Após doação, museu no Rio expõe a reconstituição da face de d.Pedro I em 3D

Mundo Lusíada

O museu localizado na Praça Marechal Âncora, no Rio de Janeiro, disponibilizou ao público a peça de reconstituição do rosto de d.Pedro I – impressa em 3D e finalizada manualmente. A peça foi doada ao museu e está exposta ao lado de quadros que retratam o imperador em diferentes momentos de sua vida e da história do país.

O Museu Histórico Nacional (MHN), que integra a rede Ibram/MinC no Rio de Janeiro (RJ), exibiu “Imperador 3D: a reconstituição da face de d.Pedro I” mostrando como foi feita a reconstituição da face do imperador (1798-1834), tal qual se encontrava nos últimos anos de vida.

No primeiro dia da mostra, o museu reuniu no seu auditório, no centro do Rio, o hagiólogo José Luís Lira, coordenador do projeto; Maurício Ferreira Jr., historiador e diretor do Museu Imperial (RJ); e Paulo Knauss, diretor do MHN.

A data de 5 de setembro como a inauguração foi escolhida por ter sido o dia em que o futuro imperador do Brasil saiu de São Paulo, onde se encontrava, de volta ao Rio de Janeiro onde, em 7 de setembro de 1822, proclamaria a Independência do Brasil de Portugal.

Após a apresentação do processo de reconstituição, o público pode conhecer a obra na exposição de longa duração “A construção da Nação (1822-1889)”, na sala onde se encontra a mesa da Constituinte de 1824, a primeira do Brasil – outorgada por d. Pedro I.

A peça pode ser visitada nos horários de funcionamento do MHN.

Na semana passada, em que o Museu Nacional no Rio foi devastado por um grande incêndio, o Museu Histórico divulgou um comunicado lamentando o ocorrido. “O Museu Histórico Nacional vem à público esclarecer que o incêndio de grandes proporções que neste momento acontece no Rio de Janeiro (RJ) atinge o Museu Nacional e não o Museu Histórico Nacional. Estamos profundamente perplexos com o acontecido em uma instituição que, em 2018, celebra 200 anos de criação, e lamentamos a perda de um acervo inestimável para a ciência e cultura brasileiras”.

A reconstituição

Cicero Moraes, 3D designer que coordenou o projeto de impressão do busto, conta que a maior dificuldade foi a reconstrução do crânio, baseada em uma foto com duas tomadas. “Felizmente já havíamos estudado essa técnica em outras oportunidades, o que a viabilizou”, conta.

A imagem citada por Cícero Moraes foi tirada pelo fotógrafo Maurício de Paiva durante a exumação de D. Pedro I, realizada por uma equipe da Universidade de São Paulo – USP em 2012.

No início deste ano, o hagiólogo José Luís Lira, escritor e professor do Curso de Direito da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), no Ceará, deu início a um projeto de reconstrução facial forense independente e adquiriu os direitos da imagem, que serviu de base para o trabalho executado por Cícero Moraes.

“Na foto, temos o crânio do imperador espelhado em uma superfície: isso nos permitiu triangular o espaço de modo tridimensional e reconstruir as áreas importantes para a reconstrução facial”, explica o designer que já realizou 60 projetos do gênero.

Enquanto o trabalho de digitalização era efetuado, a foto do crânio foi enviada para Marcos Paulo Salles Machado, perito do Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro. Sem saber de quem se tratava, aferiu que o crânio pertencia a um homem adulto de ancestralidade europeia.

“Com o crânio digitalizado”, contínua Cícero Moraes, “distribuímos os marcadores de espessura de tecido mole ao longo do crânio. A massa digital a ser esculpida, de modo a dar forma à face, teve como referência medidas de indivíduos de igual ancestralidade de d. Pedro I”.

Apresentada ao público em abril, com grande repercussão na imprensa, a equipe do projeto contatou o Museu Histórico Nacional para a doação do busto impresso.

Após a impressão 3D do busto, a artista plástica Mari Bueno realizou a pigmentação da peça, bem como a modelagem da indumentária, foram as etapas finais.

Paulo Knauss, diretor do MHN, explica que d. Pedro foi representado de formas distintas em todas as fases da vida, “tanto pela idade quanto pela posição social – príncipe, imperador, duque e rei”.

A reconstituição facial atual, segundo ele, apresenta uma possibilidade de leitura do rosto de d. Pedro quando ele já estava no fim da vida e vivia em Portugal como d.Pedro IV. “D. Pedro I é um personagem das artes – pintura, escultura, gravura – e mesmo do cinema e da TV. E agora também é alvo da pesquisa científica, a partir da aproximação facial forense”, conclui.

Serviço
Museu Histórico Nacional – Praça Marechal Âncora S/N – Rio de Janeiro
Terça a Sexta-feira das 10h às 17h30
Sábados, Domingos e Feriados das 13h às 17h
Informações: (21) 3299-0324 (Recepção)

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