Em Leiria, aniversário do cão mais velho do mundo reúne pessoas até de outros países

Bobi, o cachorro mais velho do mundo celebra 31 anos em Conqueiros, Leiria, centro de Portugal. PAULO CUNHA/LUSA

Da Redação com Lusa

O cão mais velho do mundo, Bobi, foi o rei da festa neste sábado, recebendo muitos mimos no dia em que comemora os seus 31 anos, contando com a presença de pessoas de vários pontos do mundo.

Foi no dia 11 de maio de 1992 que Bobi nasceu em Conqueiros, uma aldeia do concelho de Leiria. Em casa já havia vários cães e, naquela época, o destino da ninhada era a morte, conta Leonel Costa, 38 anos.

Bobi, com pelo cor de mel, ficou camuflado no meio da lenha e escapou ao mesmo fim dos seus três irmãos. Quando se apercebeu que tinha sobrado um cão, o seu tutor escondeu-o, o que lhe valeu um valente ralhete quando descoberto pelos pais. “Mas valeu a pena”, contou hoje à Lusa, enquanto aguardava por cerca de uma centena de convidados, muitos de vários pontos do mundo.

“Foi aqui que o Bobi sempre viveu e quisemos que a festa de aniversário fosse no seu espaço. Não vou alterar nada. Só tratei que ficasse tudo mais bonito e garantir que o Bobi tivesse os seus pratos favoritos”, revelou à Lusa.

Por isso, na ementa não faltou a dourada e o porco no espeto. “Só não gosta de esparguete à bolonhesa.”

Desafiado pelo Guinness a realizar uma festa, Leonel Costa exigiu que fosse em casa. “Não pôde ser no seu dia de aniversário, porque alguns veterinários estrangeiros queriam estar presentes e não podiam vir na quinta-feira”, explicou, ao admitir que terá gasto cerca de 1000 euros na festa.

“Pelo Bobi vale tudo. Ele merece. Se não fosse o Guinness tinha realizado uma festa só para os amigos, mas assim vieram pessoas de todo o mundo. Tenho pessoas inscritas para conhecer o Bobi até junho”, confessou, ao elogiar aquele que considera um ‘filho’: “O Bobi é um anjo. Não é um cão nada protetor. Se alguém entrar em casa, ele deixa. É muito sociável, é um doce e adora animais e pessoas.”

Dois veterinários internacionais presentes na festa dos 31 anos do cão mais velho do mundo, em Leiria, admitem que o segredo da longevidade do canídeo está na comida de humano, liberdade e uma vida social rica.

Para Karen Becker, uma veterinária americana que está hoje em Conqueiros, considerou à Lusa que o segredo da longa vida do patudo estará precisamente na comida fresca e diversificada, “boa comida de humano”, que Leonel lhe prepara diariamente, “sem conservantes ou ingredientes sintéticos que não foram altamente processados e com uma quantidade abundante de diferentes nutrientes”.

“O Bobi come peixe todos os dias e o peixe contém ácidos gordos, o ómega 3, dha/epa que nutre o seu cérebro, as células do sangue e a sua pele. Por isso”, acrescentou.

Aliado a uma boa alimentação está também “uma vida sem grande stress”. “O Bobi tem a floresta e um jardim bonito todos os dias, onde ele próprio seleciona ervas e vegetais que gostaria de comer e faz exercício diariamente.

Karen Becker testou a microbiota e realizou testes de DNA através de saliva, cujos resultados ainda não estão disponíveis. O objetivo é perceber a razão de alguns cães ter uma “vida extremamente longa”.

“O laboratório dos Estados Unidos analisou a bactéria da microbiota e basicamente disse que, comparado às centenas e milhares de amostras que analisaram ele era um ‘unicórnio’. Tinha mais colônias e diversificadas comparativamente com todos os cães que já viram. Quando perguntámos aos microbiologistas a que é que atribuíram essa diversidade, acreditam estar relacionada com a sua dieta”, revelou.

Esta especialista admitiu que está “obcecada” por perceber como poderá fazer os cães viver mais tempo de forma intencional. “O que descobrimos, depois de falar com mais seis donos dos cães mais velhos do mundo, é que todos têm variáveis comuns. Todos alimentam os seus cães com comida variada e feita em casa. Os cães não comem comida de cão. Todos eles podem estar ao ar livre e fazer muito exercício. Têm uma vida com pouco ‘stress’, pouca exposição a químicos, como pesticidas e consomem poucos medicamentos veterinários”, informou.

Uma das vantagens, sublinhou, é a vida social “muito rica” de Bobi, que se encontra com muitos cães quando vai passear.

Peter Dobias, um veterinário do Canadá, foi outro dos convidados. “Vim, talvez por isto ser histórico. É um evento inspirador para todos, porque todos desejamos ter uma vida longa e queremos que os nossos cães vivam o máximo possível, tendo uma boa vida”, afirmou à Lusa.

E qual o segredo para um cão viver 31 anos? “Tem de ter sorte para ter os genes corretos, a casa certa, as circunstâncias corretas e amigos. O Bobi tem amigos e uma excelente família. Além disso, vive numa zona rural. Não está numa trela, nem tem coleira”, sublinhou.

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