Da Redação com Lusa
Uma brasileira a residir em Portugal há três anos decidiu criar uma ‘startup’ de incentivo à inclusão laboral, depois de ter sofrido xenofobia na pele, “por conta de ser negra”, numa entrevista de emprego em Lisboa.
A ‘startup’ IDE Social Hub, presente na primeira edição da Web Summit na cidade do Rio de Janeiro, com o apoio da Startup Portugal, foi criada há um ano.
A ideia, conta Elisangela Sousa, nasceu de uma experiência pessoal, no qual numa entrevista de emprego para uma empresa portuguesa sentiu “na pele” qual seria o seu lugar.
“Mesmo tendo toda a bagagem profissional que eu tenho na área de comunicação e na área de gestão de projetos, nessa determinada situação eu fui colocada numa situação de subrepresentação por conta de ser negra”, disse à Lusa, na Web Summit Rio, que termina hoje a sua primeira edição.
Essa experiência pessoal foi fundamental para a criação deste projeto.
Dar voz e trazer a questão “para as lideranças de empresas portuguesas do quão importante é trabalhar questões de inclusão, diversidade e equidade nos ambientes corporativos, principalmente na área de tecnologia digital, que é uma área muito dominada por homens jovens, pasteurizada, como costumamos dizer”.
A ‘startup’ procura educar as empresas na “questão de mulheres, de negros, de pessoas com deficiência” e nas pessoas com mais de 50 anos, que são tratadas de forma diferente no mercado de trabalho.
A inclusão, explicou a fundadora da IDE Social Hub, cumpre também uma questão de revitalização econômica já que a Europa tem uma taxa de natalidade pequena e com uma população cada vez mais envelhecida e a necessitar do mercado de trabalho estrangeiro.
“Temos mão-de-obra qualificada, vindos de vários lugares, de várias cores, de várias idades. E aí a ideia é fazer um ‘match’ entre esses profissionais e as empresas”, resumiu.
O IDE Social Hub cumpre, precisamente, essa função, “não só social, mas também de comprometimento, de fazer com que empresas percebam os talentos que estão a perder por conta de questões que não cabem mais”, sublinhou.
Outro dos grandes objetivos da presença na Web Summit era também tentar conectar as empresas brasileiras que queiram entrar no mercado em Portugal, direcionando-as para estes temas.
“O mercado brasileiro está bem à frente de Europa, especialmente em Portugal” na matéria de inclusão social, disse.
“Então, quando temos a oportunidade de fazer com que empresas brasileiras internacionalizem o ‘business’ para Europa, tendo Portugal como porta de entrada, a ideia que o IDE Social Hub sensibilize essas lideranças está aqui”, afirmou.
De acordo com Elisangela Sousa, os números comprovam que o mercado de diversidade e inclusão vai movimentar cerca de 20.000 milhões de euros nos próximos anos.
“Temos ainda muito potencial para crescer esse ‘business’ não só no Brasil, mas principalmente em Portugal”, frisou, acrescentando que, por isso, é estratégico para as empresas e principalmente nessa questão da internacionalização.
Em relação aos contatos feitos durante a sua presença numa das mais conceituadas conferências de tecnologia do mundo, a fundadora da IDE Social Hub afirmou ter conseguido estabelecer alguns contatos “justamente para conseguir potencializar e estreitar essa dinâmica e estreitar essa escala para que a gente consiga realmente fazer com que a implementação, dessa ação de inclusão, diversidade, equidade seja realmente alinhada com a estratégia de negócio da empresa”.