Brasil e Portugal passam por “momento de redescoberta”, diz ministro português em SP

Mundo Lusíada
Com Lusa

Portugal e o Brasil passam por um “momento de redescoberta muito importante”, considerou nesta quinta-feira em São Paulo, o ministro dos Negócios Estrangeiros português.

Augusto Santos Silva, que falava num encontro com empresários durante uma visita à Câmara Portuguesa de São Paulo, afirmou haver “vários momentos de redescoberta. A novidade neste momento é que esta redescoberta se passa ao mesmo tempo nas duas direções”.

“Neste momento nós encontramos muitos brasileiros interessados em Portugal, facto exemplificado pelo aumento do número de pedidos de nacionalidade portuguesa que o Consulado-Geral em São Paulo recebeu e, ao mesmo tempo, vemos jovens gerações portuguesas, designadamente gerações empreendedoras, procurando oportunidades no Brasil. Este movimento reciproco é muito importante”, completou.

Perante dezenas de empresários luso-brasileiros, o governante chamou a atenção para o turismo e os investimentos no setor imobiliário como dois segmentos importantes desta reaproximação.

“Há uma espécie de redescoberta de Portugal pelo Brasil na área do turismo. O mercado brasileiro é hoje um dos principais emissores de turismo para Portugal. Esta redescoberta também aconteceu no setor imobiliário. Há muitos investidores brasileiros que estão a colocar o seu patrimônio em Portugal. O Brasil é a segunda nação mais representada pelas autorizações de residência em Portugal”, salientou.

No que se refere às relações comerciais bilaterais, o ministro dos Negócios Estrangeiros lembrou que as transações econômicas sempre foram muito importantes, recordando que o investimento que o Brasil fez em Portugal foi essencial para a construção de setores da indústria aeronáutica e da defesa em Portugal.

“A parceria com uma grande empresa mundial [a Embraer] que tem origem brasileira foi essencial, assim como foi a essencial a parceria na base industrial do setor da defesa”, mencionou.

Augusto Santos Silva mostrou-se otimista ao ressaltar que apesar do comércio externo de Portugal para o Brasil ter recuado em 2016 devido as dificuldades do mercado brasileiro, já se verifica uma retoma.

“A partir do momento em que sinais de recuperação econômica começaram a aparecer no Brasil, o Governo [de Portugal] já verificou o aquecimento de 30% a 40% das exportações”, concluiu.

Além de conversar com empresários, o chefe da diplomacia portuguesa também participou na cerimônia de entrega da Ordem do Mérito Empresarial da República Portuguesa na classe comercial ao presidente da EDP Brasil, Miguel Setas, no encontro organizado pela Câmara Portuguesa de São Paulo.

À RTP, o ministro ainda falou sobre a “grande força” geopolítica do Brasil na CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa). “Por vezes tem se a ideia de que a CPLP é uma coisa dos portugueses, não é verdade e nem pode ser” disse, defendendo maior interesse do governo brasileiro ao bloco.

Durante a noite, Augusto Santos Silva ainda vai encontrar-se com empresários luso-brasileiros no jantar de 105 Anos da Câmara, além de visitar as obras da futura sede da Escola Portuguesa em São Paulo e a exposição “Imaginação da Pedra”, patente no Consulado Geral de Portugal.

Na parte da manhã, ele também participou de uma palestra na USP (confira vídeo), subordinada ao tema “Conhecimento, informação e ação política: estão os intelectuais sendo substituídos pelas redes sociais?”, em que criticou tendências atuais no uso das redes sociais, que vem contaminando também a mídia.

Na sexta-feira, o ministro Augusto Santos Silva segue para o Rio de Janeiro onde terá uma série de reuniões oficiais. Pela manhã, visita a Fundação Getúlio Vargas, onde profere uma palestra sobre “O Atlântico, rio unindo duas margens”. Depois no Real Gabinete Português de Leitura, intervém numa conferência sobre a “Relação Portugal-Brasil refletida na Língua Portuguesa”.

O dia termina no Consulado-Geral de Portugal, no Rio de Janeiro, com um encontro com personalidades locais do mundo político, econômico e cultural.

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