Por Odair Sene
No último dia 06 de junho, a Casa de Portugal do Grande ABC recebeu um ótimo público em sua sede, em Santo André (ABC Paulista), quando realizou um jantar com show de fados da cantora Ananda Botelho que veio do Rio de Janeiro em única apresentação em São Paulo. Ela foi acompanhada no palco pelos músicos: Wallace Oliveira na guitarra portuguesa. Sérgio Borges na viola de fado. Renan Silva na percussão.
A noite também foi marcada por importantes presenças como da vice prefeita andreense, Silvana Medeiros, acompanhada da filha e do marido Sr. Medeiros, além de dirigentes associativos e do cônsul adjunto Jorge Longa Marques que foi homenageado pela Casa, com uma placa entregue pelo presidente Paulo Freitas.
Numa breve solenidade realizada antes do jantar, foram executados os hinos de Portugal e do Brasil. O presidente Paulo Freitas chamou a vice prefeita Silvana Medeiros e o cônsul adjunto Jorge Longa Marques, falou um pouco sobre o que é Portugal e a relação com o Brasil, a herança viva nas ruas, etc.
“Nos sobrenomes, nos sotaques e, sobretudo, nos valores que unem os dois povos. A amizade, o trabalho, a liberdade e a fé no futuro”, disse o presidente citando o Dr. Jorge Longa Marques, como o cônsul “mais atuante aqui em São Paulo”, já no posto há cinco anos “e estará nos deixando no próximo mês, onde irá assumir funções no Consulado de Portugal de Buenos Aires, na Argentina”, disse entregando uma placa em homenagem ao diplomata, pelo seu comprometimento, dedicação e atuação diplomática que fortalecem os laços históricos e culturais entre Brasil e Portugal.
Jorge Marques agradeceu e disse que o trabalho dos diplomatas “é temporário mesmo, é assim mesmo que funciona”, dando como uma justificativa, que tem mesmo que ir para outro sítio. Elogiou também a Casa, “que a Casa também faz o papel dela muito bem”.
A vice prefeita Silvana Medeiros também falou sobre a despedida do cônsul, agradeceu por todo o trabalho realizado, “por deixar a raiz da comunidade portuguesa para nós, porque essa comunidade pertence a gente, olha quem foi o João Ramalho”, disse reforçando que a comunidade está inserida no calendário das comemorações da cidade. “Fica aqui o abraço do nosso querido prefeito Gilvan”, finalizou.
Ananda Botelho, mais uma revelação do Fado no Brasil
Ao Mundo Lusíada a artista convidada, Nanda Botelho Mendes, vinda do Rio de Janeiro para fazer o show Luso-Brasileiro, comemorativo ao 10 de junho, disse que foi sua primeira vez cantando em Santo André, na Casa de Portugal do Grande ABC, mas por várias vezes cantou em Portugal, como em São Paulo, na Casa de Portugal de São Paulo, e em outros locais, em parceria com a Ciça Marinho inclusive.
No Rio tem cantado em restaurantes e na Casa do Porto, “eu faço muito restaurantes portugueses, bistrôs, centros culturais, etc” referiu ela que é uma jovem fadista, mais uma revelação da música portuguesa, que canta fados no Brasil, tendo já se apresentado em Fortaleza, no Festival de Música da Prefeitura de Fortaleza, defendendo um fado dentro de um festival brasileiro de música.
Esta noite na Casa de Portugal, Ananda trouxe o show “Caminhos Lusitanos”, com algumas marchas que falam sobre as belezas dos bairros de Lisboa, mas também canções e fados variados que remetem às diferentes regiões de Portugal. “Tem um outro projeto que eu faço lá no Rio também, que é o ‘Contos de Fado’, em que eu canto fados bem alternativos, muito pouco conhecidos, mas que trazem histórias de personagens históricos do fado, de uma maneira divertida e curiosa, e que eu posso também compartilhar um pouco com o público, falando sobre o que eu conheço do fado, e o que eu conheço desses personagens. Então, eu procuro sempre ter uma diversidade, uma abrangência no meu repertório”, disse a simpática artista com seu inconfundível sotaque carioca.
“Eu sou apaixonada por fado, então eu adoro estudar repertório, estudar principalmente a história do fado, conhecer mais, e ter um leque bem variado de repertórios. Então, por exemplo, lá no Rio eu lancei um show chamado ‘Fado Mulher’, que eu gostaria muito de trazer para São Paulo, que é com os grandes clássicos da Amália Rodrigues, alguns também que ela não gravou, mas é basicamente feito de fados muito famosos”.
Porque quando eu comecei a ouvir fado, eu fiquei tão impactada com aquilo. Eu me identifiquei com aquilo, com as letras e com a própria musicalidade. Parecia que estava falando de uma coisa do fundo da minha alma. E eu não estudava, ainda não entendia. A gente fica, às vezes, dependendo da internet, não tem o conhecimento do convívio no meio do fado. Então, eu não entendia muito.
Eu nunca achava que ia trabalhar profissionalmente com isso, porque era uma coisa que era realmente muito íntima para mim. Era o meu momento, no final do dia, de sentar e cantar alguns fados dentro de casa. E, com o tempo, isso foi ganhando vulto.
Eu fui sendo chamada para projetos. E aí eu considero que o meu mergulho mesmo, que eu realmente enveredei, transformei a minha carreira numa carreira como fadista, faz quatro anos e meio, mais ou menos vai fazer cinco anos no final desse ano. E foi quando eu fui cantar pela primeira vez em Fortaleza, no Festival de Música da Prefeitura de Fortaleza, defendendo um fado dentro de um festival de música brasileiro.