Polícia preocupada com aumento da violência de ódio e de extrema-direita em Portugal

Foto PSP Portugal

Em Lisboa, o diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ) mostrou-se preocupado com o aumento de casos relacionados com movimentos radicais e violentos de extrema-direita em Portugal, como o grupo armado que foi hoje desmantelado pelas autoridades.

“Estamos muito preocupados com o crescimento desta atividade que não acontece só em território nacional”, afirmou hoje Luís Neves, numa conferência de imprensa de balanço da operação “Desarme 3D”, que levou à detenção de seis pessoas do Movimento Armilar Lusitano (MAL), por suspeitas de atividades terroristas.

O dirigente quis estar presente na conferência de imprensa de balanço, “face à relevância da operação, face ao fenómeno” violento associado que atenta contra os “direitos humanos, igualdade, respeito pela diversidade e respeito pela Constituição”.

Nestes dois casos, a PSP teve um papel importante na investigação e combate ao crime, disse Luís Neves.

Entre os seis detidos de hoje está um elemento da PSP, tal como elementos de grupos de segurança privada, o que demonstra o risco de violação do sigilo deste tipo de investigações junto das forças de segurança portuguesas.

Fonte policial disse à Lusa que o elemento da PSP detido é um chefe que está atualmente em comissão de serviço na Polícia Municipal de Lisboa.

“Nenhuma instituição pode dizer que tem risco zero”, admitiu Luís Neves, que elogiou o trabalho da Unidade Nacional de Combate ao Terrorismo e da diretora que está de saída.

“Esta é a última operação que é liderada pela doutora Manuela Santos, posso dizer que foi e é um orgulho contar com pessoas desta envergadura, quer profissional quer do ponto de vista humano”, afirmou Luís Neves, destacando o seu “empenho no combate a toda a forma de extremismo violento, politicamente motivada”.

Quanto à presença de elementos das forças de segurança nestes grupos radicais de extrema-direita, Luís Neves salientou que isso obriga a vigilância, mas não deve contaminar a perceção pública das instituições.

“Não é por existir um elemento ou outro que tenha estes indícios criminais que se possa pôr em causa as duas grandes forças de segurança” que “todos os dias de forma abnegada fazem o seu trabalho”, disse.

“O prestígio e a dignidade das pessoas que trabalham nas forças” não podem “ser todos colocados no mesmo saco”, acrescentou, recordando que confundir casos isolados com o todo “já aconteceu no passado”, numa referência ao antigo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.

“Todos os dias essas mulheres e esses homens procuram aportar segurança ao nosso país”, resumiu Luís Neves.

Seis suspeitos de integrar o denominado MAL foram detidos por crimes de infrações relacionadas com grupo e atividades terroristas, discriminação e incitamento ao ódio e à violência e detenção de arma proibida.

Em comunicado, a Polícia Judiciária adianta ter desencadeado uma operação para cumprimento de 15 mandados de busca e apreensão (domiciliárias e não domiciliárias), que culminou na detenção de seis pessoas em flagrante delito.

No âmbito da operação “Desarme 3D” foram apreendidos material explosivo de vários tipos, de várias armas de fogo, algumas das quais produzidas através de tecnologia 3D, várias impressoras 3D, várias dezenas de munições, várias armas brancas, material informático, entre outros elementos de prova.

Os seis detidos serão hoje presentes a tribunal para primeiro interrogatório judicial de arguido detido.

PSP

O diretor nacional adiantou que a Polícia de Segurança Pública é “composta por 20 mil pessoas”, mas tem também “um grande controlo interno e externo”.

“A PSP tudo continuará a fazer, em termos de parceria com as outras forças e serviços de segurança, com as autoridades judiciárias, para aumentar sempre a segurança da população”, reforçou.

O comandante da Polícia Municipal de Lisboa abriu um processo disciplinar ao polícia da PSP hoje detido pela PJ e que alegadamente pertencia a um movimento violento de extrema-direita em Portugal, disse à Lusa fonte policial.

O polícia, um chefe da PSP que estava em comissão de serviço na Polícia Municipal de Lisboa, é um dos seis membros do denominado Movimento Armilar Lusitano (MAL) que hoje foram detidos pela Polícia Judiciária por suspeitas de atividades terroristas.

Confrontado com as declarações do diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ), que se mostrou preocupado com o aumento de casos relacionados com movimentos radicais e violentos de extrema-direita em Portugal, como o grupo armado que foi hoje desmantelado pelas autoridades, Luis Miguel Carrilho destacou que a PSP está “presente em todo o território nacional”, tendo uma “grande responsabilidade, em termos de prevenção”.

“Trabalhamos com a comunidade, ao nível da Escola Segura, do Idoso em Segurança, do Significativo Azul, do Comércio, e essa nossa interação com a comunidade é para que se possa viver em segurança, em liberdade, em que o direito de manifestação, o direito da liberdade de expressão seja sempre presente”, considerou.

No entanto, destacou que “tudo aquilo que põe em risco a paz e a segurança da população preocupa a PSP, em termos de prevenção e na parte do sistema de segurança”.

Para o diretor nacional, o objetivo das forças de segurança é que “haja liberdade, mas que haja também segurança”.

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