PS critica e quer reverter venda da TAP, Passos considera ser “muita coragem”

Mundo Lusíada
Com agencias

Membros da tripulação no Terminal do Aeroporto de Lisboa, em 01 de maio. Foto MIGUEL A. LOPES / LUSA
Membros da tripulação no Terminal do Aeroporto de Lisboa, em 01 de maio. Foto MIGUEL A. LOPES / LUSA

A oposição critica a venda da TAP anunciada nesta quinta pelo governo português. O PS advertiu que a privatização está ainda numa “fase intercalar” e que um Governo socialista fará reverter o processo para garantir que o Estado conservará a maioria do capital da transportadora aérea.

Também o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) declarou que o processo ainda não chegou ao fim. Segundo SNPVAC para que a privatização se concretize, é necessário o aval de Bruxelas e do próximo Governo, bem como a decisão do Supremo Tribunal Administrativo quanto às providências cautelares e ações judiciais interpostas.

“Aquilo que parece ser uma conclusão de um processo não passa, mais uma vez, de uma vontade do executivo”, sublinhou o sindicato após o Governo anunciar a venda do grupo TAP.

Capital português
Já Luís Leite Ramos, deputado social-democrata, reagiu às críticas no Parlamento. O PSD garante que “a maioria do capital é do empresário português”, já que Humberto Pedrosa é o empresário português associado a David Neeleman.

“A maioria do capital é de um empresário português. Este aspeto que foi tantas vezes reclamado e exigido – manter a companhia em mãos de investidores portugueses – hoje, infelizmente, ninguém reconheceu que este é um aspecto essencial pelo qual muitos se bateram e nós também”, disse.

Reagindo ao PS, que adiantou que mantém a intenção de reverter o processo, para que o Estado possa manter a maioria do capital da TAP, Luís Leite Ramos disse que essa vontade “surpreende muito que, quando o país precisa de investimento externo, o PS crie instabilidade”.

O primeiro-ministro Passos Coelho considerou que Governo aprovou a privatização da TAP com “muita coragem” e também associou o PS ao processo, afirmando que este começou em 1997 com um Executivo socialista. “Sei que o Conselho de Ministros já concluiu o seu trabalho e já tomou uma decisão nesta matéria. E é muito importante que o pudesse ter feito, na medida em que pelo menos desde 1997 que os Governos andam a ver se conseguem resolver o problema da TAP. São já muitos anos. Temos de concordar que não temos sido muito eficientes nestes últimos 18 anos a resolver um problema que se tem agravado: cada ano que passa, agrava-se”, declarou.

Passos considerou que o Conselho de Ministros aprovou a privatização da TAP “com muita coragem”, qualificou a decisão de “extraordinariamente importante” e voltou a implicar o PS na cronologia deste processo: “Nós não podemos andar contra a história. Sabemos o que é que conduziu o Governo socialista, em 1997, a procurar na Swissair um parceiro para poder realizar a privatização da TAP, e sabemos o que aconteceu à maior parte das companhias de bandeira da Europa ao longo de todos estes anos”.

Segundo o primeiro-ministro, se o atual Governo PSD/CDS não tivesse “condições para concluir este processo com sucesso”, o resultado “era a liquidação da empresa no médio prazo, depois de uma manobra de reestruturação pública que não faria mais do que empurrar com a barriga”.

Mais críticas
Para os bloquistas, porém, o que o Governo anunciou foi a “entrega da TAP por um valor simbólico”, um negócio para o qual “não é preciso coragem, é preciso ter ‘cara de pau’”, disse Mariana Mortágua.

O Bloco de Esquerda critica ainda o fato de “rotas estratégicas” só terem ficado garantidas durante 10 anos, com Mariana Mortágua a recuperar um dos temas que tem estado na agenda política – o incentivo à emigração que Passos Coelho nega ter verbalizado – para dizer que o Governo “mandou muitos jovens emigrar e agora não consegue manter as rotas” que garantiriam o seu regresso.

Mariana Mortágua diz ainda que a venda foi feita “à pressa”, de forma “propositada”, e que o Bloco não põe “de parte a utilização de meios judiciais que estejam ao nosso dispor para impedir este processo que consideramos lesivo para os interesses do país”.

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