Longas distâncias até mesas de voto afastam portugueses das Europeias, diz conselheiro

Arquivo/Mundo Lusíada: O secretário de Estado das Comunidades Portuguesa José Carneiro em visita ao Brasil.

Da Redação
Com Lusa

O presidente do Conselho Regional da América Central e do Sul, António Graça, declarou que as longas distâncias até às mesas de voto irão afastar as comunidades portuguesas das eleições europeias.

António Graça, que é também conselheiro do Rio Grande do Sul, da capital Porto Alegre, usou a sua região para ilustrar as dificuldades que os portugueses atravessam para exercer o seu direito de voto.

“Em referência ao Rio Grande do Sul, temos o vice-consulado em Porto Alegre que vai acolher as mesas de voto do dia 25 e 26 de maio. Em Pelotas e Rio Grande (municípios do estado do Rio Grande do Sul), onde temos uma comunidade portuguesa muito grande, as distâncias são muito extensas. A distância entre Pelotas (e Porto Alegre) é de 255 quilômetros, e de Rio Grande (até Porto Alegre) é de 340 quilômetros”, afirmou o conselheiro, referindo que as viagens de carro desde as duas cidades até às mesas de voto oscilam entre três a quatro horas e meia.

António Graça frisou ainda que tanto Pelotas como Rio Grande têm consulados honorários nas suas cidades, facto que levou as comunidades portuguesas da região a questioná-lo acerca da inexistência de urnas de voto nesses postos consulares.

“As pessoas têm que se deslocar de autocarro ou de carro para Porto Alegre. A situação é assim, e sempre assim foi. Temos uma baixa muito grande de utentes de Pelotas e Rio Grande devido às distâncias, e eles não se vão deslocar dessas duas cidades simplesmente para votar”, garantiu o conselheiro, em declarações à Lusa, acrescentando que essas circunstâncias não são exclusivas da sua região, e que se estendem por outras cidades brasileiras, venezuelanas e argentinas.

Para o presidente do Conselho Regional da América Central e do Sul a solução pode passar pela colocação de urnas de voto nos consulados honorários, mas frisou que o executivo português deveria deslocar-se até essas regiões para ter uma real percepção das distâncias entre localidades.

“Acho que o Governo português ou os responsáveis por essas áreas, tanto de postos consulares como das eleições, deveriam dar uma volta aqui pelo Brasil, visitar as comunidades, para verem como são longas as distâncias. As pessoas não vão gastar dinheiro do seu bolso para poderem votar. O que é uma pena, pois é uma perda muito grande, (…) e os votos só se concentram nos grandes centros, onde há consulados ou vice-consulados”, declarou o membro do órgão consultivo do Estado português.

Apesar de acreditar que o número de votantes irá aumentar nas Europeias deste ano, António Graça disse esperar que o executivo nacional reveja a presente situação.

A maior circunscrição no Brasil é em São Paulo, onde estão este ano recenseados 125.003 eleitores e onde haverá duas mesas de voto, uma no consulado-geral e outra no escritório consular da cidade de Santos.

Questionado pela Lusa, o cônsul-geral de Portugal em São Paulo, Paulo Nascimento, disse que o número de mesas abertas par votação nestas eleições europeias está adequado porque historicamente o comparecimento de cidadãos portugueses que vive no Brasil em votações desse tipo é baixo.

“A expetativa sobre o número de votantes, por razões diversas, indica que a abstenção é elevada. No Brasil a abstenção é elevada nas eleições nacionais e, particularmente, [nas eleições] para o Parlamento Europeu. A experiencia nos diz que o número de votantes não será elevado”, disse.

Cerca de 10,7 milhões de eleitores estão registados nos cadernos eleitorais portugueses para votar nas eleições para o Parlamento Europeu, de acordo com os últimos dados do recenseamento eleitoral.

O número de eleitores residentes no estrangeiro passou de menos de 300 mil nas eleições de 2014 para 1.431.825, resultado do processo de recenseamento automático.

Deste total de cerca 1,4 milhões, 583.680 são residentes fora da Europa e 848.145 estão inscritos como residentes na Europa.

No Brasil estão recenseados 222.270 eleitores, sendo a maioria na região de São Paulo (125.003), enquanto na Venezuela estão registados 53.936 e na Argentina 5.390.

Contactado pela Lusa, o secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro, anunciou que haverá 156 locais de voto em 70 países, um reforço de 20% face a 2014, mas admitiu que mesmo assim os emigrantes não se sintam satisfeitos. “Infelizmente não conseguimos criar no estrangeiro uma resposta tão próxima e qualificada como a que temos em território nacional”, disse.

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