Mundo Lusíada
Em missão oficial a Portugal, como parte da internacionalização da Fiocruz, o presidente da Fundação, Mario Moreira, reuniu-se esta semana com instituições parceiras na capital portuguesa. Dando continuidade aos compromissos firmados na 14ª Cimeira Brasil-Portugal, Moreira participou de uma reunião de trabalho no dia 22, sobre os próximos passos para a criação do Centro de Inovação em Saúde Global, parceria estratégica com o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e a Universidade NOVA de Lisboa, por intermédio da NOVA Medical School. A aliança tem foco em áreas como capacitação e pesquisa. Mario Moreira e representantes da Fiocruz seguem no país para dar continuidade a uma intensa agenda, que visa o fortalecimento da cooperação bilateral em saúde pública.
“As reuniões e compromissos que temos nestes dias em Portugal refletem a missão da Fiocruz de produzir, disseminar, compartilhar e avançar em novos conhecimentos e tecnologias. Nossas parcerias são estratégicas em saúde pública e global, visando benefícios para as populações, e se dão no âmbito do fortalecimento da cooperação bilateral com instituições portuguesas”, ressalta o presidente da Fiocruz, Mario Moreira.
Para debater as bases para a criação do Centro, reuniram-se em Cascais, na região metropolitana da capital portuguesa, Mario Moreira; o coordenador do futuro centro, pela Fiocruz, Fernando Bozza; a diretora de Transformação e Parcerias Estratégicas da NOVA Medical School, Rute Dinis de Sousa; o diretor-presidente do IBMP, Pedro Barbosa, e a gerente de projetos, Raquel Sousa. Na ocasião, foram conversados pontos como governança e programas educacionais. Na ocasião, a diretora da NOVA Medical School, Helena Cristina de Matos Canhão, signatária do acordo, reforçou seu compromisso.
Adicionalmente, o presidente da Câmara Municipal de Cascais, Carlos Carreiras, desempenhou um papel crucial como articulador dessa parceria, facilitando o diálogo entre as instituições e assegurando o espaço cedido pela Câmara Municipal onde o Centro funcionará.
“O Centro tem diversas frentes, entre elas as de inovação e formação de profissionais. Nesse contexto, já foi submetida uma proposta de doutorado internacional em inovação e liderança global, fruto de parceria entre a NOVA Medical School e a Fiocruz, que trará a possibilidade de dupla diplomação para estudantes selecionados de diferentes países. Além disso, a estratégia prevê uma Cátedra da Unesco em Futuros da Educação em Saúde. Por fim, o Centro permitirá ações de inovação e pesquisa em colaboração entre a NOVA Medical School, a Fiocruz e o IBMP”, adiantou Bozza.
Em um momento de instabilidade geopolíticas e consequentes transformações, o cenário da Saúde Global sofre influências ao mesmo tempo que assume uma posição central nas relações de cooperação. As experiências recentes com a pandemia de Covid-19, as mudanças climáticas, os conflitos geopolíticos e o avanço das desigualdades demandam novas abordagens integradas, colaborativas e adaptativas, defende a Fiocruz.
O projeto do Centro foi concebido neste contexto com o objetivo de responder aos desafios contemporâneos e emergentes da saúde global. A proposta busca posicionar a Fiocruz como liderança em inovação, ciência aplicada e formação em saúde global, reforçando seu papel na cooperação internacional em saúde e na diplomacia científica.
Nanotecnologia
Durante missão oficial a Portugal, a Fiocruz assinou, na última quarta-feira (23), um Memorando de Entendimento (MdE) com o Laboratório Internacional Ibérico de Nanotecnologia (INL, na sigla em inglês), baseado em Braga e criado por meio de um acordo bilateral entre Portugal e Espanha. O documento estabelece as bases da cooperação internacional entre a instituições.
O acordo foi firmado em Lisboa, durante cerimônia recepcionada pelo Embaixador do Brasil em Lisboa, Raimundo Carreiro, em sua residência oficial. A iniciativa se soma a outras parcerias firmadas no país. No mesmo dia, o presidente da Fiocruz, Mario Moreira, também assinou acordo com a ApexBrasil.
Com vigência de cinco anos, o MdE foi assinado por Mario Moreira e o diretor-geral adjunto do INL, Ado Jório Vasconcelos. O documento formaliza e estabelece as bases da cooperação internacional a ser desenvolvida em pesquisa, desenvolvimento tecnológico, produção e formação voltados para a área de nanotecnologia e suas aplicações em biotecnologia e saúde.
“Este acordo reúne, do lado da Fiocruz, uma referência mundial no campo da saúde pública e, do lado do INL, uma referência mundial no campo da nanotecnologia. As instituições têm altíssimo grau de complementariedade e, como fruto deste acordo, vamos oferecer muito à sociedade”, destacou o presidente da Fiocruz.
