Terminou a mais recente Cimeira do Nada, em torno de uma das mais fantásticas questões criadas aos povos da Europa e do Mundo por meia dúzia de políticos lunáticos, que nos têm arrastado para um clima de crise e de ansiedade por muitos completamente impensável, onde eu mesmo me incluo.
Esta cimeira, porém, mostra, e à saciedade, como a História se repete, ora num clima de guerra, ora num outro de paz. Guerra e paz que se sucedem como reflexos das adaptações da dinâmica social às realidades que se nos vão apresentando, e criadas, invariavelmente, por grupos extremamente minoritários.
Não deixa, porém, de se nos mostrar com um grande mimetismo o estado da Europa de hoje, com o dos anos que antecederam a guerra de 1939/1945, e se constituíram, em boa medida, nos seus primeiros passos.
Este grande conflito foi claramente desencadeado e comandado pela Alemanha de então, tal como agora é a Alemanha que comanda toda a estrutura da União Europeia. Depois da invasão da França pelas tropas alemãs, aquela capitulou completamente, transformando-se no Estado colaboracionista de Vichy, liderado por Laval, tal como a França de hoje, chefiada por Nicolas Sarkozy, se nos mostra completamente subordinada à liderança alemã.
E não deixa de ser irónico constatar que o Reino Unido, então como hoje, se manteve estoicamente fora deste binómio que comanda e subjuga a União Europeia atual, tal como acabou por dar-se ao tempo do início da Grande Guerra de 1939/1945. Ou seja, a História repete-se.
Interessante foi ter podido escutar o debate com Raul Rosado Fernandes e Leonardo Matias, moderado por Constança Cunha e Sá, na TVI 24, na passada quinta-feira à noite, porque se o primeiro nos salientou o caráter extremamente pouco democrático desta União Europeia – cada dia é menos democrática…–, o segundo explicou-nos a verdadeira causa deste vírus que hoje atinge os europeus, e que é o famigerado euro.
Contou ali Leonardo Matias o pânico que se apoderou de François Miterrand ao dar-se conta de que iria ter lugar a reunificação alemã, assim transformando o marco na moeda central e superior da Europa, de pronto decidindo que seria essencial criar uma moeda nova, europeia, que pudesse apagar da História o marco. Bom, o resultado está à vista: a Alemanha sempre a comandar, a França sempre a ser comandada e condicionada. E a razão é simples: a História dos povos está muitíssimo para lá de se possuir esta ou aquela moeda.
Mas o embaixador referiu ainda um dado muitíssimo essencial, e que o tempo do politicamente correto de hoje impede que seja explicitado: a infeliz ideia de tentar ver a União Europeia como potência, porque realmente o não é, dado que tudo se fica, por razões históricas e culturais, por um aglomerado de Estados ou Nações com traços próprios e imiscíveis. A União Europeia é um amontoado de experiências e vivências históricas, boas ou más, mas não constitui a unidade por muitos apregoada.
Resta agora ver o que vai fazer o PS de António José Seguro, dado que o PSD de Pedro Passos Coelho e o CDS/PP de Paulo Portas, como seria de esperar, seguiram o caminho de quem deixou de ter voz e pensamento político próprios. Será que o PS de António José Seguro se vai deixar levar na onda da revisão constitucional, mesmo depois do próprio Presidente da República ter já salientado o significado do défice enquanto variável económica? Não creio, mas também não me admirarei que o PS possa ir na onda, porque esse tem sido o ensinamento que de si mais os portugueses receberam. A ver vamos.
Por Hélio Bernardo Lopes
De Portugal