Primeiro-Ministro: “A escola, em si, não transmite o vírus”

Abertura das atividades letivas de 2020/2021, no exterior da Escola Básica Dr. Costa Matos, Vila Nova de Gaia, 14 de setembro de 2020. JOSÉ COELHO/LUSA

Da Redação
Com Lusa

Nesta segunda-feira, o primeiro-ministro agradeceu a professores e funcionários o esforço na preparação do novo ano letivo, sob circunstâncias especiais devido à pandemia de covid-19, e afirmou que “a escola, em si, não transmite o vírus a ninguém”.

António Costa discursava após visita uma à Escola Secundária de Benavente, Santarém, na qual esteve acompanhado pelo ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, para assinalar o primeiro dia da semana de recomeço das aulas em todo o país.

“A precaução é fundamental porque nenhum de nós pode relaxar. O vírus está mesmo entre nós e é cada um de nós que transmite o vírus uns aos outros. A escola, em si, não transmite o vírus a ninguém. Precaução significa usar a máscara, na escola sempre, desinfetar e lavar as mãos, o maior número de vezes possível, manter o distanciamento físico, cumprir regras dos circuitos definidos…”, aconselhou.

 O chefe do Governo prometeu que ainda esta semana vai ser anunciada a contratação de mais assistentes operacionais para as escolas, sem especificar um número concreto, e elogiou a “organização especial, criando como que caixas estanques entre cada turma, cada sala só para uma turma, cada carteira só para um aluno”.

“Só a precaução pode diminuir a ansiedade. A direção da escola e os professores, assistentes e técnicos podem fazer o melhor trabalho possível, mas, se cada aluno ou família não fizerem o melhor possível, não funciona”, vincou.

Para Costa, “é tão necessária precaução dentro da escola como fora da escola”.

“Não vale de nada não haver contacto físico dentro da escola se, depois, saindo da escola, toda a gente se for abraçar ou fazer festas para os jardins à volta”, exemplificou.

O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, declarou que “hoje é, necessariamente, o primeiro dia do resto das vidas das escolas”.

“Sabemos que este ano letivo é diferente, mas sabemos, acima de tudo, que toda a gente entende a importância (do ensino presencial) para a nossa literacia comunitária, das crianças e dos jovens, mas também para a nossa saúde mental e física”, disse.

Sem pânico

A Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) considerou que o regresso dos alunos às escolas “é fundamental para a saúde mental de crianças e jovens”, apelando aos encarregados de educação para que atuem “sem alarmismo ou pânico”.

“Temos consciência de que não há ausência de risco. As condições são as possíveis e é possível garantir a segurança dos nossos filhos (…) O regresso às escolas é fundamental para a saúde mental dos nossos filhos. Ainda que ciclicamente se tenha de fechar uma turma ou outra, temos de evitar o fecho total de uma escola ou o fecho das escolas do país. Isso é muito mais dramático do que o que neste momento nos vai preocupando”, disse o presidente do conselho executivo da Confap, Jorge Ascenção.

O dirigente, que falava aos falava aos jornalistas em Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto, numa conjunta com a Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos de Escolas Públicas (ANDAEP) e a Federação Nacional da Educação (FNE), apelou aos pais para se informem e informem os seus filhos, mostrando confiança nas regras e normas criadas nas escolas, mas sublinhando que fora delas “não é possível relaxar totalmente”.

“Temos de informar os nossos filhos. É preciso que percebam que, além dos comportamentos nas escolas – utilização da máscara e higienização – ao saírem da escola não podem relaxar totalmente. É preciso manter a máscara sobretudo em transportes, manter o distanciamento e, ao chegar a casa, infelizmente, muitos de nós não vão poder abraçar o filho e dar-lhe o beijo que tanto gostariam de dar”, disse.

Ascenção insistiu no apelo aos cuidados e mostrou convicção de que “com alguma esperança e confiança” será possível frequentar a escola “de forma diferente mas mais ou menos tranquila”, considerando este regresso “essencial para a saúde de todos, mas sobretudo das crianças e jovens”.

“Temos de continuar a ter cuidados. Estamos no fim do verão e os casos já estão a aumentar. Não é a escola que constitui o perigo. São os comportamentos e atitudes que temos que podem causar o descalabro (…) Provavelmente vamos ter de viver com isto durante muito tempo. Ouvia hoje nas notícias que o Organização Mundial da Saúde vai reunir com 50 países e já fala numa estratégia a cinco anos. Temos de perceber e saber viver com a situação”, referiu.

Quanto à mensagem a passar às crianças, o líder da Confap aconselhou os pais a “adequarem o discurso à idade do filho”, explicando-lhes o que é o novo coronavírus “sem malabarismos e com transparência”.

“Eles percebem. Uma criança de 4/5 anos percebe. Também espero que possam brincar nas escolas. Estamos preocupados com o distanciamento, mas pelo que vamos sabendo junto de especialistas, a transmissibilidade entre crianças é praticamente inexistente. Tudo isto exige que tenhamos mais cuidado quando chegamos a casa. Temos de aumentar os cuidados para que possam ter uma vida o mais normal possível”, frisou.

Questionado sobre os procedimentos a ter quando for detectado um surto numa escola, Jorge Ascenção recomendou aos pais que aguardem orientações, garantindo que a Confap “fará tudo para dar informações”, mas mostrando “confiança” nas autoridades escolares e de saúde.

“A escola é que vai informar, o pai não vai ter conhecimento disso às escondidas. Isso é feito de forma transparente. Os pais terão de cumprir as orientações do delegado de saúde.

Cumprir as regras sem entrar em pânico, nem alarmar. Sabemos que vão existir casos. Numa situação de crise, o pânico só piora”, disse.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 924 mil mortos no mundo desde dezembro do ano passado, incluindo 1.867 em Portugal.

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