O último dia do Encontro Nacional do Associativismo e as conclusões dos organizadores

Encontro Nacional do Associativismo, Fortaleza, Ceará. Foto Mundo Lusíada

Por Odair Sene

[Atualizado]

 

Representantes do Acre, Roraima, Amazonas, Amapá, Pará, Maranhão, Ceará, Paraíba, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro , Santa Catarina e Espírito Santo estiveram no inédito “Encontro Nacional do Associativismo Luso-Brasileiro 2025”, realizado entre os dias 19 e 20 de março no Espaço Beneficente Portuguesa Dous de Fevereiro, em Fortaleza.

Com protocolo comandado pela mestre de cerimônias, Rochelle Gonçalves, o segundo e último dia do encontro seguiu no dia 20 quando os presentes contaram com painéis e palestras abordando o tema do associativismo, troca de idéias, e experiências entre as diferentes entidades representadas. Armando Abreu (por exemplo), que é ex-presidente da Federação das Câmaras Portuguesas no Brasil, atual conselheiro e ex-presidente da Câmara Brasil Portugal no Ceará, fez uma palestra que foi o destaque da manhã, na qual abordou “uma trajetória de sucesso empresarial com o apoio do associativismo luso-brasileiro”.

Na sequência o “Painel Participativo I” contou com a participação do dirigente de São Paulo, Antero Pereira, que é presidente do Conselho da Comunidade de SP, abordando o tema “Governança e Estatutos das Associações”, também com participação do presidente do Real Gabinete de Leitura do Rio de Janeiro, Francisco Gomes da Costa.

A mediação foi da conselheira do Pará, Carla Noura Teixeira que, em um dos apontamentos, mencionou a “missão” lançada por autoridades na busca de questões propositivas e de soluções para avançar no futuro do associativismo. “As questões destes painéis tem nos deixado muitas questões em que podemos refletir e aprender regionalmente, no sentido de somar esforços na construção da busca, por exemplo, de isenções fiscais ou concessão de isenções a partir de imóveis locados para entidades privadas”, comentou.

Após o almoço, realizou-se o 2º painel com o tema: “Apoios do Conselho das Comunidades ao Associativismo e Deputados à Assembléia da República do Círculo da Diáspora”, que reuniu o conselheiro José Wahnon o conselheiro do Pará, Luiz Otávio Rei Monteiro e mediação do presidente da Beneficente, Francisco Brandão.

Os debates contaram com marcantes intervenções dos representantes do Governo português, como o Secretário de Estado José Cesário e do Embaixador Luís Faro Ramos, os quais, inclusive, proporcionaram uma palestra acalorada, interativa e participativa sobre a importância da discussão desses temas. Além de intervenções diversas, como do presidente da Federação das Câmaras de Comércio, Carlos Lopes, e do médico, político e escritor brasileiro, ex-governador do Ceará, Lúcio Alcântara, casado com uma luso brasileira e que governou o estado de 2003 a 2007, além de ser um assíduo apoiador da Beneficente.

Na solenidade de encerramento, foi divulgada uma carta com resumo e principais conclusões do fórum. O último item confirma como anúncio oficial a realização da próxima edição em Minas Gerais, entregando o “bastão” para o grupo que deverá comandar o encontro: Cônsul em Belo Horizonte Eurico Matos, o presidente da Câmara Brasil Portugal Miguel Jerônimo, o Cônsul Honorário de Portugal em Juíz de Fora, Álvaro Fernandes, e Hamilton Almeida da Associação Portuguesa de Juiz de Fora.

Ao final participou o coral da Benê “Grupo Cultural Tapera das Artes” se apresentou (assim como na abertura), e logo na sequencia foi oferecido um coquetel aos presentes no “Palco Verde”, onde aconteceu uma apresentação do Grupo de Danças Portuguesas da Sociedade Beneficente Portuguesa.
“Realizados plenamente e superados os objetivos primordiais do Encontro. Fundar um Fórum Informal permanente entre todas as Associações, integradas com Câmaras de Comércio, Corpo Consular, Conselheiros das Comunidades e assegurar a continuidade com a realização da segunda edição. Agradecemos a todos os participantes por suas contribuições e apoio. Juntos, procuramos reinventar o associativismo” declarou Francisco Brandão, anfitrião da Beneficente Portuguesa.

Ausências

Já no termino do encontro, José Wahnon, que foi um dos organizadores do evento, comentou ao Mundo Lusíada sobre as ausências da comunidade portuguesa de São Paulo, sugerindo que mais associações se voltem ao evento. Wahnon é conselheiro das Comunidades Portuguesas do Ceará e Piauí, ativo participante do associativismo desde a criação da Câmara Brasil Portugal no Ceará, onde foi vice-presidente, além de convidado a integrar a direção da Beneficente. “Para mim foi pena São Paulo ter aderido com pouca gente porque teria sido mais interessante mais gente, por lá tem muitas associações, e não vieram. Mas pronto, quem veio participou bem. Tivemos um grande trabalho de logística, e sem o apoio da Beneficente não teria sido possível porque os apoios foram muito poucos, inclusive do Governo português”. Dos resumos e conclusões que saíram pós evento, o conselheiro disse esperar “que não se perca este encontro, que continuem, e que essas “pistas” tenham seguimento de fato”.

Sobre o evento Wahnon referiu ser um feito inédito no Brasil, ao criar um “mini conselho” juntamente com o Consulado, Beneficente, e com a Câmara de Comércio. “Houve uma grande adesão, mais de cinquenta inscritos e 16 estados. Pena que São Paulo não tivesse aderido, pena também que a gente tenha a reunião do Conselho das Comunidades [dias 21 e 22] no Recife, então afastou os conselheiros daqui”, disse ele citando, porém, a presença do presidente do CCP, Flávio Martins, e do conselheiro do Pará, Luís Otávio.

