Manifestações “provam bem” que portugueses estão do lado da liberdade – PS

Foto Casa do Brasil Lisboa

Neste sábado, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, afirmou que as manifestações desta tarde em Lisboa “mostram bem” que os portugueses estão do lado da democracia, da liberdade e da segurança efetiva.

Em declarações aos jornalistas em Braga, Pedro Nuno disse que a manifestação contra o racismo e a xenofobia, após a intervenção policial que encostou dezenas de imigrantes contra a parede na Rua do Benformoso, em Lisboa, “foi uma das maiores manifestações” que a capital já conheceu.

Pelo contrário, acrescentou, a manifestação convocada por grupos da extrema-direita e pelo partido Chega “teve pouca gente”.

“Acho que este dia mostra bem que os portugueses estão do lado da democracia, da liberdade, da segurança, mas da segurança efetiva, não é da de operações que são instrumentalizadas por governos ou por políticos, é da segurança, do policiamento de proximidade, da utilização das câmaras de videovigilância para nos proteger”, referiu o líder socialista.

Sublinhou que a manifestação promovida por várias associações cívicas “não é contra ninguém, não é uma manifestação contra a polícia, não é uma manifestação contra a segurança e as políticas de segurança”.

“Antes pelo contrário, é uma manifestação pelos valores do nosso país, da democracia, da liberdade, do Estado de Direito e da união do povo português, contra todas as tentativas de instrumentalização da polícia, de instrumentalização das forças de segurança e todos os discursos que visam dividir a população”, sublinhou.

Pedro Nuno Santos acusou o Chega, o primeiro-ministro e o Governo de “instrumentalizarem” a polícia.

“Nós vimos isso da parte do Governo, mas vimos obviamente também do líder da extrema-direita e isso é mau para a polícia e é mau para os polícias serem usados e instrumentalizados pela extrema-direita. E o Governo cometeu esse erro também, e o primeiro-ministro cometeu esse erro de instrumentalizar e de se apropriar dos resultados das forças de segurança”, rematou.

Os portugueses

 presença de milhares de portugueses na manifestação contra a ação policial na rua do Benformoso, Martim Moniz, que visou imigrantes, surpreendeu os dirigentes das comunidades migrantes, que agradecem o apoio.

No passeio, enquanto assistia à passagem da manifestação na avenida Almirante Reis, o nepalês Rami explicava ao filho o que queria dizer o 25 de Abril que era gritado pelos manifestantes.

“É o dia da libertação de Portugal”, explicou à Lusa, salientando que o filho, de quatro anos, só tinha nacionalidade portuguesa.

“Isto é o país dele” e “é importante que ele saiba o que é o 25 de Abril”, salientou o trabalhador de um supermercado numa perpendicular à Almirante Reis, o centro lisboeta da imigração que vem do subcontinente indiano, que a maioria dos portugueses quer ver reduzida, segundo estudos recentes.

O presidente da Casa da Índia, Shiv Kumar Singh, mostrou-se surpreendido com a presença de tantos portugueses na manifestação “Não nos encostem à parede”, organizada na sequência da ação policial no dia 19 de dezembro que visou imigrantes na rua do Benformoso.

“Surpreendeu mas eu tinha confiança que iríamos receber um grande apoio da sociedade portuguesa” e “agora temos de melhorar os serviços de saúde, de habitação e de educação para todos”, para “os portugueses e para os imigrantes”, afirmou.

“Esta manifestação é contra alguma atrocidade policial contra os imigrantes” e “estamos muito gratos pelo apoio dos cidadãos nacionais”, afirmou o dirigente associativo, salientando a “gratidão” de muitos estrangeiros pela abertura da sociedade portuguesa.

Aqui “estão muito mais portugueses presentes que imigrantes”, mas, no final do dia, “estamos todos juntos”, porque “para muitos imigrantes este é o seu país e estão a construir o seu futuro aqui, sem quererem voltar atrás”.

Esse é o caso de Rami, mas também de Janelle, francesa de origem casada com um nigeriano.

De lenço palestiniano na cabeça, Janelle está de férias em Portugal, onde trabalha o marido, mas não quis faltar à manifestação de hoje.

“Onde quer que seja preciso para combater a extrema-direita, se eu puder, estarei lá”, prometeu, afirmando que o mundo “está dividido” porque “isso interessa a alguns essa divisão”.

“Eu sou nepalês e agora tenho um filho português. A minha mulher está grávida de uma menina. De onde é que eu sou?”, resume Rami.

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