Além de dar aulas de inglês e português, uma vez por semana uma lisboeta trabalha como empregada num restaurante em Tóquio, e canta fado quando surgem oportunidades, mas os convites são cada vez mais raros.
Mundo Lusíada Com Lusa
Enquanto o Japão aguarda o lançamento de um novo pacote de estímulo econômico avaliado em 76 bilhões de euros, estrangeiros como a portuguesa Laura Mártires continuam a engrossar a lista de excluídos do mercado de trabalho formal. De acordo com o Ministério do Trabalho, Saúde e Bem-Estar Social do país, mais de 190 mil pessoas perderão os seus empregos até junho. A recessão que abate o líder asiático já é considerada a pior desde a Segunda Guerra. Laura Mártires, 28 anos, chegou ao Japão para fazer um intercâmbio estudantil, há cinco anos, e acabou por ficar no país num mestrado na Universidade de Tóquio (Todai). Tal como esta arquiteta do Algarve, outros três funcionários perderam o emprego no escritório onde trabalhava. “Durante um mês e meio, tive de comer pão e sopa. Agora, o meu plano é juntar dinheiro para procurar emprego na Europa”, conta ela à espera do último salário. De acordo com o Governo japonês, o índice de desemprego em solo nipônico atingiu os 4,4% em fevereiro, o pior desempenho dos últimos três anos. Graças à queda nas exportações para os Estados Unidos, o maior número de demissões está concentrado na indústria, sobretudo nas fábricas de eletrodomésticos e automóveis – segmentos onde está a maior parte da mão-de-obra brasileira, peruana e emigrada de vizinhos asiáticos, como China, Filipinas e Tailândia. Para encarar a crise, milhares de emigrantes têm-se rendido às oportunidades de trabalho temporário que ainda surgem nas grandes cidades japonesas. No caso de Laura Mártires, a solução foi recorrer às aulas de inglês e aos trabalhos de tradução. O setor privado não foi o único a travar os gastos para enfrentar a recessão mundial. O maior programa de concessão de bolsas de estudos para estrangeiros do arquipélago, o Monbukagakusho, também sofreu cortes nos últimos meses. A bióloga marinha Ana Teresa Gonçalves, 28 anos, conta que a bolsa que recebe foi reajustada quatro vezes num período de três anos. Hoje, o auxílio é 11,2% menor do que no início do seu mestrado na Universidade de Ciência Marinha e Tecnologia de Tóquio. “A universidade disse-nos que o valor diminuiu para que mais estudantes estrangeiros possam vir ao país”, destaca Ana Gonçalves, que nas horas vagas, além de dar aulas de inglês e português, uma vez por semana a lisboeta trabalha como empregada num restaurante espanhol em Tóquio. A estudante também canta fado quando surgem oportunidades, mas os convites são cada vez mais raros. “A freqüência de clientes no restaurante também caiu bastante, às vezes nem vale a pena abrir”, explica. “A bolsa ajuda-nos a ter estabilidade, a pagar o transporte, a casa e a comida. Mas se queres ter uma vida mais confortável, é preciso fazer outras atividades”, destaca. De acordo com a Embaixada de Portugal em Tóquio, há 488 portugueses no Japão. A maioria é composta por estudantes de pós-graduação e funcionários de multinacionais, que, segundo a representação diplomática, não foram afetados com gravidade pela recessão. Registro polêmico Com o agravamento da situação econômica, o Japão deu início em abril a um polêmico registro de imigrantes descendentes de japoneses desempregados, a maioria brasileiros e peruanos, dando três mil dólares (2,2 mil euros ao câmbio atual) para estes trabalhadores deixarem o país. Além do subsídio, cada dependente do trabalhador terá ainda direito a um valor adicional de dois mil dólares (1,5 mil euros). Nobuo Okuma, 60 anos, da cidade de Oizumi, na província de Gunma, é um dos que pensa aceitar o benefício. "Por enquanto, estou recebendo o seguro de desemprego e continuo a procurar uma vaga de trabalho. Se o seguro acabar e não conseguir recolocação, então o jeito vai ser voltar ao Brasil", diz o trabalhador, que está no país há três anos. Porém, em alguns setores da comunidade, a medida do Governo não foi bem recebida: "O Governo teve 20 anos para criar uma estrutura para esses trabalhadores e integrá-los na sociedade local, no entanto nada disso foi feito e agora o Japão quer simplesmente se livrar desses trabalhadores", critica o sindicalista e ativista social Francisco Freitas. Já Carlos Zaha, presidente do Brasil Fureai, um grupo que foi criado para ajudar os brasileiros desempregados, defendeu a criação de uma entidade que atue no país e evitar que os trabalhadores precisem deste benefício, buscando “soluções rápidas para os problemas atuais”, diz Zaha. Assim como fez a Espanha no ano passado, quando deu início ao Plano de Retorno Voluntário, o Japão vai proibir o regresso ao país com visto de trabalho a quem aceitar o benefício. Só que, ao contrário do país europeu, que estipulou um prazo de três anos, o arquipélago ainda não definiu por quanto tempo será suspenso o visto. Quando foi anunciada a medida, a Embaixada enviou uma nota ao Ministério das Relações Exteriores do Japão, colocando-se contra a decisão. "O texto estava mal redigido e dava a entender que quem pegasse o dinheiro não poderia voltar nunca mais ao Japão", justifica Patrícia Cortês, secretária do Setor de Comunidade da Embaixada do Brasil em Tóquio. Na semana seguinte, o Governo divulgou uma nota com mais detalhes sobre o projeto. "Agora eles deixaram claro que o objetivo é ajudar os que estão muito necessitados e não têm condições de pagar uma passagem de volta ao Brasil", conta a diplomata brasileira. Segundo fontes do Governo de Tóquio, o período não foi definido ainda porque o executivo quer esperar uma reação da economia japonesa. "Na hora em que a economia reaquecer, eles vão precisar dessa mão-de-obra de novo", lembra Cortês. A crise internacional está provocando uma das piores recessões no Japão desde a Segunda Guerra Mundial e cerca de 50 mil brasileiros enfrentam a ameaça de demissões, havendo já casos de quem perdeu o emprego, o teto e precise do auxílio da comunidade.
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