Reforma do Estado e imigração regulada entre dez eixos prioritários do programa de Governo

Manifestantes exibem os seus documentos de pedido e renovação de residência em Portugal junto à da sede da AIMA - Agência para a Integração Migrações e Asilo em Lisboa na manifestação "Defenda os seus direitos". Ação de protesto convocada pela comunidade do Bangladesh em Portugal, contra os atrasos na renovação ou emissão do primeiro cartão de residência pelo Instituto dos Registos e do Notariado (IRN) 18 de abril de 2024. MIGUEL A. LOPES/LUSA

 O Governo português aprovou hoje dez eixos prioritários para o programa do executivo, entre os quais se inclui a reforma do Estado ou a “imigração regulada”, além do aumento de rendimentos e “uma segurança mais próxima”.

“Este Programa de Governo tem uma dimensão inovadora que expressa bem a ambição de transformação que o Governo tem para o país, no seu formato e no seu conteúdo. Para além das normais e necessárias partes setoriais das várias áreas governativas, este Programa de Governo começa com, um capítulo próprio, uma Agenda Transformadora”, anunciou o ministro da Presidência António Leitão Amaro, no briefing no final da reunião do Conselho de Ministros.

Segundo o ministro, essa agenda transformadora inclui “dez prioridades de transformação, dez dimensões de reforma, que mudarão o país”.

“Este Governo sabe que a responsabilidade que sobre nós impende é transformar o nosso país para melhor, colocá-lo entre os melhores da Europa, resolver os problemas das pessoas, e é isso que nós propomos”, afirmou.

A primeira prioridade intitula-se “uma política de rendimentos que valoriza o trabalho e a poupança, o mérito e a justiça social”, a segunda passa pela reforma do Estado e terceira visa “criar riqueza, acelerar a economia e aumentar o valor acrescentado”.

Uma “imigração regulada e humanista” é a quarta prioridade, passando a quinta pelo funcionamento dos serviços públicos “com qualidade”, através de “uma complementaridade entre oferta pública, privada e social”.

A sexta prioridade passa por “uma segurança mais próxima, justiça mais rápida e combate à corrupção”, sendo a sétima centrada na habitação.

A construção de novas infraestruturas será o oitavo eixo prioritário, o projeto “a água que une” a nona e a décima será um “plano de reforço estratégico de investimento de defesa”.

Na intervenção inicial, o ministro da Presidência adiantou alguns detalhes sobre cada um dos eixos, começando pela política de rendimentos, assegurando que objetivo será não apenas aumentar o salário mínimo, mas também o vencimento médio.

“Tem medidas sobre os salários, tem medidas sobre a redução do IRS, tem medidas sobre a revisão do Regime de Apoios Sociais para garantir que trabalhar vale mais a pena do que não trabalhar”, afirmou.

Na área da reforma do Estado, Leitão Amaro dividiu-a em quatro áreas fundamentais: simplificação de procedimentos, digitalização do Estado, revisão e reforma orgânica das estruturas da Administração Pública e “uma nova política de recursos humanos para os trabalhadores da Administração Pública”, para valorizar o mérito e as qualificações.

Na prioridade de criação de riqueza, o ministro incluiu a continuação da redução do IRC, a simplificação fiscal, “uma revisão do regime e do sistema de formação profissional” e medidas como a revisão da legislação laboral.

Na fase de perguntas, não quis detalhar em que sentido irá esta revisão, remetendo mais detalhes para o documento e, sobretudo, para a negociação em concertação social.

No pilar dedicado à imigração, o ministro destacou que, no seguimento do programa eleitoral, o Governo PSD/CDS-PP irá apostar no “reforço do controle de entradas, na revisão da lei da nacionalidade e na Unidade de Estrangeiros e Fronteiras na PSP”, bem como a continuação de resolução dos processos pendentes.

A quinta área prioritária, explicou, visa colocar serviços essenciais como educação, saúde e mobilidade “a funcionar, para todos, e com qualidade assente na complementaridade entre a oferta pública, oferta privada e oferta social”.

Na segurança, o Governo compromete-se a reforçar o policiamento nas ruas, e com uma justiça “mais rápida, em particular nos crimes mais graves”, bem como em prosseguir a agenda anticorrupção lançada pelo anterior executivo PSD/CDS-PP, também liderado por Luís Montenegro.

Na prioridade dedicada à habitação, o ministro assegurou que serão mobilizados “todos os setores” para ultrapassar a crise no setor, reiterando o compromisso de construir 59 mil casas e financiar os planos municipais, bem como em rever regime de arrendamento.

A oitava prioridade passa pelo programa de infraestruturas, em que se inclui a construção do aeroporto Luís de Camões, a construção das “linhas de alta velocidade projetadas e anunciadas pelo governo anterior” e em “prosseguir com a privatização da TAP”

“Nona prioridade, a estratégia ‘Água que une’ dotará o país das infraestruturas, da capacidade de armazenamento, consumo eficiente, transporte para os vários usos, num país que tem sido em vários anos muito afetado por alterações climáticas e por escassez hídrica em várias regiões do país”, explicou.

Finalmente, na área da defesa, salientou que a opção do Governo não será apenas de reforço da despesa em defesa e antecipação da meta de despesa, mas passará por “um plano de reforço estratégico do investimento”.

“Não é uma reorganização de um programa clássico por dez áreas: são as escolhas das nossas prioridades que transformam, cada uma delas como um grupo limitado de medidas, que são para fazer, e sendo feitas e executadas, transformam mesmo o país”, vincou.

Nacionalidade

O ministro António Leitão Amaro disse aos jornalistas que a revisão da lei da nacionalidade “constará do programa do Governo” que está a ser ultimado e será remetido ao parlamento no sábado.

Leitão Amaro enfatizou que “a necessidade da revisão da lei da nacionalidade”, incluindo “o alargamento dos prazos e o momento de contagem”, já tinha sido anunciada pelo anterior Governo de coligação PSD/CDS, em gestão, e retomada no programa eleitoral da mesma coligação que suporta o atual Governo.

O ministro justificou a necessidade da alteração da lei do reagrupamento familiar de imigrantes para limitá-lo, uma vez que “há uma situação de grande dificuldade da comunidade, do Estado e dos serviços públicos em responderem” aos pedidos.

“A situação atual é uma suspensão na prática”, afirmou, assinalando que “as regras têm de ser ajustadas para suportar a decisão de suspensão prática que tem acontecido”.

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