De São Paulo estavam presentes o presidente do Conselho da Comunidade, Antero Pereira, o presidente da Comunidade Gebelinense de São Paulo – Franhklin Antero de Sá Pereira, a Câmara Portuguesa de São Paulo esteve representada pela vice-presidente Leila Alves (em representação da presidente Karene Vilela).
Ainda de São Paulo, cidade de Campinas, estavam presentes: Maria de Fátima Toledo da Silva e Fábio Toledo – representantes da Beneficência Portuguesa – Real Sociedade Portuguesa de Beneficência (RSPB) de Campinas. Também esteve (somente no dia 19) a fadista, cantadeira e recém eleita diretora da Casa de Portugal São Paulo, Letícia Ferreira.

Mais presenças: o presidente da Casa de Portugal e da Lusofonia do Acre, Manuel Sousa Fonseca, esteve presente representando as Associações e as áreas consulares.

Também do Espírito Santo o representante presente foi Alexandre Mendes. De Belém do Pará esteve o presidente da Beneficente Alírio Gonçalves com a esposa Sônia Gonçalves. Da Câmara Portuguesa do Ceará, além dos já citados, estavam a Clivânia Teixeira, bem como a próxima presidente que assumirá a entidade: Patrícia Campos. A assessora especial do SECP – Carolina Araújo; O jornalista Graciano Coutinho; Américo Diniz membro da Comunidade do Macapá; da Comunidade local o Sr. Abel Osório de Castro, diretor de Patrimônio da Beneficente; Júlio Moreira (Conselho do Maranhão); Hamilton de Almeida, Comunidade de Juiz de Fora; Rômulo Soares (Câmara Portuguesa Ceará); Francisco Gomes (com esposa e filha), representando a Comunidade de Roraima.

Roraima enviou a maior comitiva
Francisco Gomes esteve presente como Presidente da Associação Comunidade Portuguesa “Forte São Joaquim” em Roraima, num total de oito membros (entre homens e mulheres), sendo a maior comissão do evento. Os presentes foram: o presidente Francisco Ângelo Gomes Chaves, seu vice: Paulo Fernando Inácio, António José Torgal dos Reis Miranda (tesoureiro), a secretária Margareth Maria Coimbra dos Reis Miranda, além das associadas: Renatta Reis Gomes Alves, Dália Cristina Mateus Castanheira, Sofia Alves Gomes Chaves, e Maria Helena Castanheira Inácio.

Na foto os representantes da entidades organizadoras: Miguel Gerónimo, Eurico Matos, Rui Almeida, Francisco Brandão e Jose Wahnon. (Foto Mundo Lusíada)

 

Conclusões do Encontro Nacional do Associativismo Luso-Brasileiro lidas ao final do evento.
Fortaleza, 19 – 20 de março de 2025

1.        Valorizar as redes que interligam os diferentes movimentos associativos luso-brasileiros cívicos, culturais, económicos ou científicos, para responder aos atuais desafios da comunidade portuguesa e luso-brasileira.

2.        Reconhecer o papel do movimento associativo luso-brasileiro na promoção do desenvolvimento económico e social do Brasil.

3.        Mapear todas as associações luso-brasileiras existentes no país,  indicando os respetivos interlocutores e contactos num portal na internet, para facilitar a comunicação e o trabalho em rede.

4.        Definir fóruns permanentes de diálogo entre as associações luso-brasileiras que facilitem a articulação entre as mesmas.

5.        Promover novas parcerias entre entidades sedeadas em Portugal e no Brasil, maximizando os recursos, as oportunidades de crescimento e de financiamento.

6.        Dinamizar a renovação do movimento associativo e divulgar boas práticas, como a constituição da Rede Saúde Portugal no Brasil e da Rede Portuguesa de Ciência e Inovação no Brasil, novos exemplos de sinergias no seio da comunidade.

7.        Reforçar os canais e as trocas de informação entre o movimento associativo sobre temáticas de interesse partilhado, incluindo sobre a gestão e a promoção de atividades conjuntas, bem como a formação e a capacitação dos dirigentes de associações na diáspora.

8.        Fomentar o envolvimento das mulheres portuguesas e luso-brasileiras na gestão das associações.

9.        Reforçar os laços dos cidadãos luso-brasileiros com o país, designadamente dos mais jovens, usando as novas tecnologias, as redes sociais e podcasts.

10.      Disponibilizar uma brochura sobre Portugal e a cidadania portuguesa a todos os requerentes da nacionalidade portuguesa ou que a adquiriram recentemente.

11.      Reforçar a participação cívica e política da comunidade portuguesa no Brasil para definição de políticas públicas que respondam aos desafios e às preocupações específicas dos cidadãos portugueses.

12.      Assinalar a importância da Rede Consular de Portugal no Brasil – Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Belo Horizonte, Belém, Fortaleza, Recife, Curitiba e Porto Alegre – para a prossecução dos objetivos do movimento associativo e o diálogo constante com o Estado português. 

13.      Reforçar a disseminação de informação de apoios públicos ao movimento associativo, incluindo os procedimentos de candidatura e os critérios de atribuição, com o envolvimento da Rede Consular, incluindo dos consulados honorários.

14.      O próximo encontro nacional do associativismo luso-brasileiro será realizado em Minas Gerais, em 2026.

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