Sócrates ouvido em novo dia de interrogatório e Passos diz que instituições funcionam em Portugal

O ex-primeiro-ministro, José Sócrates (E), no interior de um carro da polícia, à saída do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) no Campus de Justiça, em Lisboa, 23 de novembro. ANDRÉ KOSTERS/LUSA
O ex-primeiro-ministro, José Sócrates (E), no interior de um carro da polícia, à saída do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) no Campus de Justiça, em Lisboa, 23 de novembro. ANDRÉ KOSTERS/LUSA

Mundo Lusíada
Com Lusa

O ex-primeiro-ministro José Sócrates, detido desde sexta-feira por suspeita de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal, começou a ser ouvido novamente em interrogatório nesta segunda-feira.

Segundo fonte judicial, José Sócrates está a ser ouvido no Tribunal Central de Investigação Criminal, conhecido por “ticão”, em Lisboa, pelo juiz Carlos Alexandre, num dia em que os advogados preveem que sejam avançadas as medidas de coação que serão aplicadas ao ex-chefe de Governo, ao seu amigo e antigo administrador do grupo Lena de construção Carlos Santos Silva, ao motorista do ex-governante João Perna e ao advogado Gonçalo Trindade Ferreira, todos detidos nesta investigação.

Depois de detido na sexta-feira à noite, no aeroporto de Lisboa, José Sócrates começou a ser interrogado no domingo, depois de no sábado terem sido inquiridos os restantes três suspeitos detidos no âmbito da mesma investigação.

O advogado João Araújo assegurou no domingo à noite que o seu cliente “está ótimo” e com um “estado de espírito forte”, assinalando que José Sócrates prestou todos os esclarecimentos ao juiz Carlos Alexandre e que o interrogatório nesse dia correu “muito bem”.

O ex-primeiro-ministro foi detido na sexta-feira à noite por inspetores da Autoridade Tributária, quando chegava ao aeroporto de Lisboa proveniente de Paris, no âmbito de um processo de suspeitas de fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção.

O antigo chefe do Governo passou a terceira noite consecutiva no Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da PSP, em Moscavide, para onde foi transportado depois de abandonar as instalações do TCIC, segundo fonte policial à Lusa.

Passos
O primeiro-ministro declarou à imprensa que a detenção do ex-chefe do Governo José Sócrates cabe à justiça e não à política e sublinhou que em Portugal as instituições funcionam e respeitam a separação de poderes. “É um processo que cabe à justiça, não cabe à política nesta altura”, disse Pedro Passos Coelho, em Aveiro.

Por outro lado, o primeiro-ministro frisou que “em Portugal, as instituições funcionam e funcionam com respeito pela separação de poderes”. Pedro Passos Coelho sublinhou que é a Procuradoria Geral da República que deverá dar as explicações que se impõem e frisou, sobre a detenção de José Sócrates, não é algo de trivial.

“Não são assuntos de que devamos ter estados de alma e eu não sou comentador, sou primeiro-ministro. Como tal compete-me assegurar que todas as instituições funcionam nos termos em que devem e é o que julgo está a acontecer. Aguardaremos com serenidade que a Justiça faça o seu caminho e dê as explicações que entenda serem necessárias para que o país fique a saber o que se passa, devidamente informado”.

Em um discurso na Guarda, o líder social-democrata defendeu que os políticos em Portugal não são todos iguais, dizendo que não se pode hesitar e “andar para trás” à primeira dificuldade.

“Nós só alcançamos na vida, com esforço, aquilo que sonhamos e porque nos batemos, se à primeira dificuldade, com medo de perder as eleições, de desagradar seja a quem for, começamos a hesitar, a andar para trás. Então, nesse dia, os portugueses têm razão para pensar que somos todos iguais [os políticos], e desacreditam das suas instituições e desacreditam dos partidos políticos”, afirmou.

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