De Brumadinho para Moçambique: “Aqui a extensão do desastre é muito maior”

Reprodução/ONU News

Da Redação

Bombeiros e militares ficaram conhecidos como heróis no Brasil, depois da busca por sobreviventes do colapso da barragem da mina Córrego de Feijão em fevereiro, em Brumadinho no estado de Minas Gerais.

Em Moçambique, eles ajudam a quem precisa e abrem espaço para a atuação de centenas de funcionários de agências da ONU na sequência do ciclone Idai. Após o acontecimento em 15 de junho, o solo moçambicano também acolheu a Força Aérea, a Marinha e o Exército de países como Angola, África do Sul, Portugal e Israel.

O que faz a diferença na experiência do grupo brasileiro de 40 membros é destacado pelo coronel Vandernilson Peres da Silva, que também atuou em Brumadinho.

Segundo ele, “foram militares selecionados com experiência e outros desastres e todos eles são habilitados a atuar em busca, salvamento e resgate”.

A missão de salvar vidas e buscar corpos está alinhada com a mobilização que tem sido feita pelas Nações Unidas para buscar vítimas e recuperar infraestruturas destruídas pelo pior desastre que atingiu o sul da África em 20 anos.

A emergência deixou mais de 3 milhões de pessoas desabrigadas e cerca de 750 mortos em Moçambique, no Maláui e no Zimbábue.

Para o major Wagner da Silva, a experiência trazida de Brumadinho “soma muito na atuação que é agora feita em Moçambique”.

“Boa parte dos que está aqui, da Força Nacional, atua em conjunto com outras agências de segurança pública e órgãos onde trabalhamos, na ação de recuperação de corpos e na assistência a famílias naquela localidade.”

Em Moçambique, a missão das tropas e bombeiros brasileiros é bem-vinda para apoiar a muitos que ainda precisam, como defendeu a diretora-geral do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades, Ingc, Augusta Maíta, ao receber o grupo.

“Nós precisamos continuar a alcançar parte da nossa população, que continua em locais onde não é possível aceder por via terrestre por via marítima.”

O país mais afetado pela emergência confirmou 598 mortos, um aumento que acontece à medida que se vai tendo acesso a áreas que estavam isoladas pelas águas. Essa operação de socorro ainda deve durar algum tempo, segundo o embaixador do Brasil em Moçambique, Carlos Alfonso Puente.

“Neste momento em que eles chegam, é o momento em que algumas das primeiras ajudas já partiram. E há muito o que fazer ainda.”

Foi por esse apelo nacional e internacional que os militares e bombeiros brasileiros chegaram em Moçambique para comandar a operação na região de Búzi, perto da cidade da Beira. A ameaça e os estragos das águas levaram a concentrar especial atenção às operações de salvamento das vítimas nessa vila.

Os militares brasileiros descrevem como foi chegar a esse lugar desconhecido após o desastre.

O major Wagner da Silva conta que “assim que desembarcamos aqui no país pudemos ter uma noção melhor do que realmente estava acontecendo. Aliada à falta de estrutura e saneamento e isso acaba dificultando as ações de socorro e agravando a situação das vítimas”.

Para o sargento Santana não foi difícil tirar a conclusão ao comparar o alcance das águas das inundações.

“Aqui, nós temos uma extensão de aproximadamente uma extensão de 500 quilômetros de áreas atingidas. Fomos visitar uma cidade em área que fica a mais de 500 quilômetros daqui e a gente pode observar que há ainda muitas pessoas que precisam ser assistidas.”

Para o subtenente Gilmar Viana, o esforço é pouco para beneficiar as comunidades afetadas.

“A gente vê uma cidade praticamente devastada devido ao ciclone que por aqui passou, mas dentro das possibilidades, como seres humanos, nós sentimos as emoções, mas com certeza tudo faremos para que o pouco que possamos fazer tenha de surtir efeito na vida da população”.

Operação
O sargento Michel Santana disse que o tempo vai passar e registrar mais uma experiência de auxílio.

“Nós tivemos Brumadinho em 2019 e, combinando com a operação internacional em Moçambique, tudo isso nos proporciona um aproximar, um planejamento e a execução, isso tem uma grande diferença porque nos permite adaptar mais rapidamente ao local do evento, à situação e à necessidade.”

Continuar a vistoriar a lama. É assim que serão os próximos dias após a destruição causada pelo ciclone Idai. Enquanto estes militares e bombeiros buscam salvar vidas, observam similaridades e alimentam o compromisso: começar a trabalhar, sem ter horário para acabar, atuando com a comunidade humanitária internacional.

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