escala de Richter, segundo o Instituto Nacional de Geofísica de Marrocos.

O Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) registrou a magnitude do sismo em 6,8.

O reino de Marrocos decretou três dias de luto nacional.

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