25 Abril: Milhares responderam a apelo e desceram a Avenida da Liberdade

Populares participam no desfile comemorativo dos 51 anos da Revolução de 25 de Abril, na Avenida da Liberdade, em Lisboa, 25 de abril de 2025. JOSÉ SENA GOULÃO/ LUSA

Milhares de pessoas responderam ao apelo para celebrar nas ruas de Lisboa o 25 de Abril, apesar do luto nacional pela morte do Papa Francisco, e encheram a Avenida da Liberdade para o tradicional desfile comemorativo da Revolução de 1974.

Pelas 15:00, hora marcada para o início do desfile, a multidão preenchia aquela artéria da capital até à zona da rotunda do Marquês de Pombal, colorida de vermelho pelos cravos empunhados ou ao peito.

Depois de um desfile histórico no ano passado, milhares de pessoas responderam ao apelo da Associação 25 de Abril e dos partidos de esquerda para descerem a Avenida no 51.º aniversário da Revolução, apesar do luto nacional pela morte do Papa Francisco, decretado para os dias 24, 25 e 26.

“Estamos certos de que o Governo terá a devida resposta da parte dos portugueses que, respeitando a memória de Francisco, festejarão mais um aniversário do dia que lhes garantiu e garante a liberdade, a paz e a democracia”, antecipou na quinta-feira a Associação 25 de Abril.

Pelas ruas ecoam as habituais palavras de ordem “25 de Abril sempre, fascismo nunca mais” e “O povo unido jamais será vencido”, entre as dezenas de bandeiras de Portugal, partidos políticos, organizações sindicais e movimentos cívicos, e algumas da Palestina.

Os primeiros participantes no tradicional desfile comemorativo começaram a chegar ao Rossio cerca das 17:00 de Lisboa, hora e meia depois de terem iniciado a marcha.

Ao som de canções de intervenção, as duas chaimites que marcaram o início do desfile pelas 15:30, chegaram à Praça D. Pedro IV, no Rossio, em Lisboa, uma hora e meia depois de arrancarem, onde já eram esperadas por várias centenas de pessoas.

Àquela hora, os últimos participantes no desfile estavam ainda no topo da Avenida da Liberdade.

Durante todo o percurso, repetiram-se as habituais palavras de ordem “25 de Abril sempre, fascismo nunca mais” e as senhas da Revolução, que ecoaram das colunas das chaimites, sobretudo a “Grândola, Vila Morena” eram cantadas por aqueles que participavam no desfile e pelos milhares que enchiam as ruas laterais da avenida para o ver passar, a maioria de cravo vermelho na mão.

Confronto

Os ânimos na zona do Rossio acalmaram pelas 18:00 de hoje, depois de confrontos violentos, envolvendo apoiantes de movimentos de extrema-direita, e passou a um clima de festa, sobretudo com os manifestantes que desceram a Avenida da Liberdade.

As centenas de elementos policiais que estiveram presentes na zona do Rossio durante a tarde para garantir a segurança de todos deixou, cerca das 18:00, de ser tão visível, após os apoiantes de movimentos de extrema-direita, inclusive do partido Ergue-te, do movimento Habeas Corpus e do grupo 1143, terem desmobilizado.

Antes, foram registrados dois momentos de confrontos, com a polícia a ter de intervir, um deles pelas 16:00, com a detenção do presidente do Ergue-te, Rui Fonseca e Castro, após ter sido avisado de que a manifestação não estava autorizada e que estava a incorrer num crime de desobediência, tendo também sido detido outro cidadão por resistência e coação, segundo a PSP.

Cerca das 17:00, houve outro momento de confronto, entre apoiantes de extrema-direita e a manifestantes anti-fascistas, inclusive alguns que vinham da Avenida da Liberdade, o que obrigou a PSP a intervir e, depois, a formar um cordão policial de segurança, a separar os grupos antagónicos, com perto de meia centena de operacionais, incluindo as Equipas de Intervenção Rápida.

Pelas 18:00, milhares de pessoas ocupavam a zona do Rossio e o Largo de São Domingos, onde se voltou a ver filas para a ginjinha e grupos de turistas com guias a mostrar a cidade.

A maioria das pessoas concentradas a esta hora vinham da Avenida da Liberdade, com cravos vermelhos, símbolo da Revolução de Abril que hoje se comemora.

No meio do Largo de São Domingos ouvia-se música associada ao 25 de Abril de 1974, que ecoa através de uma coluna, e muitos são os que cantavam e dançavam, num ambiente de festa no dia da liberdade.

Inicialmente, o Ergue-te e o movimento Habeas Corpus, com o apoio do grupo de extrema-direita 1143, anunciaram uma manifestação com “porco no espeto” no Martim Moniz, a partir das 15:00 desta sexta-feira.

No entanto, essa concentração teve o parecer negativo da PSP, com a justificação de “manifestações/concentrações antagónicas para a mesma hora e área geográfica” com “desígnios e posicionamentos ideológicos distintos e antagónicos” e a necessidade de “garantir a ordem e tranquilidade públicas”.

A Câmara de Lisboa, presidida por Carlos Moedas (PSD), seguiu o parecer da PSP e, por isso, não deu aval à realização da iniciativa de movimentos de extrema-direita.

Na Praça do Martim Moniz, pelas 15:00 de hoje, mais de uma centena de cidadãos juntaram-se para contestar a ação da extrema-direita.

Perante isto, o partido Ergue-te e os restantes grupos de extrema-direita passaram a concentração para o Largo de São Domingos, junto ao Rossio e a cinco minutos da Praça do Martim Moniz.

Enquanto os apoiantes de movimentos de extrema-direita gritavam por Salazar, responsável pela ditadura em Portugal, os anti-fascistas afirmavam: “25 de Abril sempre, fascismo nunca mais”.

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