Por Odair Sene
Mundo Lusíada
Começou em Fortaleza, no Ceará, o Encontro Nacional do Associativismo Luso-Brasileiro, nesta quarta-feira, com a presença do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, do embaixador de Portugal no Brasil, Luís Faro Ramos, e do presidente do Conselho das Comunidades Portuguesas Flavio Martins.
O evento singular no Brasil recebeu diversas autoridades portuguesas, dirigentes associativos, conselheiros das comunidades, e representantes de associações luso-brasileiras de 16 estados do Brasil, numa iniciativa inédita.
Ao Mundo Lusíada, José Cesário defendeu a unidade no associativismo, para fortalecimento das associações luso-brasileiras. “Este encontro é muito importante, estão aqui sentadas acho que pela primeira vez, pessoas de uma dezena de estados, são representantes de associações da comunidade com muita força, com muita história. E, portanto essa gente que aqui está, como muitos outros que não estão e poderiam estar e espero que venham a estar em futuros eventos, podem dar uma dinâmica completamente diferente ao nosso associativismo no Brasil, na certeza de que a questão da unidade é determinante, valorizar aquilo que nos deve evoluir e não o que nos deve separar”.
Cesário citou, por exemplo, atividades que mais unem e mobiliza as pessoas. “Vamos tentar que várias associações, até de comunidades diferentes, se juntem e colaborem umas com as outras. Isso é muito importante, e mais importante num momento em que, infelizmente temos muita gente no mundo que procura valorizar a desunião. Nós temos que lutar muito pela unidade, pela aproximação e evitar ao máximo o que nos separa”.
Sobre o apoio governamental para a diáspora portuguesa anunciada no governo PSD, mesmo com derrubada do governo seguindo a eleições antecipadas, Cesário declarou que está sendo concluído o concurso, tento sido tomadas todas as decisões essenciais na vertente técnica para atribuição de mais de um milhão de euros como apoios deste ano. “E no fim deste ano, vai se realizar um novo concurso já com novo enquadramento legal, saiu ontem o novo diploma em Diário da República, que regula isto, e que, vai implicar mais centenas de milhares de euros. Por outro lado, está a decorrer o segundo concurso de apoios ao movimento associativo que é muito importante, os órgãos de comunicação social portugueses que participem, procurem os apoios” disse o secretário confirmando o que está em curso refere-se ao Orçamento de 2025 já aprovado no Parlamento.
“No final de 2025 terá de ser aprovado o orçamento para 2026, mas 2025 não está em causa. A única coisa que agora está limitada é a capacidade do governo para aprovar nova legislação, novas decisões que impliquem em decreto-lei, isso não podemos fazer. Quanto ao resto, executar aquilo que está aprovado nós podemos”.
Organização do evento
Ao Mundo Lusíada, o presidente da Beneficente Portuguesa de Fortaleza, falou como um dos anfitriões do encontro, realizado a “quatro mãos”, que contou com Raul Santos, presidente da Câmara Brasil-Portugal no Ceará, José Wahnon, conselheiro das comunidades no Ceará e Piauí, Dr. Rui Almeida, vice-cônsul de Portugal em Fortaleza, além de Francisco Brandão, da Beneficente Portuguesa. “Tudo isto foi organizado a quatro mãos, desde o Dia de Portugal do ano passado até hoje. Nesse sentido, já é inédito. E juntamos então pessoas de todo o país. As Câmaras de Comércio vieram aqui fazer sua Assembleia, do corpo consular temos quatro titulares, o Embaixador de Brasília, a titular de Belém, e o cônsul de Belo Horizonte”.
Francisco Brandão citou a continuidade como um dos objetivos dessa iniciativa. “Um deles é que este nosso filho caminhe com suas pernas, e colocamos ‘Encontro Nacional do Associativismo Luso-Brasileiro’, não colocamos primeiro encontro, porque só podemos ter o primeiro quando houver o segundo. A nossa alegria é ver que nos depoimentos e testemunhos já vemos intenção e grande vontade de que este evento se repita no próximo ano”.
Dentre os temas abordados no evento, reinventar o associativismo e a união entre as associações foram bastante defendidos pelos participantes.
O vice-cônsul Rui Almeida falou ao Mundo Lusíada sobre os meses de preparação. “Há uma colaboração entre as diferentes instituições, a Beneficente, a Câmara de Comércio, o vice-Consulado e o conselheiro das Comunidades Portuguesas. É um formato que penso ser inédito, acho que é primeira vez que essas entidades se juntam para organizar este evento que é tão importante para o movimento associativo português. De fato, foi aqui referido várias vezes, por quase todos os intervientes, nomeadamente pelo secretário de Estado das Comunidades, que é fundamental a união, trabalharmos juntos, trabalharmos em rede, juntarmos esforços para atingirmos nossos objetivos. Este evento é exatamente o exemplo disso mesmo”.
Durante seu discurso, o presidente do CCP Flavio Martins defendeu ainda que vice-consulado deveria ser Consulado, escritório consular também deve ser Consulado. Segundo Rui Almeida, a intenção do governo é passar todos os postos de vice à Consulados, e que iria ser concretizados em breve mas é possível que o processo atrase alguns meses com a crise política em Portugal. “É um objetivo que já tinha sido anunciado até pelo presidente português que há pouco tempo esteve no Brasil, que os vice-consulados iriam passar a consulado”.
A abertura do encontro contou com o Coral da Beneficente Portuguesa, que após sessenta dias de ensaios, estreou no evento apresentando “Canção do Mar” e “Uma casa portuguesa”, além dos hinos de Portugal e do Brasil.
São dois dias, 19 e 20, de debates entre associações luso-brasileiras representativas de várias regiões, representantes do Corpo Consular Português no país, Câmaras Brasil Portugal de Comércio Indústria e Conselheiros das Comunidades Portuguesas, para discutir a importância do associativismo e de mais apoios governamentais.
Na parte da tarde, iniciaram os painéis informativos, que abordaram apoios do Estado ao associativismo, e contou com o cônsul de Belo Horizonte, Eurico Matos, Vice-cônsul em Fortaleza, Rui Almeida, Paulo Fernando Inácio, vice-presidente da Comunidade Forte São Joaquim de Roraima.
No segundo painel sobre renovação nas associações portuguesas, esteve presente Alírio Gonçalves do Hospital Beneficente Portuguesa de Belém do Pará, e Julio Gomes, conselheiro da Comunidade Luso-Brasileira no Maranhão, com moderação de Rômulo Soares, diretor da CPBCE.