Pequim “profundamente” agradecida a Portugal por aderir a projeto internacional

Da Redação
Com Lusa

A China afirmou “apreciar profundamente” a participação de Portugal na iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, apontando a localização estratégica do país, um dos primeiros da Europa ocidental a aderirem à visão internacional de Pequim.

Em comunicado, nas vésperas do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa iniciar uma visita de Estado ao país, o Governo chinês enaltece a adesão “ativa” e a “atenção” de Lisboa ao seu plano.

Descrito pelo Presidente chinês, Xi Jinping, como o “projeto do século”, aquele gigantesco plano de infraestruturas foi já incluído na Constituição chinesa, materializando a nova vocação internacionalista de Pequim.

Uma malha ferroviária e autoestradas ligarão a região oeste da China à Europa e Oceano Índico, cruzando Rússia e Ásia Central, enquanto uma rede de portos em África e no Mediterrâneo reforçarão as ligações marítimas das prósperas cidades do litoral chinês.

Pelo caminho, serão erguidos aeroportos, centrais elétricas e zonas de comércio livre, redesenhando o mapa da economia mundial e anunciando uma “nova era”, na qual a China ocupará o centro da ordem mundial.

No comunicado, Pequim realça a posição “muito relevante” de Portugal no extremo oeste da Eurásia, insinuando uma coordenação com Lisboa, que quer a inclusão de uma rota atlântica no projeto chinês, permitindo ao porto de Sines conectar as rotas do Extremo Oriente ao oceano Atlântico e beneficiar assim do alargamento do canal do Panamá.

“A assinatura de um memorando de entendimento com Portugal no âmbito da ‘Uma Faixa, Uma Rota’ estabeleceu uma fundação sólida para o desenvolvimento da iniciativa”, nota.

Lembrando que a visita do Presidente da China, Xi Jinping, a Lisboa, em dezembro passado, “elevou as relações para um novo patamar”, as autoridades chinesas consideram que Portugal “constitui um exemplo positivo” para a cooperação entre a China e a Europa.

“Portugal é dos primeiros países da Europa ocidental a assinar um documento de cooperação no quadro da iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota'”, realça.

Contudo, os planos chineses têm suscitado também divergências com as potências ocidentais, que veem uma nova ordem mundial ser moldada por um rival estratégico, com um sistema político e de valores profundamente diferente.

Na Europa Ocidental, para além de Portugal, apenas a Itália apoia formalmente a iniciativa chinesa. Alemanha e França têm pressionado por critérios de seleção mais rigorosos para os investimentos chineses no continente.

No mês passado, Bruxelas produziu um documento que classifica Pequim como um “adversário sistêmico”, que “promove modelos alternativos de governação”, e apelou a ações conjuntas para lidar com os desafios tecnológicos e econômicos colocados pela China.

O Governo chinês lembra, no entanto, que “está disposto a trabalhar em conjunto com Portugal” para coordenar a sua visão com os planos da União Europeia de conectividade à Ásia e com a estratégia portuguesa de desenvolvimento nacional.

E reafirma a sua vontade em continuar a “expandir a cooperação” com Lisboa nos setores “energia, transportes, infraestrutura portuária e logística”, para “beneficio de ambos os países e povos”.

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