Na ocasião da assinatura, o embaixador Raimundo Carreiro resgatou passos precursores da parceria. “Nós tomamos conhecimento do Laboratório, convidamos para uma conversa na Embaixada, e hoje estamos dando o primeiro passo concreto, coma assinatura deste memorando de entendimento”, disse.
“Na grande área temática que trata das ciências da vida, o INL e a Fiocruz são instituições poderosas e complementares, o INL com sua competência em engenharia biomédica, a Fiocruz com seu acesso a um dos maiores sistemas de saúde pública do planeta. A parceria cumprirá o papel de fazer chegar à sociedade os benefícios da pesquisa e da inovação”, destacou o diretor-geral do INL. Também professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o brasileiro Ado Jório Vasconcelos tem papel de destaque na área e já ocupou a Vice-presidência da Sociedade Brasileira de Física (SBF).
Estão previstas ações conjuntas como cooperação mútua em projetos, mobilidade de pesquisadores e alunos, organização de eventos científicos, compartilhamento de informações, mecanismos de financiamento, entre outras. No âmbito da Fiocruz, a coordenação do Programa Translacional de Pesquisa em Nanotecnologia (Fio-Nano) fica à frente da cooperação, sob liderança dos pesquisadores Fabio Rocha Formiga (Fiocruz Pernambuco) e Carlos Eduardo Calzavara Silva (Fiocruz Minas). Já pelo INL, o líder do Grupo de Processamento Alimentar, Lorenzo Pastrana, e o diretor-geral adjunto, Ado Jório Vasconcelos, estão designados.
O MdE é fruto de discussões realizadas entre pesquisadores do INL e integrantes do Programa Fio-Nano Fiocruz. Em reunião realizada em março deste ano, cada instituição apresentou suas áreas de atuação, infraestruturas e potencialidades no campo da nanotecnologia. A equipe do INL recebeu o pesquisador Fabio Formiga no dia 24 de abril, que realizou visita técnica às instalações do laboratório e participou de reuniões preparatórias. Na ocasião, ficou estabelecida a continuidade das reuniões de trabalho, visando a identificação de temas prioritários, formação de pessoal e mecanismos de financiamento para projetos bilaterais.
“A nanotecnologia é uma área de vanguarda que oferece oportunidades para o desenvolvimento de produtos inovadores para a saúde, como novos fármacos, vacinas, medicamentos e dispositivos de diagnóstico. Para isso, cooperações estratégias são primordiais. A parceria com o INL habilita a Fiocruz para novos desafios em nanotecnologia, fortalecendo suas competências através de uma iniciativa de internacionalização profícua com este Laboratório europeu de referência”, ressaltou o pesquisador à Agencia Fiocruz de Notícia.
Laboratório Internacional Ibérico de Nanotecnologia – O INL, fundado em 2005 por meio de uma decisão conjunta dos Governos de Portugal e Espanha, é uma organização internacional de pesquisa intergovernamental dedicada à pesquisa e ao desenvolvimento de ponta em nanotecnologia. Desde 2010, o laboratório tem funcionado como um centro de inovação, proporcionando um ambiente de pesquisa de alta tecnologia.
Através de colaborações com universidades, indústrias e centros de pesquisa, o INL busca gerar conhecimento, criar empregos e formar profissionais altamente especializados, tendo por missão a excelência científica para o benefício da sociedade.
Missão em Portugal
Em Portugal, o presidente da Fiocruz cumpriu uma agenda de reuniões e encontros como parte do projeto de internacionalização da Fundação. A primeira visita, dia 21, foi à Universidade Lusófona, onde se discutiu o interesse mútuo das instituições em ações de resposta à desinformação no campo da saúde.
Ainda a Fiocruz, a Universidade de Coimbra (UC) e o Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS Pharma) formalizaram, quinta-feira (24), a parceria para o lançamento, em Portugal, do medicamento primaquina, utilizado no combate à malária. A assinatura para a colaboração entre as instituições visa o desenvolvimento do protocolo Investigação/Pesquisa em Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Tecnológico, que tem como objetivo auxiliar o processo de validação, em território português, do medicamento desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz), referência para o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. A parceria ainda prevê o reforço da cooperação científica entre Portugal e Brasil, consolidando laços históricos e abrindo novas oportunidades para a partilha de conhecimento e inovação na área da saúde.
“Esperamos que a oferta deste insumo estratégico, que acumula anos de esforços da nossa instituição no Brasil, venha a apoiar a cura de pessoas atingidas pela malária também no território português”, afirmou Moreira.
O diretor do ICNAS Pharma, Antero Abrunhosa, também esteve presente na assinatura da parceria. “A ICNAS Pharma, tirando partido da sua experiência na comercialização de medicamentos inovadores, será a entidade responsável pela submissão do pedido ao Infarmed e pela gestão da autorização do medicamento no mercado nacional”, explicou.
Durante o evento, o reitor da UC, Amílcar Falcão, destacou o fato de serem duas instituições públicas que “fazem acontecer” e apelidou o projeto de “emblemático”, sendo “uma abertura de mercado, de oportunidades e de portas”.
