O Rio de Janeiro é, a partir deste dia 27, o centro mundial da inovação tecnológica, com 28 ‘startups’ portuguesas entre as mais de 1.000 na Web Summit Rio, que quer criar novas pontes num momento de mudança nas alianças comerciais. O Riocentro, na Barra da Tijuca, vai receber até quarta-feira mais de 34.000 participantes, mais de 1.000 ‘startups’, 600 investidores de fundos globais e 300 palestrantes, de acordo com a organização.
A missão portuguesa na Web Summit no Rio quer aproveitar a relação crescente entre os dois povos e ajudar a criar negócios nos dois lados do Atlântico, disse o diretor executivo da Startup Portugal.
“Caracterizar Portugal como um dos principais ‘hubs’ de empreendedorismo”, resumiu assim à Lusa António Dias Martins, no Palácio de São Clemente, no Consulado de Portugal no Rio de Janeiro, no arranque da equipe portuguesa desta terceira edição da Web Summit na “cidade maravilhosa”.
O responsável português frisou que tem sentido um crescente número de ‘startups’, investidores brasileiros e operadores brasileiros a quererem mudar-se para Portugal.
“A presença aqui desta delegação na Web Summit também serve para mostrar o que Portugal está a fazer”, sublinhou António Dias Martins.
Para o responsável da Startup Portugal, o país tem-se consolidado como um dos principais ‘hubs’ de empreendedorismo da Europa, atraindo startups brasileiras que veem o país como porta de entrada para o continente.
Além da proximidade cultural, o clima, a segurança e a qualidade de vida, Portugal oferece benefícios fiscais competitivos, como o melhor regime de ‘stock options’ da Europa e taxas de IRS reduzidas para profissionais estrangeiros.
“Portanto, a expectativa que eu tenho em relação ao Web Summit Rio este ano é que aconteça o que já aconteceu no passado com as edições anteriores e que permita que ‘startups’ portuguesas sejam bem sucedidas aqui no Brasil”, disse.
António Dias Martins disse esperar que se repitam estes casos de sucesso, “mas também que o fluxo inverso do Brasil para Portugal seja facilitado e que esta delegação também permita acolher, suportar, criar uma rede de apoio a futuros parceiros brasileiros que queiram deslocalizar as suas atividades para Portugal e para a Europa”.
Questionado se a guerra comercial iniciada pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, reforça a importância do mercado brasileiro, o responsável português respondeu: “sem dúvida”.
“Obriga-nos a reinventar, a redescobrir e a sermos mais autónomos em relação ao mercado dos Estados Unidos, é inevitável e de fato estamos a aprender a fazê-lo de uma forma um bocadinho forçada e repentina, mas muitas vezes desta forma é quando se consegue de facto criar soluções alternativas muito eficazes e que podem ser muito boas para nós no futuro”, considerou.
Como forma de arranque, foi realizado hoje um encontro mediado pela Câmara Portuguesa de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro, em colaboração com a Startup Portugal, a Lisboa Unicorn Capital, com o apoio da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) com o objetivo de “criar conexões entre as ‘startups’ portuguesas e fundadores, investidores e ‘players’ de referência no ecossistema brasileiro de ‘startups’.
O encontro no Palácio de São Clemente, no Consulado de Portugal no Rio de Janeiro, contou com intervenções da cônsul geral adjunta de Portugal no Rio de Janeiro, Ana Rita Ferreira, do presidente da Câmara Portuguesa de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro, António Montenegro Fiúza, do diretor executivo da Startup Portugal, António Dias Martins, entre outros.
2025
A inteligência artificial, a sustentabilidade, as ‘fintech’, a regulamentação das plataformas e a diversidade na tecnologia serão outros dos focos do evento que vai na sua terceira edição no Rio de Janeiro e que, segundo o Governo carioca, tem potencial para atrair mais de 800 mil pessoas e injetar na economia carioca cerca de 1,2 mil milhões de reais (cerca de 250 milhões de euros) até 2028.
Do lado português, estão presentes 28 ‘startups’ com o foco em soluções de inteligência artificial, recursos humanos e ‘sports & fitness’, apoiada pela Startup Portugal e pela Unicorn Factory Lisboa, das quais 11 participam na conferência no âmbito da iniciativa Business Abroad”, indicou a organização hoje em comunicado.
“Num momento em que as alianças comerciais tradicionais estão a mudar, o Web Summit Rio está a tornar-se num espaço onde novas relações ganham forma — entre empresas, governos, investidores e ideias”, disse à Lusa o diretor‑geral da Web Summit para Portugal e Brasil, Artur Pereira.
“A Web Summit Rio decorre no meio de uma escalada dramática das tarifas a nível mundial, na sequência das imposições generalizadas do Presidente Trump a países como a UE e a China”, observou em comunicado a organização, acrescentando que “esta medida criou uma profunda incerteza para o setor da tecnologia – perturbando os mercados globais e ameaçando as cadeias de abastecimento”.
O evento tecnológico, que nasceu em 2010 na Irlanda, passou a realizar-se na zona do Parque das Nações, em Lisboa, em 2016 e vai manter-se na capital portuguesa até 2028. A empresa registou também, além do Rio de Janeiro, uma expansão para o Médio Oriente, com a Web Summit Qatar que se realizou no início de 2024.