Políticos no Brasil e em Portugal lamentam morte de Roberto Leal

Velório do Roberto Leal acontece na Casa de Portugal S.Paulo. Foto Odair Sene/Mundo Lusíada

Mundo Lusíada

O velório do português mais brasileiro de todos os tempos ocorre nesta manhã na Casa de Portugal de São Paulo.
O cantor Roberto Leal, que vivia no Brasil desde criança, morreu de madrugada deste domingo em São Paulo, aos 67 anos. Ele estava internado desde o dia 09 e sofria de um melanoma maligno (câncer de pele) que evoluiu, atingindo o fígado, causando síndrome de insuficiência hepato-renal.
Casado há 45 anos com Marcia Lucia, Roberto Leal é pai de três filhos nascidos no Brasil, e tem dois netos.
Roberto Leal – nome artístico de António Joaquim Fernandes – dividiu a sua carreira entre Portugal e o Brasil, mas teve ainda passagens na política, no cinema e na televisão.
O cantor nasceu em Portugal, na aldeia transmontana Vale da Porca, concelho de Macedo de Cavaleiros, de onde em 1962 emigrou aos onze anos para o Brasil, com os pais e os nove irmãos.
Vendeu mais de 17 milhões de discos, conseguiu 30 Discos de Ouro e cinco de platina e ganhou vários prêmios, entre os quais o Troféu Globo de Ouro, da TV Globo, em 1972.
A sua carreira foi repartida entre Portugal e o Brasil, onde residia, apresentando-se como embaixador da cultura portuguesa no Brasil.

Presidente de Portugal
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recordou “com amizade” o cantor português Roberto Leal, e sublinhou “o seu papel junto das comunidades portuguesas”.
“O Presidente da República recorda Roberto Leal com amizade, lembrando o seu papel junto das comunidades portuguesas, nomeadamente no Brasil, com ligação às suas raízes, durante várias décadas”, lê-se numa nota da Presidência, em que Marcelo também expressa as suas condolências à família.
O embaixador de Portugal em Brasília, Jorge Cabral, classificou a morte do cantor de “perda irreparável” para Portugal. “O seu falecimento representa uma perda irreparável para a família portuguesa, para Portugal, para a comunidade luso-brasileira, mas, seguramente também, para o mundo artístico e para o panorama musical em geral”, escreveu Jorge Cabral.
“Roberto Leal, nome artístico de António Joaquim Fernandes, foi um homem simples e amigo, sempre orgulhoso das suas origens e da sua pátria, honrando as tradições e a música popular portuguesas. (…) Nessa medida, poderá ser genuinamente considerado um “embaixador da cultura portuguesa no Brasil”, acrescentou ainda o diplomata.
Jorge Cabral recordou “com emoção” o encontro que manteve com o cantor, em janeiro deste ano, em São Paulo, por ocasião da deslocação ao Brasil do secretário de Estado das Comunidades, José Luis Carneiro, altura em que Roberto Leal lhes falou, “com grande paixão e entusiasmo”, dos diversos projetos ligados à sua atividade profissional, que pretenderia realizar.
Também o presidente do Conselho Permanente do Conselho das Comunidades Portuguesas (CP-CCP), Flávio Martins, lamentou, em nome pessoal, o falecimento de Roberto Leal, frisando que apesar do “dinheiro e fama” que acumulou ao longo da vida, o cantor nunca ignorou as suas origens, e os seus “valores”.
“Vendeu milhões de discos, ganhou fama, dinheiro e conforto, mas nunca deixou de reverenciar a sua família, o seu país e os seus valores mais essenciais, fosse por meio de sua música, fosse pelo jeito carinhoso, respeitador e atencioso como atendia a quem o procurasse. Nunca o vi, mesmo muito cansado, deixar de atender todos os fãs que quisessem um abraço, um beijo, uma foto, um pouco da atenção do ídolo”, disse Flávio Martins, em declarações à Lusa.
“Nestes mais de 45 anos de carreira como Roberto Leal, justificou o nome que adotou: “Leal”, e foi assim como todos que lidaram com ele, leal e sempre com palavras carinhosas para quem quer que fosse: personalidade ou anônimo, da comunidade portuguesa ou não”, afirmou Flávio.
Também o cônsul-geral de Portugal em São Paulo, Paulo Nascimento, disse que ele era um símbolo que soube fazer a ponte entre o povo brasileiro e o português.
“Fomos hoje confrontados com a notícia da morte do Roberto Leal e apesar de sabermos da doença dele foi uma surpresa. Há um sentimento enorme de carinho por ele que, ao longo da carreira, tornou-se um símbolo da comunidade e soube fazer uma boa ponte entre o povo brasileiro e o português”, disse o cônsul-geral de Portugal. “A música dele fazia esta fusão, era um ponto de ligação, entre a cultura portuguesa e a brasileira”, acrescentou.
Manuel Magno Alves, presidente do Conselho da Comunidade Luso-brasileira do estado de São Paulo também lamentou. “A comunidade portuguesa está muito consternada porque ele era um dos símbolos que tínhamos. Era uma espécie de embaixador da música portuguesa no Brasil e no mundo. Vai demorar um tempo para termos outro representante fazendo o que ele fazia”, disse. “Recebemos com choque a notícia da sua morte e, embora soubéssemos que estava doente, nos últimos meses Leal tinha retomado a agenda de shows e acreditávamos que ele pudesse ficar conosco mais tempo”, acrescentou Magno Alves.
O Governador de São Paulo, João Dória, considerando que vai deixar saudades porque ele era “português de nascimento e brasileiro de alma”. “Roberto Leal vai deixar saudades. Era português de nascimento e brasileiro de alma. Amava as suas terras e tinha muitos admiradores em ambas. Minha solidariedade à família e amigos. Descanse em paz, Roberto [Leal]”, escreveu João Dória na rede social Twitter.
Após o falecimento, o PS cancelou as atividades de campanha para as legislativas de outubro previstas para São Paulo nesta segunda-feira, que incluía Augusto Santos Silva, ministro português dos Negócios Estrangeiros.

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