No 1º Maio, UGT coloca salário mínimo e emigração em destaque

Da Redação com Lusa

Em manifestação neste 01 de Maio, o secretário-geral da União Geral de Trabalhadores (UGT) disse que o aumento do salário médio é fundamental e que o próximo 1.º de Maio poderá ser de luta caso as condições dos trabalhadores piorem até lá.

“A nossa comemoração desta efeméride tão querida aos trabalhadores poderá decorrer sob o signo da luta, mas se tal acontecer não será certamente por nossa vontade, porque a preferência pelo diálogo está na gênese da UGT”, disse Mário Mourão num discurso por ocasião do Dia do Trabalhador.

“A luta [no próximo 1.º de Maio, na rua] acontecerá se os governos e patrões fizerem orelhas moucas aos salários dignos que exigimos para a administração pública, para o setor privado e para o setor empresarial do Estado”, disse Mário Mourão, elencando algumas das exigências que os trabalhadores vão fazer durante os próximos meses.

A precariedade, a reposição do poder de compra devido à subida da inflação, os “despedimentos selvagens e injustificados, denominados hipocritamente de rescisões por mútuo acordo” e o impacto das fusões, concentrações ou vendas de grandes empresas foram alguns dos temas passados em revista pelo sindicalista, que alertou também para o “círculo vicioso” que existe na emigração.

“Não é admissível que após anos e anos de investimento por parte dos pais e dos próprios alunos, estes sejam irremediavelmente remetidos para infindáveis desafios da emigração, escolhendo países de acolhimento que, a troco de salário e de condições laborais bem mais dignificantes, beneficiam do investimento feito pelo Estado português, que assim fica mais depauperado”, afirmou Mário Mourão.

“O nosso tecido econômico não está a conseguir absorver as qualificações profissionais proporcionadas pelo Estado, o que gera um círculo vicioso de onde importa sair imediatamente”, alertou o sindicalista.

Salário mínimo

Também a secretária-geral da CGTP rejeitou, no discurso do 1.º de Maio, o argumento de que aumentos salariais agravam a inflação e exigiu medidas de controle dos preços e a atualização do salário mínimo para 800 euros em julho.

“Não aceitamos que o patronato e o Governo usem a patranha de que os aumentos dos salários provocam uma espiral da inflação”, disse Isabel Camarinha perante milhares de pessoas que ali se concentraram depois de participar no desfile do 1.º de Maio da CGTP, em Lisboa, que arrancou do Martim Moniz e chegou ao final da tarde à Alameda.

Isabel Camarinha defendeu que o Governo deve tomar “medidas efetivas sobre o controle dos preços”, exigindo “o aumento extraordinário do salário mínimo nacional, fixando-o nos 800 euros a partir de 01 de julho de 2022”.

A líder da intersindical reivindicou ainda o aumento extraordinário das pensões “num mínimo de 20 euros” e voltou a exigir aumento salarial de 90 euros para todos os trabalhadores ainda este ano.

Para Isabel Camarinha, “à boleia da pandemia e das sanções, está em marcha uma operação que visa acentuar a exploração” e a proposta de Orçamento do Estado para 2022 “passa ao lado das dificuldades dos trabalhadores”.

“Falam em contas certas, mas quem trabalha e trabalhou vive na incerteza e com a incapacidade de fazer frente às contas de cada mês”, sublinhou a líder da CGTP, defendendo que “para uma situação extraordinária” como a escalada da inflação “exigem-se medidas extraordinárias”.

“Com o aumento dos preços nestes primeiros meses, os salários e as pensões de reforma já foram comidos em 7%” e “um trabalhador com um salário de 800 euros, já baixou para 744 euros, perdeu 56 euros”, afirmou Camarinha.

Milhares de pessoas concentraram-se no Martim Moniz, em Lisboa, cerca das 14:30 e partiram rumo à Alameda, pouco depois, no âmbito das celebrações do 1.º de Maio da CGTP.

O desfile partiu ao ritmo de bombos e de palavras de ordem, cerca das 15:15, pela avenida Almirante Reis rumo à Alameda, onde chegou perto das 17:00.

Os trabalhadores podem este ano celebrar o Dia do Trabalhador sem restrições associadas à pandemia de covid-19, ao contrário do que aconteceu nos últimos dois anos, mas muitos optaram por usar máscara.

Entre as palavras de ordem durante o desfile ouviu-se “para o país progredir, é preciso investir” e “para o país avançar salários aumentar”.

“Paz sim, guerra não”, entoaram os manifestantes que também pediram “combate ao aumento do custo de vida e à especulação”.

Alguns dos manifestantes usaram cravos vermelhos, numa alusão ao 25 de Abril de 1974.

Nos últimos dois anos, devido às restrições relativas à pandemia da covid-19, a Intersindical não desistiu de assinalar a data na Alameda, embora apenas com cerca de um milhar de manifestantes, devidamente distanciados.

Este ano a CGTP voltou a fazer o tradicional desfile na capital, a partir da praça do Martim Moniz até à Alameda, onde ocorreu o comício sindical, assim como a manifestação do Porto, na Avenida dos Aliados.

O 1.º de Maio, Dia Internacional do Trabalhador, teve origem nos acontecimentos de Chicago de há 136 anos, quando se realizou uma jornada de luta pela redução do horário de trabalho para as oito horas, que foi reprimida com violência pelas autoridades dos Estados Unidos da América, que mataram dezenas de trabalhadores e condenaram à forca quatro dirigentes sindicais.

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