Mundo Lusíada com Lusa
Pela primeira vez em 10 anos foi concedida a nacionalidade portuguesa em maior número a pessoas a viver no estrangeiro do que em Portugal, a maioria por naturalização e em 77 % dos casos invocando a descendência de judeus sefarditas.
“O número de aquisições da nacionalidade por pessoas a viver no estrangeiro aumentou de duas mil para 30 mil entre 2011 e 2021”, destaca-se um estudo da Pordata divulgado, neste Dia Internacional dos Migrantes.
Os cidadãos de Israel (65 %) destacam-se entre os residentes no estrangeiro que no ano passado obtiveram a cidadania portuguesa (19.466). Seguem-se os brasileiros (5.398), os cabo-verdianos (407), os angolanos (317) e os ucranianos (16).
A naturalização passou a ser possível a maiores ou emancipados que não tivessem sido condenados a pena de prisão igual ou superior a três anos e que demonstrassem “as circunstâncias que determinam a tradição de pertença a uma comunidade sefardita de origem portuguesa, designadamente, apelidos de família, idioma familiar, descendência direta ou relação familiar na linha colateral de progenitor comum a partir da comunidade sefardita”.
Entre os residentes em Portugal, 24.516 obtiveram a cidadania portuguesa em 2021, a maioria (61 %) por viverem no país há pelo menos seis anos.
Nessa situação, os brasileiros (7.736) foram a nacionalidade mais representada entre aqueles a quem foi concedida a nacionalidade portuguesa por residência no país, os cabo-verdianos (2.913) os segundos com maior expressão, a que se seguiram os ucranianos (1.603), os angolanos (1.587) e os israelitas (1.013).
O casamento ou união de fato com um português foi o motivo para atribuir a cidadania em 16 % das situações, na globalidade.
De todos os novos passaportes portugueses emitidos no ano passado, 45 % foram para estrangeiros descendentes de judeus sefarditas e 28 % por as pessoas residirem no país há pelo menos seis anos.
“Em 2021, as aquisições de nacionalidade portuguesa mais do que duplicaram face a 2011”, é referido no estudo.
No ano passado, foram atribuídos 865 vistos Gold em Portugal, que resultaram num investimento de 461 milhões de euros, o equivalente a 01 % do total de investimento privado no país, menos 186 milhões de euros que no ano anterior, “confirmando uma trajetória de decrescimento verificada desde 2017”, refere o documento.
Segundo o mesmo levantamento feito pela Pordata, desde o início do programa dos vistos Gold, uma autorização de residência para atividade de investimento atribuída pela realização de investimento, empresarial ou imobiliário, em território português, em 2012, foram concedidos 10.254 vistos que geraram 20 postos de trabalho, uma média de dois por ano.
Ainda, dos quase 80 mil bebês nascidos em 2021 em Portugal, mais de 10 mil – 14 % – são filhos de mães estrangeiras.
Os rendimentos e o risco de pobreza ou exclusão social da população estrangeira variam em função da nacionalidade, afetando mais residentes em Portugal originários de fora da União Europeia (UE), segundo o estudo.
“O risco de pobreza ou exclusão social na população adulta em Portugal é menor entre cidadãos portugueses (22 %) do que entre estrangeiros (35 %), sendo mais alto entre cidadãos de países fora da UE27 (37 %) do que entre cidadãos de países que integram a UE27 (27 %)”, diz o documento, referindo-se a pessoas com 18 ou mais anos.
De acordo com a mesma análise, em Portugal os rendimentos dos portugueses são mais elevados do que os dos cidadãos estrangeiros de países fora da União Europeia, composta por 27 Estados-membros (UE27), mas mais baixos quando comparados com cidadãos estrangeiros de países da UE27.
Avaliando o rendimento médio equivalente por nacionalidade, que tem em consideração o rendimento monetário obtido pelos agregados e por cada um dos seus membros após dedução dos impostos e das contribuições para a segurança social, e que corresponde à quantia que cada pessoa teria se todas as famílias vivessem com o mesmo número de adultos e de crianças, um residente estrangeiro em Portugal da União Europeia dispõe de 12.585 euros.
No polo oposto estão os residentes estrangeiros de países fora da União Europeia, que auferem 10.080 euros, enquanto o rendimento médio equivalente de um português é de 11.138 euros.