BRANDING, CONSUMO E NEGÓCIOS
Por Luiz Filho
A comunicação entre Portugal e sua diáspora, especialmente com os milhões de cidadãos luso-descendentes no Brasil, precisa urgentemente superar seu modelo burocrático e antiquado, adotando uma abordagem mais moderna e interativa que valorize e fortaleça os laços com esses cidadãos, reconhecendo sua importância estratégica na construção de um futuro compartilhado.
Portugal parece ter esquecido de um de seus maiores tesouros: os milhões de cidadãos espalhados pelo mundo, especialmente no Brasil. Enquanto o país se moderniza e busca novos caminhos para o futuro, a comunicação com sua diáspora permanece presa a um modelo burocrático e desatualizado. Os sites governamentais, embora repletos de informações relevantes, mais se assemelham a labirintos digitais, cheios de jargões complexos e navegação confusa, que afastam aqueles que buscam se reconectar com suas raízes.
Hoje, a comunicação entre o governo português e seus cidadãos imigrantes carece desesperadamente de inovação. O Portal das Comunidades e outros sites, como o gov.pt, oferecem vastos repositórios de dados, mas a forma como estão organizados não facilita o acesso. Precisamos de um portal digital único, intuitivo e acolhedor (que realmente funcione), um verdadeiro portal para a comunidade portuguesa no mundo, que centralize informações sobre direitos, oportunidades, programas de apoio e notícias relevantes, tudo disponível em diferentes idiomas e formatos.
As redes sociais, ferramentas poderosas para conectar e engajar as pessoas, estão sendo subutilizadas por um governo que parece ainda acreditar que a comunicação é um monólogo. O conteúdo, muitas vezes genérico, não provoca interesse nem instiga a interação. É urgente que essas plataformas sejam utilizadas de forma estratégica, com mensagens segmentadas para diferentes públicos, promovendo campanhas que estimulem o diálogo ativo. Influenciadores digitais e lideranças comunitárias podem atuar como aliados valiosos, aproximando o governo dos imigrantes e humanizando a comunicação.
É hora de Portugal agir! O governo deve ir além da simples disseminação de informações. Precisamos de serviços online eficientes que ofereçam agendamento de consultas consulares, emissão de documentos e suporte para quem deseja retornar ao país. A comunicação deve ser humanizada, com uma linguagem clara, um design amigável e um atendimento online que realmente resolva problemas e tire dúvidas.
As deficiências na comunicação também incluem um foco insuficiente na personalização. A diversidade da comunidade luso-descendente exige uma abordagem que leve em conta as diferentes realidades e interesses de seus membros. Campanhas e conteúdos devem ser ajustados para atender às necessidades de grupos específicos, como jovens luso-brasileiros, empresários em busca de oportunidades e aposentados que precisam de informações sobre assistência social.
Um ponto crítico é a interação limitada, que impede que as preocupações e sugestões da diáspora sejam ouvidas e, mais importante, implementadas. A introdução de plataformas interativas que permitam feedback contínuo pode transformar a relação entre o governo e os cidadãos, fazendo com que eles se sintam vistos e ouvidos.
A diáspora é um ativo estratégico para Portugal, um elo poderoso com o mundo, repleto de talentos, investimentos e novas ideias. Cada luso-descendente representa uma possibilidade de fortalecer os laços culturais e sociais, e essa comunicação deveria ser uma ponte em vez de uma barreira. É vital que o governo português reconheça e valorize esse potencial, transformando a comunicação em um canal de oportunidades que beneficie tanto a diáspora quanto o próprio país.
Além disso, o investimento em comunicação social através dos veículos da diáspora é crucial. Colaborar com rádios, jornais e sites comunitários, que já atendem às necessidades da população luso-descendente, pode garantir que as mensagens do governo cheguem de maneira mais impactante e confiável. Financiando projetos de comunicação dentro dessas comunidades, o governo não apenas amplia o alcance de suas informações, mas também reforça a identidade cultural e o senso de pertencimento.
Portugal precisa urgentemente transformar sua abordagem de comunicação. Criar um ambiente virtual que una diferentes vozes da diáspora, que valorize e celebre suas contribuições, é essencial para o fortalecimento da comunidade. A construção de uma identidade visual forte que represente o orgulho da comunidade portuguesa no exterior não é apenas desejável, mas necessária. Ao fazer isso, o governo pode engajar de forma mais eficaz os imigrantes, promovendo um sentimento de pertencimento que transcende fronteiras.
Em resumo, é hora de Portugal atender ao chamado da diáspora! Essa ligação é vital e pode gerar frutos valiosos para o país. Ao adotar uma comunicação mais humana, interativa e centrada nas necessidades dos cidadãos no exterior, Portugal não só estreitará os laços com seus imigrantes, mas também criará um futuro mais próspero e igualitário. A diáspora merece ser ouvida, e o país precisa dar atenção a essa conexão vital.
Por Luiz Filho
Publicitário, especialista em Negócios e Marketing, com 25 anos de experiência em definição de estratégias e métodos de comercialização para mercados B2B e B2C, análise de produtos, serviços e ações 360º. Atualmente, atua como Consultor On Demand, desenvolvendo ações inovadoras e estabelecendo parcerias comerciais, pela Wixi Marketing.